quarta-feira, 28 de agosto de 2024

PSICÓLOGOS HOMENAGEIAM TÂNIA NOZIERES DE SANT'ANNA E DOCENTES PIONEIROS

Psicólogos homenageiam Tânia Nozieres de Sant’Anna e docentes pioneiros

Psicólogos homenageiam Tânia de Sant’Anna e docentes pioneiros de Psicologia do CPAN, como os Professores Mathilde Mônaco e Wilson de Melo.

“Tânia, Presente!”

Após a fala embargada pela emoção do Psicólogo Aguinaldo Rodrigues, a Psicóloga Suzete dos Santos entoou como reverência à memória de sua Colega e Amiga, “Tânia, Presente!”, seguido dos aplausos de homenagem à Cidadã à frente de seu tempo que dedicou seus melhores dias à Saúde Pública e aos Direitos da Mulher, da Criança e do Adolescente. Uma brilhante ladarense que entra para a História da Cidadania, da Ciência e das conquistas sociais com a maior dignidade, como viveu intensamente sua existência de luz, humildade e humanidade.

Psicólogo aposentado e ex-secretário de Saúde e de Assistência Social de Ladário, Juvenal Ávila de Oliveira tomou a iniciativa de realizar confraternização com colegas de Ladário e Corumbá que desenvolvem atividades na Pérola do Pantanal para homenagear a querida e agora saudosa Psicóloga Tânia Nozieres de Sant’Anna. Ladarense, Tânia dedicou sua Vida a Ladário, mas desenvolveu suas atividades em Corumbá, como funcionária concursada da Secretaria Municipal de Saúde. Ela foi além em sua preocupação com a saúde: foi pioneira, também, na efetivação das políticas de proteção integral da população infanto-juvenil, tanto que foi a primeira psicóloga a desenvolver uma ação integrada entre o Ministério Público e os novos órgãos criados para dar proteção jurídico-social às crianças e jovens, sobretudo em Ladário.

Em mais de 35 anos de vigência do Título da Ordem Social da Constituição Federal de 1988 (em que, artigo por artigo, foi paulatinamente pondo em efetivação, sempre com a voz meiga, doce e ponderada, mas firme), Tânia de Sant’Anna fez de seu ofício sagrado da Psicologia um instrumento de empoderamento e protagonismo cidadão da população como um todo, sempre invisibilizada, sem voz e sem vez. Emprestou generosa e anonimamente sua inteligência, sua voz e sua capacidade de persuasão para que, fosse corumbaense ou ladarense, paraguaio ou boliviano, criança ou idoso, mulher ou homem, homossexual ou bissexual, tivesse seu direito assegurado, tal como determina a Constituição Federal, de cuja íntegra se tornou porta-voz e operadora de direitos.

O evento, realizado neste sábado chuvoso, 24 de agosto, também homenageou docentes pioneiros do curso de Psicologia oferecido pelo CPAN-UFMS, como a Professora Mathilde Mônaco Ferra e o Professor Wilson Ferreira de Melo, que dedicaram sua Vida à docência e à pesquisa desde a década de 1970. Ambos aposentados, são referência viva na formação de profissionais que atuam no atendimento terapêutico nestes tempos de pandemia na saúde mental de pessoas das mais diferentes condições sociais, escolaridade, gênero, atividade profissional e idade. Muitos profissionais têm se dedicado a efetivar as políticas sociais, como Saúde, Assistência Social, Educação, Cultura, Desportos, Proteção jurídico-social da população infanto-juvenil, Direitos Humanos, Direitos do Idoso, Direitos das Pessoas com Deficiência, enfrentamento à exclusão social e assistência à população em situação de vulnerabilidade social, entre outras.

Mais que uma confraternização pelos 62 anos da profissão de psicólogo por lei federal no Brasil e de 57 anos do curso de Psicologia oferecido pelo CPAN-UFMS, a iniciativa pretende dar início a um processo de atualização profissional, em que as intervenções sociais não percam o foco do exercício profissional. Para se ter uma ideia, todas as políticas públicas assim caracterizadas pela Constituição Federal de 1988 -- seja na concepção do SUS pelo Movimento da Reforma Sanitária ou na adoção da doutrina da proteção integral pelo Movimento Criança Constituinte Prioridade Absoluta e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que revogou o Código de Menores e sua doutrina da situação irregular --, o Conselho Federal de Psicologia e todos os Conselhos Regionais tiveram protagonismo inegável que precisa ser resgatado pelas novas gerações de profissionais.

Primeiro de uma série

Apesar da chuvosa tarde de sábado, que atrasou em pouco mais de uma hora primeiro evento meticulosamente preparado pelo Psicólogo Juvenal Ávila de Oliveira, com o apoio incondicional de colegas de novas gerações, a iniciativa pretende consolidar a organização coletiva de uma das categorias mais atuantes na região de Corumbá e de Ladário. Além das homenagens à saudosa colega Tânia de Sant’Anna e aos docentes pioneiros Professora Mathilde Mônaco e Professor Wilson de Melo, o reconhecimento pelo exercício digno da profissão em suas diferentes especificidades foi contemplado a mais de duas dezenas de colegas de diferentes gerações.

Em tom cordial e bastante descontraído, Juvenal Ávila, como anfitrião e responsável pela iniciativa, de imediato apoiada pela totalidade dos colegas alvo do evento, conduziu as diferentes etapas do importante momento em que, entre a emoção de uma homenagem justa à colega eternizada e a outra colega que se encontra na fila do transplante fora de Ladário, e o entusiástico reencontro de colegas que não se viam desde antes da pandemia, momentos de convívio fecundo e trocas de experiências e ideias para novas iniciativas do gênero foram consignadas.

A categoria já tem uma agenda de atividades para o próximo ano, em que os psicólogos terão oportunidade de realizar atualização em diversas áreas por meio de seminários e ciclos de palestras com pesquisadores de referência nacional. Especialidades voltadas para a saúde mental e as demandas hodiernas, como o enfrentamento ao suicídio e o apoio psicológico na oncologia e na violência contra as mulheres e crianças e adolescentes, estão entre as prioritárias, mas o leque de atividades pretende focar também as questões de interesse laboral, que nos últimos anos ficaram defasados.

Uma categoria de vanguarda e sempre atuante, teve diante de si as lutas desde a implantação do primeiro curso no então estado de Mato Grosso com o saudoso médico e Professor Salomão Baruki, fundador do Instituto Superior de Pedagogia de Corumbá no ano do centenário da Retomada de Corumbá, 1967 (antes, portanto, da criação da Universidade Estadual de Mato Grosso, UEMT, à qual, como Centro Pedagógico de Corumbá, CPC, ficou vinculado até 1979, que com a federalização dessa universidade foi criada como fundação a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, da qual primeiro o Centro Universitário de Corumbá, CEUC, e depois CPAN, no início dos anos 2000, terminou designado).

Hoje o desafio para toda a cidadania corumbaense e ladarense se encontra na criação de uma universidade federal, autônoma, inovadora e inclusiva, com sede nesta fronteira histórica, como pretende ser a Universidade Federal do Pantanal. Nesse sentido, coube a nós inserirmos essa demanda justa e oportuna na agenda dos profissionais universitários de Corumbá e Ladário cuja formação decorre da iniciativa de cidadãos que, em 1967, ousaram pleitear e concretizar junto ao governador mato-grossense Pedro Pedrossian, cuja vitória na última eleição direta realizada no regime de 1964 foi assegurada pelo eleitorado de Corumbá e Ladário.

Ahmad Schabib Hany

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