Por
que a saúde, a educação e a assistência social são preteridas por Bolsonaro
Depois
da promulgação da Constituição Federal de 1988, políticas sociais como saúde,
educação e assistência social têm fundo próprio, plano de ação e controle
público. Políticos como Bolsonaro, de perfil autoritário e vinculado ao setor
financeiro, não têm qualquer afinidade com as demandas sociais, razão pela
abrupta precarização dos índices sociais do Brasil.
Têm chamado a atenção da
população -
e causado muita indignação -
as reiteradas declarações de Jair Bolsonaro e ministros que vêm relegando a enésimo
lugar a urgência de ações na saúde, educação e assistência social, inclusive nestes
tempos de pandemia.
Como compreender a acintosa
indiferença dos membros deste governo ante a inadiável definição da estratégia
de logística e vacinação de milhões de pessoas do público de risco, a
manutenção das medidas de biossegurança nos estabelecimentos de ensino ou a
prorrogação do auxílio emergencial de milhões de trabalhadores de diferentes
áreas pela covid-19? Para não dizer sobre a total falta de sensibilidade e
empatia pelos milhares de famílias de vítimas, incluídas no pacote de maricas...
Aliás, o mesmo ocorreu durante
a crise socioambiental pelas queimadas criminosas no Pantanal e na Amazônia,
quando não só os titulares dos órgãos diretamente responsáveis pela prevenção e
mais tarde enfrentamento da tragédia demonstraram seu descaso, referendados
pelo chefe de Estado e de governo, que sequer manifestou solidariedade aos
verdadeiros heróis que tombaram em combate. Ao contrário, procurou atribuir a
responsabilidade aos governos de outros países em evento das Nações Unidas,
tendo que voltar atrás, como de hábito.
Até o mais desatento cidadão
hoje se dá conta da inversão de prioridades desta gestão: um decreto destinado
a facilitar a importação de insumos para o enfrentamento à covid-19 ou de arroz
para o enfrentamento da carestia serve de pretexto para zerar a alíquota de
importação de armas de vários calibres, como se se tratasse de artigo de
primeira necessidade. Mas o pior ainda está por vir: um aliado seu, governador
de Goiás Ronaldo Caiado, passou o recado de que, depois de idas-e-vindas, finalmente
o Ministério da Saúde vai tomar atitude, não sem antes “centralizar” para si as
vacinas adquiridas pelos diversos estados, quando o papel desse órgão é
coordenar a vacinação em nível federal.
Saudosos do regime de 1964, os membros
do núcleo ideológico são cultores do casuísmo e do improviso ao sabor da
ocasião. Está constatado que não há planejamento nas ações de governo, e muito
menos planejamento estratégico plurianual, como determina a lei. Os relatórios
de gestão comprovam isso, como no caso do Ministério do Meio Ambiente quanto às
metas de redução das emissões de carbono, pactuadas com o concerto das nações
quando o país era exemplo de compromisso com a agenda ambiental global. Nem se
fale no Ministério da Saúde, cujo titular teve a pachorra de cometer toda sorte
de desmandos e omissões, inclusive a perda da validade de mais de sete milhões
de testes da covid-19. E o que dizer, então, da politização abominável das
decisões técnicas para o eficiente enfrentamento de uma tragédia sanitária como
a que assola o planeta?
Nesse roldão, temos prefeitos e
prefeitas reeleitos na onda da pandemia. Depois de aparentarem, para efeitos
eleitorais, preocupação com a vida e a saúde das pessoas, tiraram a máscara, a
exemplo de seu líder mítico: “precisamos garantir os empregos da população”,
quando sabem que a causa verdadeira do desemprego, que vem do tempo de Temer, é
o “teto dos gastos” e a política de desmonte do parque industrial e de
priorização do setor financeiro, que há mais de cinco décadas não conhece
déficit, só superávit atrás de superávit, enquanto os demais setores da
economia naufragam no caos de uma literal “economia de guerra” (como os atuais
gestores querem denominar o ciclo econômico contemporâneo).
A bem da verdade, não é de hoje
tal desdém com essas e outras políticas assim definidas pela Constituição
Federal de 1988 (além da saúde, educação e assistência social, há o meio ambiente,
segurança pública, cultura, igualdade racial e de gênero, inclusão social,
direitos humanos, desportos, trabalho e geração de renda). Sem qualquer tato, têm
sido alvo de um desprezo indignante, mas não surpreendente, pelas elites
políticas brasileiras.
Como não nos lembrarmos do
antecessor Michel Miguel Temer Lulia (esse é o nome completo do golpista que a
história saberá colocá-lo no lugar merecido, ao lado de Aécio Neves, José
Serra, Roberto Freire, Henrique Meirelles, Eduardo Cunha, Romero Jucá, Carlos
Marun et caterva), quando, goela abaixo, impôs o criminoso “teto dos gastos” (em
que o financiamento das políticas sociais ficou reduzido, mas não o serviço da
dívida, de interesse dos bancos, seus amos e senhores)?
O Professor José Fernandes, conhecido
youtuber, tem demonstrado
didaticamente por que as elites são permissivas com os membros deste governo,
cujo próximo passo é mais difícil de ser previsto que os súbitos temporais do
fenômeno meteorológico “La Niña”. Ainda que elas (as elites) também sintam e se
ressintam (d)os impactos das atitudes intempestivas dos atuais inquilinos do
Planalto, que não são poucos (basta acompanhar a série histórica dos
indicadores macroeconômicos para entrar em desespero), aproveitam a compulsão
atroz pelas “reformas”, na insana tentativa de “desossar”, isto é, fazer o
desmonte do Estado brasileiro, coisa que nenhum dos dois fernandos (o Collor da
Dinda e o “príncipe” da privataria FHC) conseguiu.
Enquanto isso o bom-moço Sérgio
Moro sai das estatísticas do desemprego graças a uma consultoria milionária num
escritório jurídico sediado num paraíso fiscal, curiosamente depois de ter
ajudado a destruir as maiores empresas privadas e estatais brasileiras. O tal
escritório, além de atualmente realizar a recuperação financeira da Odebrecht e
OAS (exatamente as mesmas maiores empresas privadas brasileiras detonadas por
ele, como que uma empresa tivesse que ser punida quando seu executivo “passa a
mão” e “otras cositas más” na bufunfa dos politicozinhos de todos os partidos,
inclusive de Aécio Neves e José Serra, como já foi constatado; mas Moro só “pensava
naquilo”, Lula!), quebrou o galho (e a árvore) da família Civita, ao fazer
vistas grossas aos netos do fundador Victor Civita, que venderam a Abril
Educação e fizeram retiradas nada ortodoxas da ordem de UM BILHÃO de reais, e
passaram o “ponto” do Grupo Abril para o banqueiro Fábio Carvalho pela bagatela
de CEM MIL reais, obviamente com as dívidas bilionárias, mas as centenas de
empregados (desde editores e jornalistas ao mais humilde faxineiro) ficaram a
ver “Caras”, “Playboy” e “Viagem”... na Banca Nostra, na rua Roma, Lapa,
capital paulista.
Ahmad
Schabib Hany
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