Réquiem
para Amin José Cestari Baruki
No fulgor da juventude, o
irrequieto Amin estava em todas as frentes: colaborando em diversos jornais,
manifestando sua inquietude juvenil e participando de mobilizações pela
democracia.
Amin José Cestari Baruki. Um nome alexandrino, que
ele transformara em anagrama: Ajoceba.
Foi como o conheci no memorável Diário
de Corumbá, início da década de 1990. Toda semana lá ele estava a entregar sua
crônica, sempre contundente, um texto impecável. Diversos temas, sempre
opinativo, sincero. A maioria dos leitores não fazia ideia de que era um jovem
o autor daquelas crônicas.
Mais tarde (em fins de 1992), quando os igualmente
queridos e saudosos Malah (Augusto
Alexandrino dos Santos, na época genial produtor gráfico de sua Seritex) e Márcio Nunes Pereira
(inesquecível diretor do diário que estampava a consigna de Um jornal se mede pelas verdades que diz)
me apresentaram o Celso Pereira, que deixara a equipe de O Combate, do ex-deputado Cecílio de Jesus Gaeta, e queria
implantar um semanário inovador em Corumbá -- que viria a ser o efêmero, mas
marcante Ética, cuja equipe tive a
honra de coordenar--, o Amin também estava a contribuir, ao lado de experientes
cronistas, como os queridos Professores Augusto César Proença e Valmir Batista
Corrêa, além do poeta e médico Fernando Sílvio Martins de Almeida, o cartunista
Amilton Evangelista e o presbítero Adilson Rebelo.
No fulgor da juventude, cheio de inquietudes,
aspirações, utopias. Projetos de diversos matizes não lhe faltavam. Soube por
ele mesmo que estudara com uma de minhas Irmãs e com quem participara de
mobilizações em defesa da democracia. Aliás, sempre que ele se reportava a essa
etapa de sua existência se mostrava melancólico, saudoso, tamanha a expectativa
dos novos horizontes que nossa geração estava a descortinar.
Voluntário de grandes causas desde a juventude,
Amin se engajou num clube de serviço, o Lions Clube, do qual se tornou
governador, título para poucos, precocemente. Isso foi há dez anos, mas é
lembrado no Brasil todo por suas iniciativas pioneiras e efetivas. Não é de se
surpreender que, dentro de Mato Grosso do Sul, nos mais diferentes municípios,
seu nome vem precedido do vocábulo governador.
Seu Jorge José Katurchi, também membro desse clube
de serviço (cuja gestão, que teve como secretário o saudoso e querido Professor
Sérgio Freire, foi considerada exemplar entre os países lusófonos, segundo diploma
conferido pelo presidente internacional da entidade), sempre viu nesse seu
companheiro leão um resgate corumbaense promissor na filantropia.
Obviamente, a luta pela sobrevivência, os
compromissos familiares como dedicado Pai e, mais recentemente, Avô, o
obrigaram a focar, sempre com a mesma doação, novos projetos de Vida. Foi assim,
décadas atrás, ao receber de sua querida Mãe a floricultura de sua Família, tornando-a
ainda mais diversificada. Ainda na década de 1990, viajou à Bolívia para fazer
parcerias pioneiras com produtores de rosas e outras variedades de plantas
ornamentais.
Quando a Família Baruki celebrou seu centenário de
imigração em Corumbá, ele e a saudosa Professora Terezinha Baruki
confeccionaram, em árabe, o nome da Família e o afixaram em seus respectivos
carros. Uma singela, mas determinada homenagem a seus Patriarcas que sabiamente
escolheram o coração do Pantanal e da América do Sul para continuar a levar
suas atividades honradas e seus horizontes cosmopolitas por sucessivas
gerações.
Neste 23 de fevereiro, porém, o coração gigante de
Amin não resistiu e lhe impôs a dura interrupção de sua fecunda e pródiga
jornada, similar, aliás, à dos saudosos Doutor Salomão e da Professora
Terezinha, todos pioneiros de projetos generosos com que os imigrantes costumam
saudar e retribuir os hospitaleiros Povos, como o corumbaense, que acolheram
seus ancestrais.
À Família, em especial Dona Neuza (Mãe), Dona
Fátima (Esposa), Filhos e Netos, nossos profundos sentimentos. Não há palavras
que consolem neste momento de dor. Mas a sua trajetória de passos firmes e
iniciativas sinceras são o coroar de uma Vida de convicções fortes e
sentimentos generosos.
Até sempre, Amin, que seu legado permanece do
tamanho de seu amor por sua querida Corumbá! Sua eternização representa o
triunfo de um cosmopolitismo despojado que renasce em um Povo bem-aventurado,
fruto da miscigenação espontânea e sincera dos diversos povos que se irmanam
neste verdadeiro paraíso terreno.
Ahmad
Schabib Hany
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