Nos
trilhos da História
A vitória do ex-presidente Lula é
sinal evidente de que está superado o apagão eleitoral de 2018. O reconhecido
estadista, pelo povo e o concerto das nações, baliza a jovem Democracia
brasileira e coroa uma carreira política voltada para a inclusão social.
Pesquisas mais recentes indicam uma
possível vitória do ex-presidente Lula no primeiro turno, razão pela qual o
último debate entre os principais candidatos à presidência da República se
caracterizou pela unanimidade, entre os adversários, no ataque ao único
presidente pós-1945 que elegeu sua sucessora, a primeira mulher na história do
Brasil, e promoveu até então uma inédita política de inclusão social, combate à
fome e afirmação da indústria naval, petrolífera e de infraestrutura nacional.
Com entusiasmo e alívio, o estadista
revelado entre 2003 e 2010 se reencontra com o povo e recoloca sabiamente o
Brasil nos trilhos da História. Sem mágoas ou rancores e com uma lucidez do
tamanho dos desafios a enfrentar pelos próximos quatro anos, Lula resgata a
esperança e o amor com que o povo brasileiro sempre se caracterizou. Agenda,
aliás, nunca adotada pelos patrioteiros patetas que em quatro anos só fizeram
bravatas em todas as direções: foram quatro anos de incessantes ameaças e
mentiras em vez de trabalhar, de cumprir com as responsabilidades constitucionais.
Tendo como vice Geraldo Alckmin,
articulador e administrador experimentado (em que pesem as diferenças políticas
que por décadas os distanciaram, sobretudo depois da eternização do Governador
Mário Covas), os trabalhos da Equipe de Transição precisam se iniciar, ‘para
ontem’, diante do entulho autoritário e dos desmandos administrativos recentes:
cortes e desvios de recursos para o ‘orçamento secreto’ e desmonte das políticas
públicas de Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, Assistência Social, Cultura,
Meio Ambiente, Integração Regional, Habitação, Acessibilidade, Relações
Exteriores, Infraestrutura, Agricultura Familiar, Reforma Agrária, Povos
Originários, Quilombolas, das Políticas Afirmativas Raciais, Sociais e
Culturais, dos Direitos Humanos, das Crianças e dos Adolescentes, das Mulheres,
da Juventude, dos Idosos, Previdência Social, Desportos, Trabalho e Renda,
Aquicultura e Pesca, Indústria e Comércio, Minas e Energia, Transportes,
Comunicações e Defesa, além da Economia e do Planejamento.
A acachapante vitória sobre o
inominável que assombrou a nação pelos sombrios quatro últimos anos celebra a
vitalidade do Estado Democrático de Direito. É o repto ao apagão eleitoral de
2018. Ao contrário do porta-voz do ódio e caos, ao reconhecido estadista
brasileiro caberá pacificar o País, aglutinar as forças sinceramente
democráticas e realizar um governo de reconstrução nacional. O entendimento de
que adversário não é inimigo e que a diversidade de forças políticas pode e
deve orientar a participação nessa jornada histórica nos leva à certeza de que
os estragos causados pelos fantasmas da desconstrução da democracia serão
descartados de modo sereno, mas firme.
Esse trabalho de reconstrução
nacional será realizado por todas as forças políticas de perfil democrático,
até porque as demandas serão do tamanho deste país-continente, diante do rombo deixado
pelo atabalhoado maniqueísmo fascista -- o famigerado negacionismo que
desorganizou as instituições brasileiras nestes quatro anos. Do alto de sua
maturidade política, Lula já sinalizou nesse sentido, e não é de se surpreender
se integrarem seu futuro governo expressões políticas que nesta campanha
estiveram fazendo críticas mordazes ao líder não apenas das pesquisas, mas
líder de uma nação que já vislumbra seu reencontro com a civilidade e a empatia.
Mais que retórica, o aceno de Lula aos
adversários de dias atrás tem o nítido propósito de soerguer as instituições esvaídas
de sua razão de ser em decorrência da desfaçatez de um grupo de patetas que
atentou acintosamente contra o Estado brasileiro em nome de um patriotismo
mentiroso, em que os mais sórdidos interesses pautaram suas ações predadoras.
Não é pouco o trabalho a ser empreendido nas mais diferentes direções. Daí que
é necessidade vital reunir o maior número de forças políticas comprometidas com
a democracia. Como se o País tivesse saído literalmente de uma guerra de terra
arrasada e a reconstrução devesse ser tarefa de todas as lideranças sinceramente
responsáveis.
As lições que a história recente do
Brasil deixa à sociedade -- sobretudo às lideranças políticas democráticas --
são muitas, mas neste momento de congraçamento e regozijo o mais urgente e
inadiável são a serenidade e a lealdade a um povo apaixonante como o brasileiro
que sabiamente demonstrou à pretensiosa ‘classe política’ (na verdade elite
política) que não é nem nunca foi ‘massa de manobra’. Sábio, o povo sabe qual
direção tomar toda vez que seus abastados desmiolados atiram contra as próprias
patas, sujas de sangue de tantos inocentes, pela covid-19, pela violência, pela
fome e pelo abandono.
Aliás, pelos episódios anteriores à
aparição do desatinado inominável, esse perfil coube à pretensa casta de
saudosistas de 1964, verdadeiros bananas de pijamas, e às hordas de
delinquentes e milicianos que aproveitaram os delírios do boquirroto para,
criminosa e cinicamente, entupir-se de verdadeiro arsenal de armas letais em
sua perversa sanha de usá-las contra essa população civil que com candura e
alegria derrotou os napoleões bonapartes (sem maiúsculas) de convescote
decadente. Como Lula não padece do mal do recalque nem é vingativo, caberá à
História, oportuna e inexoravelmente, fazer a prestação de contas no momento
certo, o que não vem ao caso neste momento e alívio e entusiasmo.
Com a sabedoria que lhe é peculiar, o
povo em harmonia, sem ameaça nem soberba, está celebrando o Bicentenário da
Independência, em que os fantasmas do fascismo e da contravenção estão sendo
cândida e docemente exorcizados pelos milhões de cidadãos que compõem a nação
do amor e da esperança chamada Brasil.
Ao trabalho, Presidente Lula! E que
Deus, que é Pai e não padrasto, abençoe a todos, disseminando concórdia,
humildade e honestidade a cada um dos cidadãos anônimos, que de alguma forma haverão
de contribuir para a redenção do Brasil, da América Latina e, enfim, da
humanidade, cansada (com ‘s’, por favor) de falsos messias, disseminadores de
mentiras e ódio. Como diz o querido Jornalista Ricardo Kotscho, Vida que
segue...
Ahmad
Schabib Hany
Nenhum comentário:
Postar um comentário