quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

MUNICIPALISTA CRUZENHO DENUNCIA CAMACHO

MUNICIPALISTA CRUZENHO DENUNCIA CAMACHO

Pedro Dorado, vice-presidente da Associação de Municípios de Santa Cruz, denunciou Fernando Camacho por agenda de “violência, racismo e discriminação”. Para o dirigente da AMDECRUZ, Camacho tem que agir como governador de Santa Cruz, procurar a harmonia e o desenvolvimento de todo o departamento cruzenho, em vez de promover o ódio e ideias golpistas, indiferente ao drama do povo que vive do trabalho diuturno.

Em resposta à atitude inusitada de Luis Fernando Camacho que, como governador de Santa Cruz, não foi participar da reunião do Conselho Nacional de Autonomias – instância política conquistada pelos departamentos junto ao governo da Bolívia há pouco mais de dez anos –, o vice-presidente da Associação de Municípios de Santa Cruz, Pedro Damián Dorado, denunciou a agenda política do ex-cívico, que prioriza “violência, racismo e discriminação”, para acentuar o conflito regional entre ‘cambas’ e ‘colhas’.

Dirigente municipalista, Dorado é prefeito de San Miguel e já foi ministro de Evo Morales e lembrou que a atitude de Camacho não coaduna com seu cargo, de chefe do Executivo departamental de Santa Cruz, a quem compete a promoção da pacificação política, concórdia e reaquecimento da economia para fazer com que a Bolívia, sobretudo as camadas populares, volte a crescer como antes do golpe de 2019 e da pandemia de covid-19. A falta de experiência de Camacho, aliás, é flagrante, e usa o cargo apenas e tão somente para o ativismo anti-MAS, cujas conquistas perante a população são evidentes.

Por outro lado, a agenda golpista vem se esvaziando por si mesma. O ‘cabildo cívico nacional’, marcado para 13 de dezembro em Potosi (capital de departamento homônimo) em defesa de Marco Antonio Pumari (cívico condenado pela justiça), acabou esvaziado diante da intransigência dos organizadores. Segundo fontes da AMDECRUZ, a indignação dos dirigentes municipais decorre da obsessão de Camacho de sabotar o presidente Luis Arce Catacora, eleito há um ano em primeiro turno para um mandato de cinco anos em meio a outros seis candidatos, e usa o discurso regionalista para insuflar o fanatismo da ‘nação camba’ e o ódio anti-andinos, responsáveis pelo desenvolvimento de Santa Cruz de la Sierra (o próprio Camacho é filho de pai colha, ex-jagunço de Hugo Banzer Suárez e de Luis García Meza, generais que promoveram o narcotráfico).

O que ficou explícito no processo eleitoral, e a oposição faz questão de ignorar acintosa e cinicamente, é a vontade popular de permanecer com uma agenda inclusiva, aliás, a primeira desde a proclamação da independência e criação da República, em 1825 (há quase 200 anos). Essa questão foi lembrada pelo dirigente Dorado: todas as conquistas de autonomia municipal e departamental são fruto das transformações promovidas pelo MAS durante o primeiro mandato do ex-presidente Evo Morales Ayma, cujas reeleições foram fruto de sua priorização dos interesses populares. Desde 2005, quando Evo Morales se elegeu pela primeira vez, o discurso de fraude é recorrente pelos opositores que não hesitaram em promover um golpe cívico-policial-militar em 19 de novembro de 2019.

O processo de desgaste de Fernando Camacho à frente do governo departamental de Santa Cruz decorre dessa desarticulação com o governo central. Como o Estado Plurinacional da Bolívia é um Estado unitário desde sua independência (diferente do Brasil, que, pelas dimensões continentais, optou pelo sistema federativo desde 1989, quando da proclamação da República), foi com Evo Morales que foi conquistada certa autonomia administrativa, por meio de eleição direta dos titulares e gestão de recursos próprios.

Seguidor incondicional do ‘mito’ brasileiro, de quem se acha representante, Fernando ¡Qué Macho! Camacho é um canastrão que nunca em sua existência parasitária administrou uma banca de feira-livre quanto mais um complexo e extenso departamento como é Santa Cruz. Desde que foi eleito, há quase seis meses, tem brincado de mocinho e bandido, mas a população já se cansou dessa cantilena. Diferente do Brasil, bolivianos já lincharam e imolaram um presidente, o major Gualberto Villarroel, cujo corpo ficou pendurado no poste elétrico mais próximo do palácio presidencial, que desde então se chama Palacio Quemado, para que ninguém mais esqueça da ira do povo, capaz de fazer justiça com as próprias mãos.

Ahmad Schabib Hany

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