MUNICIPALISTA CRUZENHO DENUNCIA CAMACHO
Pedro Dorado, vice-presidente
da Associação de Municípios de Santa Cruz, denunciou Fernando Camacho por
agenda de “violência, racismo e discriminação”. Para o dirigente da AMDECRUZ, Camacho
tem que agir como governador de Santa Cruz, procurar a harmonia e o
desenvolvimento de todo o departamento cruzenho, em vez de promover o ódio e
ideias golpistas, indiferente ao drama do povo que vive do trabalho diuturno.
Em resposta à atitude inusitada de Luis Fernando
Camacho que, como governador de Santa Cruz, não foi participar da reunião do
Conselho Nacional de Autonomias – instância política conquistada pelos
departamentos junto ao governo da Bolívia há pouco mais de dez anos –, o vice-presidente
da Associação de Municípios de Santa Cruz, Pedro Damián Dorado, denunciou a
agenda política do ex-cívico, que prioriza “violência, racismo e discriminação”,
para acentuar o conflito regional entre ‘cambas’ e ‘colhas’.
Dirigente municipalista, Dorado é prefeito de San
Miguel e já foi ministro de Evo Morales e lembrou que a atitude de Camacho não
coaduna com seu cargo, de chefe do Executivo departamental de Santa Cruz, a
quem compete a promoção da pacificação política, concórdia e reaquecimento da
economia para fazer com que a Bolívia, sobretudo as camadas populares, volte a
crescer como antes do golpe de 2019 e da pandemia de covid-19. A falta de
experiência de Camacho, aliás, é flagrante, e usa o cargo apenas e tão somente
para o ativismo anti-MAS, cujas conquistas perante a população são evidentes.
Por outro lado, a agenda golpista vem se
esvaziando por si mesma. O ‘cabildo cívico nacional’, marcado para 13 de
dezembro em Potosi (capital de departamento homônimo) em defesa de Marco
Antonio Pumari (cívico condenado pela justiça), acabou esvaziado diante da
intransigência dos organizadores. Segundo fontes da AMDECRUZ, a indignação dos
dirigentes municipais decorre da obsessão de Camacho de sabotar o presidente
Luis Arce Catacora, eleito há um ano em primeiro turno para um mandato de cinco
anos em meio a outros seis candidatos, e usa o discurso regionalista para
insuflar o fanatismo da ‘nação camba’ e o ódio anti-andinos, responsáveis pelo
desenvolvimento de Santa Cruz de la Sierra (o próprio Camacho é filho de pai
colha, ex-jagunço de Hugo Banzer Suárez e de Luis García Meza, generais que
promoveram o narcotráfico).
O que ficou explícito no processo eleitoral, e a
oposição faz questão de ignorar acintosa e cinicamente, é a vontade popular de
permanecer com uma agenda inclusiva, aliás, a primeira desde a proclamação da
independência e criação da República, em 1825 (há quase 200 anos). Essa questão
foi lembrada pelo dirigente Dorado: todas as conquistas de autonomia municipal
e departamental são fruto das transformações promovidas pelo MAS durante o
primeiro mandato do ex-presidente Evo Morales Ayma, cujas reeleições foram
fruto de sua priorização dos interesses populares. Desde 2005, quando Evo
Morales se elegeu pela primeira vez, o discurso de fraude é recorrente pelos
opositores que não hesitaram em promover um golpe cívico-policial-militar em 19
de novembro de 2019.
O processo de desgaste de Fernando Camacho à
frente do governo departamental de Santa Cruz decorre dessa desarticulação com
o governo central. Como o Estado Plurinacional da Bolívia é um Estado unitário
desde sua independência (diferente do Brasil, que, pelas dimensões
continentais, optou pelo sistema federativo desde 1989, quando da proclamação
da República), foi com Evo Morales que foi conquistada certa autonomia administrativa,
por meio de eleição direta dos titulares e gestão de recursos próprios.
Seguidor incondicional do ‘mito’ brasileiro, de
quem se acha representante, Fernando ¡Qué Macho! Camacho é
um canastrão que nunca em sua existência parasitária administrou uma banca de
feira-livre quanto mais um complexo e extenso departamento como é Santa Cruz.
Desde que foi eleito, há quase seis meses, tem brincado de mocinho e bandido,
mas a população já se cansou dessa cantilena. Diferente do Brasil, bolivianos
já lincharam e imolaram um presidente, o major Gualberto Villarroel, cujo
corpo ficou pendurado no poste elétrico mais próximo do palácio presidencial,
que desde então se chama Palacio Quemado, para que
ninguém mais esqueça da ira do povo, capaz de fazer justiça com as próprias
mãos.
Ahmad
Schabib Hany
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