Exemplos
e advertências
A América Latina vem dando
exemplos e advertências às elites políticas brasileiras: tanto a Bolívia como a
Argentina tem enfrentado sem medo os arroubos fascistas, com o povo nas ruas.
Em menos de trinta dias, La Paz, na Bolívia, e
Buenos Aires, na Argentina, têm dado, de modo eloquente, exemplos e
advertências para que os partidos de esquerda não se inibam e ponham nas ruas
as amplas camadas populares. O Brasil, que tem experiente estadista na
Presidência da República, não pode se apequenar diante das bravatas dos
fascistas, que se assanharam com a vitória de Pirro do desequilibrado e
incompetente que assaltou o futuro do povo argentino.
Diferente do que a imprensa corporativa brasileira
noticiou, a tentativa de golpe militar foi repelida pela população boliviana,
já cansada de golpistas que, por incompetência política e esgotamento do
projeto claudicante de matriz neoliberal (aliás, neocolonial), não mais conseguem eleger seus candidatos.
É o que aconteceu no dia 26 de junho em La Paz, tanto que os golpistas
brasileiros, ligados ao inominável, manifestaram sua simpatia e cínico apoio.
Já em Buenos Aires, no último sábado, dia 13 de julho, as organizações
populares que haviam programado o Festival Solidário na Praça de Maio, em
Buenos Aires, se depararam com diversas companhias de policiais fardados e à
paisana para impedir as atividades programadas em solidariedade aos três presos
políticos do regime em fase de implantação do delirante seguidor de Nero que
quer incendiar a Argentina.
Vitória de Pirro? Por quê? A história ensina, pois
o que aparenta ser vitória para obtusos direitistas logo será transformado em
derrota histórica, eis que o povo argentino, ousado e determinado, se
conflagrará e nenhum gendarme armado conseguirá dissuadir multidão enfurecida
alguma! Não esqueçamos que os argentinos depuseram sem qualquer piedade dois
presidentes sucessivos no começo deste milênio. Primeiro Fernando De la Rúa com
toda a sua trupe ministerial não resistiu à revolta. Em seguida, Eduardo
Duhalde, também acuado pela insatisfação popular, que pressionou o Congresso
Nacional e centenas, senão milhares de questões jogadas para baixo do tapete
foram trazidas à baila.
Nesse mesmo período, a Bolívia se fazia presente
com igual fulgor, tendo deposto dois marionetes de corte neoliberal: Gonzalo ‘Gony’
Sánchez de Lozada e o vice engomadinho com ares de intelectual, Carlos Diego
Mesa Gisbert, que, na verdade, sequer concluiu seu curso universitário --
cinéfilo e, graças ao grande jornalista argentino-boliviano Lorenzo Carri, de
acanhado comentarista de cinema o transformou em comentarista político na Rádio
Cristal, onde Carri era o diretor de Jornalismo, e lançou dois nomes para a
história do jornalismo da Bolívia, Mesa e Amalia ‘La Cholita’ Pando --, na
época sócio majoritário da prestigiada rede de televisão PAT (Periodistas Auntónomos
de Televisión) e ela sua principal
repórter e depois cronista política.
Não muito diferente do que aconteceu em 2018 no Brasil, vermos um
marionete tomado de vontades e trejeitos delirantes como é esse tresloucado
inominável argentino que mexe seu rabinho quando está com a familícia do
inominável, dizendo que no Brasil há presos políticos e que ele vai pedir seu
asilo político na Argentina. Ele, Milei, e um tal de Branko Marinkovic [Ou
seria Mariconvip? Estou em dúvida!], que se diz empresário mas não passa de um reles
parasita do ‘mercado’ Los Pozos de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. O
dinheiro do qual é gestor foi obtido pelo irmão dele, médico formado na
Universidad Mayor de San Simón, em Cochabamba, onde fez carreira política na
esquerda, não por acaso foi ministro de Saúde de Jaime Paz Zamora, no único
mandato que o MIR (Movimiento de la Izquierda Revolucionaria) obteve na
história, em conchavo com o ditador sanguinário Hugo Banzer Suárez.
Milei sequer tem postura
de dignitário, como a liturgia do cargo exige. Sua chanceler precisa o tempo todo
entrar em cena para apagar incêndios diplomáticos que costuma causar todo santo
dia. Mas não perde por esperar: tentou amedrontar as organizações populares
argentinas que fizeram contra a sua vontade o Festival Solidário para mobilizar
o país contra prisões políticas, isso sim: aqui, no comício da familícia em
Crisciúma, diz ser contra, mas lá ele e seu ministério farsista -- de farsantes
e fascistas pró-sionistas -- prenderam inúmeros dirigentes sindicais e
ativistas LGBTQIA+, no afã de intimidar as mobilizações contra o arrocho
salarial que impôs assim que assumiu, para agradar seus amos e senhores do ‘mercado’
e sua ‘mão invisível’ que desde o tempo do famigerado Carlos Saúl Menem vêm
empobrecendo os trabalhadores argentinos.
Tentaram, mas não
conseguiram, porque ninguém pode com uma classe trabalhadora bem determinada a
defender seus direitos. A história do movimento operário argentino tem a
característica da combatividade ativa e altiva: não se intimida e enfrenta os
pretensos repressores, que são tão odientos quanto os fascistas que vivem a
declarar amores à sua ditadura de triste e vergonhosa existência entre os anos
1964 e 1985, cujos torturadores e informantes continuam impunes e, por tal
razão, assanham os seus órfãos e viúvos como o inominável e seus asseclas. É
importante prestar atenção à estratégia dos movimentos populares argentinos,
pois sua radicalidade não está focada nas paralisações, mas sim nas
mobilizações multitudinárias, resultantes de intensa atividade na base, não nas
redes sociais.
Ouso insistir: não pelas
redes sociais, mas no corpo a corpo. Não com essa tática de paralisações a
perder de vista. A paralisação que eles fazem é por um ou dois dias, mas com
grande impacto de rua -- diferente daqui, bem apoiados pela população, que
também sente o arrocho salarial causado pelas medidas neoliberais adotadas pelo
marionete do ‘mercado’, como nestes anos de obscurantismo fascista o inominável
fez com o povo brasileiro (e me desculpem certos setores do serviço público,
mas contra o inominável não houve as mobilizações do tempo de Dilma Rousseff e
agora, de novo, quando Lula tenta negociar pessoalmente). É o ‘fogo amigo’ de
setores que ainda não se aperceberam que com isso contribuem gentil e
generosamente para o fortalecimento da extrema direita.
Mais um importante
detalhe, tanto na Bolívia como na Argentina: esses ‘pastores’ de meia pataca
dessas redes ditas cristãs sionistas não exercem tamanha influência, como em
toda a América Central e muitos países sul-americanos, sobretudo o Brasil, em
que uns tais ‘bispos’ de passado nebuloso e fortunas de origem não revelada se
fazem de porta-vozes de Deus, quando sabemos todos que o Criador não precisa de
porta-vozes, ainda mais de passado nebuloso. Já passou da hora de tanta
condescendência com falastrões metidos a juízes, e cujo passado os condena. Até
um tempo atrás, repórteres investigativos tinham a altivez e o profissionalismo
de levantar questões instigantes, que hoje, seguidores de pautas ‘doisladistas’,
em nome de uma neutralidade que não costumam ter com Lula e os demais
dirigentes de esquerda deste país, preferem não se indispor com esses fidalgos.
O que mais espanta aos
que têm o senso crítico ainda vigoroso é a desenvoltura desses senhores, que
açambarcaram rios de dinheiro durante o desgoverno do inominável e uns deles
tiveram papel ativo durante a gestação do 8 de janeiro de 2023, a intimidar juízes e
delegados que investigam as inúmeras ilegalidades cometidas cinicamente por
todos eles em tempo tão curto. Por tudo isso, jamais voltarão aos cargos por
eles cobiçados, podem ter certeza. Ainda que tentem intimidar os pobres
desavisados e submissos aos seus mal intencionados propósitos.
O exemplo e a
advertência já foram dados eloquentemente pelas organizações populares em La
Paz e Buenos Aires, em fins de junho e meados de julho. Basta ter um mínimo de
sensatez e compromisso histórico para sair da zona de conforto e ir às ruas,
seja para ter o prazeroso papel histórico de fazer o corpo a corpo, bem como
mobilizar, organizar e conscientizar. Ou se esqueceram do mais elementar dos
papéis dos que pugnam por seus direitos? A história está rica de episódios
didáticos e elucidativos, basta ter humildade para aprender e vontade para pôr
em prática. Já passou da hora!
Ahmad
Schabib Hany
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