sábado, 1 de outubro de 2022

NOS TRILHOS DA HISTÓRIA

Nos trilhos da História

A vitória do ex-presidente Lula é sinal evidente de que está superado o apagão eleitoral de 2018. O reconhecido estadista, pelo povo e o concerto das nações, baliza a jovem Democracia brasileira e coroa uma carreira política voltada para a inclusão social.

Pesquisas mais recentes indicam uma possível vitória do ex-presidente Lula no primeiro turno, razão pela qual o último debate entre os principais candidatos à presidência da República se caracterizou pela unanimidade, entre os adversários, no ataque ao único presidente pós-1945 que elegeu sua sucessora, a primeira mulher na história do Brasil, e promoveu até então uma inédita política de inclusão social, combate à fome e afirmação da indústria naval, petrolífera e de infraestrutura nacional.

Com entusiasmo e alívio, o estadista revelado entre 2003 e 2010 se reencontra com o povo e recoloca sabiamente o Brasil nos trilhos da História. Sem mágoas ou rancores e com uma lucidez do tamanho dos desafios a enfrentar pelos próximos quatro anos, Lula resgata a esperança e o amor com que o povo brasileiro sempre se caracterizou. Agenda, aliás, nunca adotada pelos patrioteiros patetas que em quatro anos só fizeram bravatas em todas as direções: foram quatro anos de incessantes ameaças e mentiras em vez de trabalhar, de cumprir com as responsabilidades constitucionais.

Tendo como vice Geraldo Alckmin, articulador e administrador experimentado (em que pesem as diferenças políticas que por décadas os distanciaram, sobretudo depois da eternização do Governador Mário Covas), os trabalhos da Equipe de Transição precisam se iniciar, ‘para ontem’, diante do entulho autoritário e dos desmandos administrativos recentes: cortes e desvios de recursos para o ‘orçamento secreto’ e desmonte das políticas públicas de Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, Assistência Social, Cultura, Meio Ambiente, Integração Regional, Habitação, Acessibilidade, Relações Exteriores, Infraestrutura, Agricultura Familiar, Reforma Agrária, Povos Originários, Quilombolas, das Políticas Afirmativas Raciais, Sociais e Culturais, dos Direitos Humanos, das Crianças e dos Adolescentes, das Mulheres, da Juventude, dos Idosos, Previdência Social, Desportos, Trabalho e Renda, Aquicultura e Pesca, Indústria e Comércio, Minas e Energia, Transportes, Comunicações e Defesa, além da Economia e do Planejamento.

A acachapante vitória sobre o inominável que assombrou a nação pelos sombrios quatro últimos anos celebra a vitalidade do Estado Democrático de Direito. É o repto ao apagão eleitoral de 2018. Ao contrário do porta-voz do ódio e caos, ao reconhecido estadista brasileiro caberá pacificar o País, aglutinar as forças sinceramente democráticas e realizar um governo de reconstrução nacional. O entendimento de que adversário não é inimigo e que a diversidade de forças políticas pode e deve orientar a participação nessa jornada histórica nos leva à certeza de que os estragos causados pelos fantasmas da desconstrução da democracia serão descartados de modo sereno, mas firme.

Esse trabalho de reconstrução nacional será realizado por todas as forças políticas de perfil democrático, até porque as demandas serão do tamanho deste país-continente, diante do rombo deixado pelo atabalhoado maniqueísmo fascista -- o famigerado negacionismo que desorganizou as instituições brasileiras nestes quatro anos. Do alto de sua maturidade política, Lula já sinalizou nesse sentido, e não é de se surpreender se integrarem seu futuro governo expressões políticas que nesta campanha estiveram fazendo críticas mordazes ao líder não apenas das pesquisas, mas líder de uma nação que já vislumbra seu reencontro com a civilidade e a empatia.

Mais que retórica, o aceno de Lula aos adversários de dias atrás tem o nítido propósito de soerguer as instituições esvaídas de sua razão de ser em decorrência da desfaçatez de um grupo de patetas que atentou acintosamente contra o Estado brasileiro em nome de um patriotismo mentiroso, em que os mais sórdidos interesses pautaram suas ações predadoras. Não é pouco o trabalho a ser empreendido nas mais diferentes direções. Daí que é necessidade vital reunir o maior número de forças políticas comprometidas com a democracia. Como se o País tivesse saído literalmente de uma guerra de terra arrasada e a reconstrução devesse ser tarefa de todas as lideranças sinceramente responsáveis.

As lições que a história recente do Brasil deixa à sociedade -- sobretudo às lideranças políticas democráticas -- são muitas, mas neste momento de congraçamento e regozijo o mais urgente e inadiável são a serenidade e a lealdade a um povo apaixonante como o brasileiro que sabiamente demonstrou à pretensiosa ‘classe política’ (na verdade elite política) que não é nem nunca foi ‘massa de manobra’. Sábio, o povo sabe qual direção tomar toda vez que seus abastados desmiolados atiram contra as próprias patas, sujas de sangue de tantos inocentes, pela covid-19, pela violência, pela fome e pelo abandono.

Aliás, pelos episódios anteriores à aparição do desatinado inominável, esse perfil coube à pretensa casta de saudosistas de 1964, verdadeiros bananas de pijamas, e às hordas de delinquentes e milicianos que aproveitaram os delírios do boquirroto para, criminosa e cinicamente, entupir-se de verdadeiro arsenal de armas letais em sua perversa sanha de usá-las contra essa população civil que com candura e alegria derrotou os napoleões bonapartes (sem maiúsculas) de convescote decadente. Como Lula não padece do mal do recalque nem é vingativo, caberá à História, oportuna e inexoravelmente, fazer a prestação de contas no momento certo, o que não vem ao caso neste momento e alívio e entusiasmo.

Com a sabedoria que lhe é peculiar, o povo em harmonia, sem ameaça nem soberba, está celebrando o Bicentenário da Independência, em que os fantasmas do fascismo e da contravenção estão sendo cândida e docemente exorcizados pelos milhões de cidadãos que compõem a nação do amor e da esperança chamada Brasil.

Ao trabalho, Presidente Lula! E que Deus, que é Pai e não padrasto, abençoe a todos, disseminando concórdia, humildade e honestidade a cada um dos cidadãos anônimos, que de alguma forma haverão de contribuir para a redenção do Brasil, da América Latina e, enfim, da humanidade, cansada (com ‘s’, por favor) de falsos messias, disseminadores de mentiras e ódio. Como diz o querido Jornalista Ricardo Kotscho, Vida que segue...

Ahmad Schabib Hany

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