UFPantanal, Dona Aurélia Gomes Novais e Dr.
Alan Pithan
Na
terceira semana de campanha pela criação da UFPantanal, a aceitação vem
surpreendendo o Grupo Pró-Criação. Dona Aurélia Gomes Novais, festeira de Nossa
Senhora de Caacupê, se eterniza: quem dará continuidade às festividades de mais
de quatro décadas? Primeiro presidente do Sindicato dos Médicos de MS, Doutor
Alan Pithan deixa lições e saudades.
UFPantanal: antes
sonho, hoje necessidade
Além do manifesto
de lançamento da campanha pela criação da Universidade Federal do Pantanal,
entregue ao Presidente Lula em sua mais recente estada em Corumbá, o Grupo
Pró-Criação da UFPantanal, nesta terceira semana, disponibilizou pequena
quantidade de adesivos, cartazes e ‘praguinhas’ para massificar a mobilização.
A aceitação pelos mais diferentes segmentos sociais de Corumbá, Ladário e
fronteira boliviana surpreendeu os integrantes da coordenação da campanha.
Entre os fatores
para a receptividade, sem dúvida, estão a letargia do desenvolvimento local e as
mudanças climáticas, refletidas em tragédias como os incêndios que devastam as
várias formas de vida no Pantanal, as ameaças que representam para o
desenvolvimento regional e, sobretudo, o estímulo a novas estratégias de
progresso com base na ciência, tecnologia e inovação de modo interdisciplinar e
inclusivo, também do ponto de vista da integração com a população boliviana e
paraguaia no contexto do Bioma Pantanal.
Por outro lado, o
agendamento de reuniões presenciais e online visa preparar um longo e
efetivo processo de participação de pesquisadores e docentes universitários,
bem como de professores secundários e do ensino fundamental, profissionais
universitários, líderes comunitários dos mais diferentes setores da população
do Pantanal e de representantes empresariais, dirigentes sindicais de
trabalhadores, populações tradicionais e originárias e autoridades e
parlamentares de todas as esferas administrativas.
Como salienta o
documento entregue ao chefe do Executivo federal, se antes a criação da
Universidade Federal do Pantanal era um sonho, hoje se trata de uma necessidade
para o desenvolvimento regional do coração do Pantanal, no contexto das
mudanças climáticas e da transição energética. Portanto, a mobilização da população
é fundamental para que a UFPantanal se concretize e alavanque nova realidade
local, regional e subcontinental num momento crítico da história da humanidade.
Dona Aurélia, na memória e no coração
A partir deste 8
de dezembro não haverá a benfazeja atuação, com generosidade e muito
entusiasmo, de Dona Aurélia Gomes Novais, eternizada no último domingo, dia dos
pais. Durante mais de quatro décadas, com afinco e devoção, foi a festeira que
consolidou em Campo Grande a celebração ao dia da Padroeira do Paraguai, Nossa
Senhora de Caacupê, ou Virgen de Caacupé. No Parque dos Ipês, onde ela
morou desde sua chegada à Cidade Morena, ela não só construiu uma réplica da
gruta, como depois, com o envolvimento dos diferentes sacerdotes que se
sucederam, transformou a modesta devoção em emblemática manifestação popular de
fé e acalanto religioso.
Aos 84 anos, Dona
Aurélia, nascida em Concepción, Paraguai, se tornou saudade, imensa saudade.
Foi acompanhar o Filho que, num acidente de trânsito, ainda jovem Pai, deixou o
convívio da Família, bastante unida e sob seu bastão de matriarca atenta e
generosa. Um pouco mais velha que Dona Carmen Gomes Galeano, a querida Avó de
meus Filhos, igualmente generosa e entusiasta, a incansável festeira de Caacupê
era uma Irmã presente e afirmativa. Em 2005, quando tive a honra de conhecê-la
(portanto, quase há 20 anos), foi
protagonista de um documentário da TV UCDB sobre a fé e religiosidade popular,
por conta de uma pesquisa das Professoras Maria Augusta de Castilho e Cleonice
Alexandre Le Bourlegat, do Mestrado em Desenvolvimento Local.
Que a alegria e
generosidade de Dona Aurélia se multiplique entre os seus descendentes e seu
legado de caridade e devoção irradie muita luz sobre as novas gerações,
privadas da grandeza de alma dos que se proclamam arautos de uma fé bizarra e mesquinha,
distantes do milenar ensinamento do Cristo humilde e libertador que tão
necessário se faz nestes tempos insólitos e adversos. Obrigado, Dona Aurélia,
por ter existido, sempre na memória!
Doutor Alan Pithan,
Presente!
Primeiro
presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, na primeira metade
da década de 1980, Alan da Rosa Pithan honrou o juramento de
Hipócrates e fez de seu ofício de médico, à luz dos valores humanistas com que
se formou, um exemplar proceder para levar bem-estar e cidadania aos usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS), de cuja implantação é dos protagonistas ao longo
da incessante luta, por décadas, do Movimento da Reforma Sanitária.
Desde jovem Alan Pithan foi incansável artífice da democratização da
medicina no País, como também ousou, com coragem incomum, participar do
enfrentamento ao regime de 1964, ao arbítrio e à falta de liberdades
democráticas. Sua sólida formação humanista o credenciou a uma trajetória
fecunda e inovadora não só como profissional da medicina, mas, sobretudo, como
cidadão gigante e honrado na construção de uma sociedade melhor. Tamanho o seu
engajamento em defesa do SUS, ele atuava com desenvoltura singular no Fórum dos
Usuários do SUS de Mato Grosso do Sul (FUSUS/MS), ao lado de sua colega Luísa
Amélia Corrêa da Costa, em meados da década de 1990 e a primeira década deste século.
Humilde, generoso e bastante espontâneo, o Doutor Alan Pithan abriu as
portas de sua casa para acolher defensores do SUS num tempo em que o
funcionamento do lócus, isto é, do conselho de saúde, tinha que ser monitorado
pelo Ministério Público, pois os gestores municipais não aceitavam o controle
social e viviam assediando os membros dos conselhos em todo o País. Tive a
honra de conviver bem de perto com ele e sua querida Companheira, Mabel,
durante o período em que o FUSUS/MS foi reestruturado com base na experiência
pioneira protagonizada pelo Fórum de Corumbá e Ladário (FORUMCORLAD) e, assim,
as eleições para a sua composição periódica abriram a participação a todos os
representantes de entidades de defesa de direitos de todo o estado, sobretudo
do interior. Até sempre, querido Amigo-Irmão-Companheiro-Camarada Alan!
Ahmad Schabib Hany
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