Terra
prometida, não: subsolo cobiçado
Antes mesmo de os nazistas porem
em prática o legado de Goebbels (homem da propaganda de Hitler), os sionistas já promoviam
campanha publicitária com base em passagens do Pentateuco para sensibilizar
religiosos de denominações monoteístas mais populosas, a Terra Prometida.
Leva-nos a uma tomada de posição o recente
escândalo causado pela fala criminosa de uma ‘comentarista’ dona de um programa
na Rádio Bandeirantes (que nas décadas de 1970, 1980 e 1990 foi vanguarda, ao
lado da tevê do mesmo grupo, no Jornalismo e em muitos programas, sobretudo de
música popular brasileira e do cinema-arte, mas agora se encontra em franca
decadência). Não podemos deixar passar uma só declaração racista, sobretudo
neste momento em que o povo palestino vem sendo alvo de campanhas criminosas
comparáveis à propaganda nazista da primeira metade do século passado.
Indignante em sua fala é não demonstrar qualquer
hesitação ao pregar o extermínio dos palestinos, dizendo que ‘não há inocentes
em Gaza’ (sic). Assume-se sionista e
recorre a citações do Pentateuco (Velho Testamento, na Bíblia) para dizer que
ela luta, sim, por sua ‘terra ancestral e presente’. Primeiro, o Estado de
Israel tem apenas 76 anos e foi fundado sobre o território milenar da
Palestina. Em pleno século XX, é o único que não tem fronteiras definidas (e há
quem diga que as duas listras azuis são explícita afirmação que seu território
começa no rio Nilo (Egito) e termina no Eufrates (Iraque). Somente tem direito
à cidadania, ou nacionalidade, ‘israelense’ quem professa a religião judaica,
não quem nasce dentro de seu território, como nos demais países do Planeta.
Com base no Departamento de Estado dos Estados
Unidos, agora surge uma campanha para ‘alertar’ sobre o aumento de casos de
antissemitismo. Como assim? Os árabes somos semitas também, ou vão mudar as
escrituras, ao sabor dos interesses da Casa Branca e do Knesset, parlamento do
Estado sionista imposto aos palestinos sem os consultar? Essa é a tal ‘democracia’
ocidental? Não foi esse o legado dos atenienses nem dos renascentistas e
iluministas, até porque eles eram assumidamente laicos: l-a-i-c-o-s, alguns
declaravam solenemente serem ateus, ante a barbárie cometida em nome de Deus na
Idade Média...
Ao contrário da atual propaganda nazissionista, os
árabes ao longo da história protegeram os judeus das perseguições do ocidente,
sobretudo nas Cruzadas e na Inquisição. Ou por quê havia milhares (senão
milhões, não se sabe ao certo) em território ibérico quando os ‘mouros’
dominaram a península e legaram contribuições civilizatórias que fizeram os
reinos católicos da Espanha e Portugal pioneiros na Europa que renascia depois
da lúgubre e obscurantista Idade Média, de sortilégios e privilégios apenas
para os ‘sangue azul’? Por quê, afinal, os Palestinos e demais árabes terem que
pagar a conta do holocausto nazista, praticado por europeus e imposto aos
judeus nas primeiras décadas do século XX, em território europeu?
Qual direito divino (sic) detém o ocidente e, por tabela, os judeus para invadir,
expulsar, saquear, difamar, humilhar, aprisionar, infelicitar quatro ou mais
gerações de palestinos em seu próprio território? Hoje está provado que os
sionistas, com sua obsessão e ação de extermínio acintoso dos palestinos,
pretende não só se apossar do território milenar que cultivaram, habitaram,
desenvolveram, viveram e conviveram por milênios: os sionistas querem usurpar
sua história, suas culturas, seu protagonismo na vanguarda da humanidade e,
sobretudo, sua existência enquanto povo milenar. Aliás, o fato de ser judeu
nascido e criado na Europa ou em outro continente não significa que tenha a
mesma cultura dos originários palestinos, pois judeus europeus são e serão
sempre europeus.
Contra fatos não há argumentos, e muito menos
narrativas falaciosas. Antissemitismo é o que vem sendo cometido no genocídio
de Gaza, nos massacres da Cisjordânia e da velha e milenar Jerusalém, berço das
três religiões monoteístas mais populosas do Planeta.
A história tem mostrado que muitas falácias a que
recorreram os poderosos em diferentes tempos têm sido o uso da religião para
dominar e subjugar grandes contingentes humanos. No final do século XIX, o
movimento sionista fundado por Theodor Herzl, um judeu europeu interessado na
criação de um ‘lar nacional para os judeus’ quando a Grã-Bretanha era a poderosa
potência colonial, detentora do império britânico, ‘aquele em cujo território o
sol não se punha’.
Os sionistas, depois de sondar ricas terras da
Patagônia (não muito distante das cobiçadas Ilhas Malvinas, pertencentes à
Argentina, e não Inglaterra), estiveram de olho no território de Uganda
(África, continente rico em diamantes, ouro e petróleo), e até na Amazônia, na
América do Sul, onde as lendas europeias do mitológico El Dorado (ou, em
português, Eldorado) despertavam a cobiça pelo ouro e outros minérios. Meu Avô
materno Yussef Al-Hany, um dentista libanês druso (em árabe ‘derzi’, uma
denominação religiosa oriental espiritualista) que passara pela Europa até
chegar à Amazônia, mais de um século atrás (tempo da Madeira-Mamoré), contava
epopeias de ousadas expedições cujos integrantes sumiram na profundeza da selva
tropical, à época temida pelas lendas, feras e, sobretudo, pela malária
endêmica.
Nessa época o império turco-otomano -- que no
século XV conquistara o coração do império romano do oriente (império bizantino),
com a queda de Constantinopla, e que levara às grandes navegações por conta da
procura de rotas alternativas para compra de especiarias e tecidos das Índias e
outros fornecedores do oriente, empreendimento liderado pelos reinos católicos
da Espanha e de Portugal graças ao legado árabe na Península Ibérica -- se
encontrava em franca decadência e nos estertores da morte. Grã-Bretanha e
França, de olho no espólio turco, já se articulavam para lotear o território árabe,
a despeito das promessas feitas, por meio de T. E. Lawrence (o famigerado
Lawrence da Arábia), de que, em troca da ajuda dos líderes árabes no
enfrentamento dos tirânicos feitores turco-otomanos, obteriam sua libertação --
ledo engano: ingleses e franceses já haviam se entendido, por meio do Acordo de
Sykes-Picot, na partilha do imenso mundo árabe, desde parte da Ásia e a região
magrebina da África.
Pouco tempo depois, em plena Primeira Guerra
Mundial, o chanceler britânico Arthur Balfour envia a um dos máximos líderes
sionistas de Londres, o Lorde Rotschild, carta que entra para a história como
Declaração Balfour, em que o representante do Reino Unido (antes de derrotar o
império otomano) se compromete a concretizar o propósito sionista do ‘lar nacional
judeu’ na Palestina, que ainda estava sob o domínio da Turquia. Enquanto os
colonizadores britânicos proibiam os árabes de qualquer arma, sobretudo com
munição, os sionistas europeus, recém-chegados, usando sempre a falaciosa
metáfora de ‘forças de defesa’, promoveram, sim, atentados, como o do Hotel
David, em Jerusalém, onde as autoridades coloniais britânicas se hospedavam
enquanto serviam ao império britânico.
Outro atentado terrorista cometido por grupos como
o Irgun e o Haganá (eram mais de seis organizações de milicianos europeus
ligados ao sionismo) foi o famigerado Massacre de Deir Yassin, de 1947, quando
famílias inteiras de palestinos, em pânico, abandonaram suas aldeias, suas
plantações seculares de oliveiras e suas atividades milenares de vida no campo.
Eles, por serem judeus, podiam recorrer ao terrorismo, como o Estado de Israel,
desde que existiu por decisão de governos de países-membro da ONU, em 1947, SEM
CONSULTAR O POVO PALESTINO, sobre um território único que eles partilharam de
propósito sem continuidade, para impedir que remanescesse o Estado da
Palestina, como não existe até hoje. E a imprensa ocidental vem cinicamente
chamar de ‘ministério de saúde (minúsculas, pois é falácia, não existe governo
constituído) do Hamas’, ‘exército do Hamas’, ‘guerra contra o Hamas’, se sequer
há um Estado constituído, um governo criado.
Se no tempo dos faraós, milênios atrás, os
sacerdotes já se valiam da fé, esse recurso foi usado também pelo império
romano depois do século IV depois de Cristo, quando césar, o imperador romano,
se ‘converteu’ ao cristianismo. Depois de séculos de perseguição aos cristãos,
o mesmo império que perseguiu e até fez o julgamento de Jesus Cristo (com o
conluio dos sumos rabinos Anás e Caifás, que O denunciaram como ‘falso
Messias’, não esqueçamos).
Valendo-se, dessa forma, das escrituras
religiosas, os sionistas, antes mesmo de Joseph Goebbels ter-se tornado célebre
homem da propaganda de Adolf Hitler na Alemanha, já usavam a repetição da
narrativa destituída de qualquer base histórica. Valiam-se da ‘tradição’
religiosa para tentar legitimar sua campanha, explicitamente propagandística.
Benjamin Netanyahu e aquela ‘comentarista’ sionista são a prova eloquente de
que eles se consideram acima do bem e do mal. Essa balela de terra prometida
(sem maiúsculas, pois não passa de propaganda sionista), assim como a
vergonhosa consigna de ‘uma terra sem povo (sic) para um povo sem terra’ tem
que ser desmascarada. Como Joe Biden disse em 1986, ‘se não existisse Israel,
teríamos que criar um’, os Estados Unidos e a União Europeia precisam, sim, de
um enclave ocidental na Arábia milenar, sobretudo por causa do SUBSOLO
COBIÇADO.
A verdadeira razão por que a OTAN e todas as
potências econômicas e militares ocidentais se mobilizam não é a ‘terra
prometida’, mas o subsolo cobiçado. A história demonstra sem qualquer
artifício, de modo explícito e transparente. Foi só eclodir o conflito na
Palestina para a OTAN se ‘esquecer’ da Ucrânia, governada desde 2014 por um
sionista, Volodimir Zelensky. Coincidência? Não, é que eles são os ‘eleitos de
deus’ (sem maiúscula, pois não se trata do Criador, mas o da propaganda
sionista). Daqui a pouco, vão querer, por causa do lítio e da água, nos tirar
da América do Sul. Só que não: vivemos ‘os últimos dias de Pompeia’, fim do
nefasto império do ocidente. Talvez nossa geração não veja, mas nossos Filhos e
Netos viverão tempos alvissareiros, livres da tirania sionista, cuja mais
eloquente manifestação de opressão e barbárie acontece neste momento na
Palestina, milenar, que encontrará paz quando as atuais potências ocidentais se
recolherem à sua insignificância histórica, como povos de índole predadora e seu
comportamento, igual ao de Átila, o uno, com rastro de terra arrasada.
Ahmad
Schabib Hany
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