ATO DE LANÇAMENTO DO COMITÊ
POPULAR DE ENFRENTAMENTO À PANDEMIA
Nesta quarta-feira, dia 24 de junho, às 17h30m, o
Comitê Popular de Enfrentamento à Pandemia será lançado. É iniciativa de um
coletivo de entidades, movimentos, espaços públicos não estatais e demais
organizações da sociedade civil de Corumbá e Ladário (lista abaixo).
O objetivo é fortalecer a contenção da pandemia,
em razão da baixa adesão da população e o crescimento vertiginoso de infectados
pela covid-19. Além da mobilização de diferentes setores que se somarão ao
fortalecimento das medidas restritivas determinadas pelas autoridades
sanitárias do município e do estado, iniciativas de solidariedade aos segmentos
vulnerabilizados e campanhas de educação popular permanente estão sendo
planejadas, tomando o maior cuidado e usando a tecnologia e o distanciamento
social para a sua realização.
O manifesto constitutivo, que será aprovado
mediante manifestação no ato de lançamento, segue abaixo, como minuta (sujeita
a eventuais alterações).
Contatos: Professora Cristiane Sant’Anna de
Oliveira (whatsapp +55 67 8466-2812)
Manifesto da
Comissão Pró-Comitê Popular de Enfrentamento à Pandemia
Nascida
da inquietude cidadã dos/as integrantes das entidades, movimentos, coletivos,
comunidades religiosas, espaços públicos não estatais e lócus signatários deste
manifesto constitutivo, o Comitê Popular de Enfrentamento à Pandemia vem se
somar às iniciativas de contenção e de combate à pandemia da covid-19 que
tentam desesperadamente pôr fim à crescente perda de dezenas de milhares de
vidas, acometimento de centenas de milhares de pessoas e mudança de
comportamento aos mais 210 milhões de habitantes que conformam a população
brasileira.
Somos
cidadãos/ãs das mais diferentes atividades profissionais e segmentos sociais,
sinceramente preocupados/as e motivados/as única e tão somente com a
preservação da Vida e da dignidade de nossos semelhantes em Corumbá e Ladário
(MS), sem perder de vista nossa condição de região fronteiriça, no coração do
Pantanal e da América do Sul, que desde sempre acolheu todos os povos, vindos
dos mais diferentes lugares do planeta, com suas culturas, tradições, crenças,
concepções e propósitos.
Nestes
dias difíceis impostos pelo novo coronavírus, em que precisamos cumprir com o
isolamento/distanciamento social até como demonstração de nosso amor ao
próximo, a maior demonstração de solidariedade e de empatia pela humanidade não
é outra que a partilha de nossa esperança e determinação de que seremos capazes
de superar, com serenidade e respeito ao próximo, este verdadeiro tsunami
planetário.
E
entendemos que isso se traduza com gestos simples, mas efetivos, de acolhimento
aos/às mais vulneráveis: migrantes, pessoas em situação de rua, desempregados/as,
ambulantes, camelôs, populações tradicionais (ribeirinhos/as e pescadores/as),
povos originários (Guató, Ayoreo, Chiquitano), agricultores/as familiares
(assentados/as e colonos/as pantaneiros/as), feirantes, microemprendedores/as e
pequenos/as comerciantes que têm em suas atividades diárias seu digno sustento,
a sobrevivência de si, dos/as seus/uas e dos/as que estão em volta.
Solidariedade
jamais será uma palavra vã: ela traz em si histórias, atitudes e gestos
sinceros de apoio incondicional, de zelo pelo bem comum, por tudo aquilo que,
por ser de todos/as, parece não ser de ninguém. É em momentos críticos como
este que nos damos conta que não há riqueza maior que o nosso povo, a vida de
todos/as e, sobretudo, as mãos dadas de uns/umas com os/as outros/as e todos/as
por todos/as.
Viemos
para somar fé na humanidade, amor ao próximo, esperança no caminhar coletivo e
certeza no amanhã alicerçado em um presente de comunhão, sinceridade e efetivo
compromisso com aquele/a nosso/a irmão/ã que no silêncio cala sua dor, seu
desespero, sua angústia pela falta de um pão, um remédio, uma acolhida. E as
vítimas da violência doméstica, mulheres e crianças/adolescentes, que
aumentaram com as necessárias medidas de isolamento/distanciamento a que
estamos submetidos/as.
A
Vida hoje nos conclama a sairmos do conforto, do descaso, da indiferença. A
vermos o/a outro/a, o/a sem voz e sem vez, o/a silenciado/a, o/a de fora e o/a
de dentro. A dor da fome tem nome, endereço, mas nos acostumamos a não
enxergá-la, a tratá-la como intrusa. Se pensarmos bem, os/as intrusos/as somos
nós, porque com nossa indiferença a cumplicidade com a dor, a miséria, a
indigência, nos torna tão intrusos/as quanto os/as que as promovem, com a nossa
própria complacência.
Queremos
contribuir afirmativamente para o cumprimento das medidas de contenção do
contágio pela covid-19. Entendemos que solidariedade não se limita à urgente
entrega de donativos, mas à conscientização de que a Vida dos/as mais
vulneráveis nos importa muito, e por isso receberão as orientações para se
proteger da pandemia e também proteger os seus direitos.
A
Vida é mais que direito, é princípio de direitos, como disse Norberto Bobbio.
Por meio da educação popular, de atividades da cultura e da ação permanente
estaremos contribuindo para que cidadania deixe de ser qualquer palavra e se
torne sinônimo de atitude, solidariedade. Não esqueçamos Herbert de Souza, da
Ação da Cidadania contra a Fome e pela Vida, que em 1992 nos advertiu: “Não
basta dar um prato de comida, é preciso ser cidadão para conferir cidadania ao
ser humano excluído.”
Muitos/as
de nós estiveram nos movimentos da Constituinte de 1988, na construção do
Sistema Único de Saúde (SUS), da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), do Estatuto do Idoso, do Estatuto
das Cidades, do Plano Nacional de Políticas Públicas para a Mulher, do Estatuto
da Igualdade Racial, das leis de inclusão sociais, educacional, racial e
cidadã. Por isso, também, estaremos para defender o controle social dessas
políticas públicas, como dever do Estado e direito do cidadão. Nosso
compromisso é com a Vida, é com o Estado Democrático de Direito.
Corumbá (MS), 20 de junho de 2020.
Comitê Popular de Enfrentamento à Pandemia
Sindicato
Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF)
Sindicato
Municipal de Trabalhadores da Educação de Corumbá (SIMTED)
Associação
dos Docentes da UFMS – Seção Sindical (ADUFMS)
Federação
dos Trabalhadores em Educação de MS (FETEMS)
Arquidiocese
de Santa Cruz de Corumbá
Grupo
Argos de Teatro
Observatório
da Cidadania e dos Direitos Humanos Dom José Alves da Costa
Trabalho
e Estudo Zumbi (TEZ)
Associação
Corumbaense de Pessoas com Doença Falsiforme (ACODFAL)
Marcha
Mundial de Mulheres (MMM)
Sindicato
Nacional de Servidores de Escolas Federais (SENASEFE)
Movimento
Indígena Guató
Trio Aroeira’s
Coletivo Feminista Classista Helieth Saffioti
Instituto de Mulheres Negras (IMNEGRA)
Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)
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