terça-feira, 7 de novembro de 2023

TERRA PROMETIDA, NÃO: SUBSOLO COBIÇADO

Terra prometida, não: subsolo cobiçado

Antes mesmo de os nazistas porem em prática o legado de Goebbels (homem da propaganda de Hitler), os sionistas já promoviam campanha publicitária com base em passagens do Pentateuco para sensibilizar religiosos de denominações monoteístas mais populosas, a Terra Prometida.

Leva-nos a uma tomada de posição o recente escândalo causado pela fala criminosa de uma ‘comentarista’ dona de um programa na Rádio Bandeirantes (que nas décadas de 1970, 1980 e 1990 foi vanguarda, ao lado da tevê do mesmo grupo, no Jornalismo e em muitos programas, sobretudo de música popular brasileira e do cinema-arte, mas agora se encontra em franca decadência). Não podemos deixar passar uma só declaração racista, sobretudo neste momento em que o povo palestino vem sendo alvo de campanhas criminosas comparáveis à propaganda nazista da primeira metade do século passado.

Indignante em sua fala é não demonstrar qualquer hesitação ao pregar o extermínio dos palestinos, dizendo que ‘não há inocentes em Gaza’ (sic). Assume-se sionista e recorre a citações do Pentateuco (Velho Testamento, na Bíblia) para dizer que ela luta, sim, por sua ‘terra ancestral e presente’. Primeiro, o Estado de Israel tem apenas 76 anos e foi fundado sobre o território milenar da Palestina. Em pleno século XX, é o único que não tem fronteiras definidas (e há quem diga que as duas listras azuis são explícita afirmação que seu território começa no rio Nilo (Egito) e termina no Eufrates (Iraque). Somente tem direito à cidadania, ou nacionalidade, ‘israelense’ quem professa a religião judaica, não quem nasce dentro de seu território, como nos demais países do Planeta.

Com base no Departamento de Estado dos Estados Unidos, agora surge uma campanha para ‘alertar’ sobre o aumento de casos de antissemitismo. Como assim? Os árabes somos semitas também, ou vão mudar as escrituras, ao sabor dos interesses da Casa Branca e do Knesset, parlamento do Estado sionista imposto aos palestinos sem os consultar? Essa é a tal ‘democracia’ ocidental? Não foi esse o legado dos atenienses nem dos renascentistas e iluministas, até porque eles eram assumidamente laicos: l-a-i-c-o-s, alguns declaravam solenemente serem ateus, ante a barbárie cometida em nome de Deus na Idade Média...

Ao contrário da atual propaganda nazissionista, os árabes ao longo da história protegeram os judeus das perseguições do ocidente, sobretudo nas Cruzadas e na Inquisição. Ou por quê havia milhares (senão milhões, não se sabe ao certo) em território ibérico quando os ‘mouros’ dominaram a península e legaram contribuições civilizatórias que fizeram os reinos católicos da Espanha e Portugal pioneiros na Europa que renascia depois da lúgubre e obscurantista Idade Média, de sortilégios e privilégios apenas para os ‘sangue azul’? Por quê, afinal, os Palestinos e demais árabes terem que pagar a conta do holocausto nazista, praticado por europeus e imposto aos judeus nas primeiras décadas do século XX, em território europeu?

Qual direito divino (sic) detém o ocidente e, por tabela, os judeus para invadir, expulsar, saquear, difamar, humilhar, aprisionar, infelicitar quatro ou mais gerações de palestinos em seu próprio território? Hoje está provado que os sionistas, com sua obsessão e ação de extermínio acintoso dos palestinos, pretende não só se apossar do território milenar que cultivaram, habitaram, desenvolveram, viveram e conviveram por milênios: os sionistas querem usurpar sua história, suas culturas, seu protagonismo na vanguarda da humanidade e, sobretudo, sua existência enquanto povo milenar. Aliás, o fato de ser judeu nascido e criado na Europa ou em outro continente não significa que tenha a mesma cultura dos originários palestinos, pois judeus europeus são e serão sempre europeus.

Contra fatos não há argumentos, e muito menos narrativas falaciosas. Antissemitismo é o que vem sendo cometido no genocídio de Gaza, nos massacres da Cisjordânia e da velha e milenar Jerusalém, berço das três religiões monoteístas mais populosas do Planeta.

A história tem mostrado que muitas falácias a que recorreram os poderosos em diferentes tempos têm sido o uso da religião para dominar e subjugar grandes contingentes humanos. No final do século XIX, o movimento sionista fundado por Theodor Herzl, um judeu europeu interessado na criação de um ‘lar nacional para os judeus’ quando a Grã-Bretanha era a poderosa potência colonial, detentora do império britânico, ‘aquele em cujo território o sol não se punha’.

Os sionistas, depois de sondar ricas terras da Patagônia (não muito distante das cobiçadas Ilhas Malvinas, pertencentes à Argentina, e não Inglaterra), estiveram de olho no território de Uganda (África, continente rico em diamantes, ouro e petróleo), e até na Amazônia, na América do Sul, onde as lendas europeias do mitológico El Dorado (ou, em português, Eldorado) despertavam a cobiça pelo ouro e outros minérios. Meu Avô materno Yussef Al-Hany, um dentista libanês druso (em árabe ‘derzi’, uma denominação religiosa oriental espiritualista) que passara pela Europa até chegar à Amazônia, mais de um século atrás (tempo da Madeira-Mamoré), contava epopeias de ousadas expedições cujos integrantes sumiram na profundeza da selva tropical, à época temida pelas lendas, feras e, sobretudo, pela malária endêmica.

Nessa época o império turco-otomano -- que no século XV conquistara o coração do império romano do oriente (império bizantino), com a queda de Constantinopla, e que levara às grandes navegações por conta da procura de rotas alternativas para compra de especiarias e tecidos das Índias e outros fornecedores do oriente, empreendimento liderado pelos reinos católicos da Espanha e de Portugal graças ao legado árabe na Península Ibérica -- se encontrava em franca decadência e nos estertores da morte. Grã-Bretanha e França, de olho no espólio turco, já se articulavam para lotear o território árabe, a despeito das promessas feitas, por meio de T. E. Lawrence (o famigerado Lawrence da Arábia), de que, em troca da ajuda dos líderes árabes no enfrentamento dos tirânicos feitores turco-otomanos, obteriam sua libertação -- ledo engano: ingleses e franceses já haviam se entendido, por meio do Acordo de Sykes-Picot, na partilha do imenso mundo árabe, desde parte da Ásia e a região magrebina da África.

Pouco tempo depois, em plena Primeira Guerra Mundial, o chanceler britânico Arthur Balfour envia a um dos máximos líderes sionistas de Londres, o Lorde Rotschild, carta que entra para a história como Declaração Balfour, em que o representante do Reino Unido (antes de derrotar o império otomano) se compromete a concretizar o propósito sionista do ‘lar nacional judeu’ na Palestina, que ainda estava sob o domínio da Turquia. Enquanto os colonizadores britânicos proibiam os árabes de qualquer arma, sobretudo com munição, os sionistas europeus, recém-chegados, usando sempre a falaciosa metáfora de ‘forças de defesa’, promoveram, sim, atentados, como o do Hotel David, em Jerusalém, onde as autoridades coloniais britânicas se hospedavam enquanto serviam ao império britânico.

Outro atentado terrorista cometido por grupos como o Irgun e o Haganá (eram mais de seis organizações de milicianos europeus ligados ao sionismo) foi o famigerado Massacre de Deir Yassin, de 1947, quando famílias inteiras de palestinos, em pânico, abandonaram suas aldeias, suas plantações seculares de oliveiras e suas atividades milenares de vida no campo. Eles, por serem judeus, podiam recorrer ao terrorismo, como o Estado de Israel, desde que existiu por decisão de governos de países-membro da ONU, em 1947, SEM CONSULTAR O POVO PALESTINO, sobre um território único que eles partilharam de propósito sem continuidade, para impedir que remanescesse o Estado da Palestina, como não existe até hoje. E a imprensa ocidental vem cinicamente chamar de ‘ministério de saúde (minúsculas, pois é falácia, não existe governo constituído) do Hamas’, ‘exército do Hamas’, ‘guerra contra o Hamas’, se sequer há um Estado constituído, um governo criado.

Se no tempo dos faraós, milênios atrás, os sacerdotes já se valiam da fé, esse recurso foi usado também pelo império romano depois do século IV depois de Cristo, quando césar, o imperador romano, se ‘converteu’ ao cristianismo. Depois de séculos de perseguição aos cristãos, o mesmo império que perseguiu e até fez o julgamento de Jesus Cristo (com o conluio dos sumos rabinos Anás e Caifás, que O denunciaram como ‘falso Messias’, não esqueçamos).

Valendo-se, dessa forma, das escrituras religiosas, os sionistas, antes mesmo de Joseph Goebbels ter-se tornado célebre homem da propaganda de Adolf Hitler na Alemanha, já usavam a repetição da narrativa destituída de qualquer base histórica. Valiam-se da ‘tradição’ religiosa para tentar legitimar sua campanha, explicitamente propagandística. Benjamin Netanyahu e aquela ‘comentarista’ sionista são a prova eloquente de que eles se consideram acima do bem e do mal. Essa balela de terra prometida (sem maiúsculas, pois não passa de propaganda sionista), assim como a vergonhosa consigna de ‘uma terra sem povo (sic) para um povo sem terra’ tem que ser desmascarada. Como Joe Biden disse em 1986, ‘se não existisse Israel, teríamos que criar um’, os Estados Unidos e a União Europeia precisam, sim, de um enclave ocidental na Arábia milenar, sobretudo por causa do SUBSOLO COBIÇADO.

A verdadeira razão por que a OTAN e todas as potências econômicas e militares ocidentais se mobilizam não é a ‘terra prometida’, mas o subsolo cobiçado. A história demonstra sem qualquer artifício, de modo explícito e transparente. Foi só eclodir o conflito na Palestina para a OTAN se ‘esquecer’ da Ucrânia, governada desde 2014 por um sionista, Volodimir Zelensky. Coincidência? Não, é que eles são os ‘eleitos de deus’ (sem maiúscula, pois não se trata do Criador, mas o da propaganda sionista). Daqui a pouco, vão querer, por causa do lítio e da água, nos tirar da América do Sul. Só que não: vivemos ‘os últimos dias de Pompeia’, fim do nefasto império do ocidente. Talvez nossa geração não veja, mas nossos Filhos e Netos viverão tempos alvissareiros, livres da tirania sionista, cuja mais eloquente manifestação de opressão e barbárie acontece neste momento na Palestina, milenar, que encontrará paz quando as atuais potências ocidentais se recolherem à sua insignificância histórica, como povos de índole predadora e seu comportamento, igual ao de Átila, o uno, com rastro de terra arrasada.

Ahmad Schabib Hany

Nenhum comentário: