ATAHUALPA E MOCTEZUMA,
PIZARRO E CORTÉS AINDA HOJE...
O emblemático
asilo político oferecido pelo Presidente López Obrador, em terras de
Tenochtitlán do tlatoani
Moctezuma, ao Presidente Evo Morales, remanescente do Tahuantinsuyo do sapa
inca Atahualpa, a poucos dias de transcorrerem os 500 anos do assalto de Hernán
Cortés e os 487 anos do rapto e tomada por Francisco Pizarro, ambos com a
Bíblia e a espada com a cruz do reino católico da Espanha, e hoje com a Bíblia
e a espada com a cruz do império fundamentalista neopentecostal dos Estados
Unidos.
Diante da acintosa
traição dos comandantes da Polícia Boliviana e das Forças Armadas, o Presidente
Evo Morales anuncia sua renúncia a exatos seis dias de se completarem 487 anos
da ardilosa tomada do Império Inca pelo espanhol Francisco Pizarro. Em 16 de
novembro de 1532, tropas da cavalaria espanhola, fortemente armada, impuseram,
mediante a Bíblia e uma espada, humilhante capitulação ao Sapa Inca Atahualpa,
enfraquecido pelas lutas contra seu irmão Huáscar pela sucessão e controle de
Cuzco (capital do Tahuantinsuyo), acreditando estar recebendo a benfazeja
comitiva de divindades anunciadas pelos ancestrais incas. Deu no que deu: mais
de 500 anos de opressão, saques e miséria em nome de um “deus” nada justo
contra uma civilização originária cuja tríade orientadora era “não mentir, não
roubar, não matar”. A despeito de tantas mentiras e fake news, Evo Morales,
em pleno século XXI, refunda a Bolívia como Estado Plurinacional, em bases
profundamente democráticas e à luz do respeito aos Direitos Humanos em todas as
suas dimensões, promovendo um processo de transformações culturais, sociais,
econômicas e políticas nunca antes vistas, e sobretudo o reconhecimento e a
inclusão de 36 etnias invisibilizadas desde os tempos da colonização.
Nesse mesmo dia, 10
de novembro de 2019, as tropas de fantoches do império decadente de hoje,
representado pelos Estados Unidos -- a maldita assombração que desde fins do
século XIX representa morte, saques, miséria, humilhações e perversidades aos
povos que se levantam para fazer sua própria história --, personificadas pelo (sic)
“macho-qué-macho” Luis Fernando Camacho Vaca (um lavador de dinheiro do
narcotráfico e da sonegação pego pelo Panamá Papers, filho de um ex-membro da
quadrilha de Pablo Escobar na Bolívia), pelo jornaleiro e pseudohistoriador
Carlos Diego de Mesa Gisbert (aquele que foi sem nunca ter sido, usurpador da
autoria do manual de “Historia de Bolivia” do historiador Humberto Vásquez
Machicado, que convidara os pais de Mesa para manter atualizada a obra antes de
falecer, em 1958) e a autoproclamada presidenta sem voto Janine Áñez (tia e
protetora do traficante pego em Tangará da Serra, MT, com 420 quilos de
cocaína) adentram ao Palácio Quemado com a Bíblia e uma vara com contornos
fálicos que nos remetem aos primeiros dias da maldita chegada dos invasores
ibéricos para, em nome de (sic) “cristianizar pagãos”, realizar saques, escravidão,
humilhação e imposição de miséria e promoção de genocídios sucessivos às
populações originárias.
Como todo amontoado
de seres recalcados que se convertem a seitas fundamentalistas neopentecostais
que exalam a ódio medieval, as hordas insanas teleguiadas desde a metrópole
estadunidense, com o reconhecido ajutório do maldito -- jamais mito -- líder da
quadrilha que tomou de assalto os destinos da maior nação latino-americana, estão
promovendo em todo o território boliviano mais um dos milhares de genocídios
perpetrados desde a chegada desses seres tomados pela ganância e pela
hipocrisia em fins do século XV à ilha de Cuba, quando, em 28 de outubro de
1492, Cristóvão Colombo inicia a posse das novas terras em nome de (sic)
“suas majestades” os reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Poucos
sabem, mas quando Colombo naufragou com a nau Santa Maria, ele e sua tripulação
foram salvos pelos habitantes originários da Ilha, que não tiveram a mesma
sorte, pois os invasores exterminaram e saquearam os povos originários,
deixando em seu lugar os africanos escravizados, igualmente vítimas daquilo que
cinicamente chamam de civilização ocidental.
O que o(a)s descendentes
dos fantoches colonizadores não contavam era com a solidariedade do Presidente
López Obrador, que viria ocorrer a poucos dias dos quinhentos anos do nada
benfazejo encontro entre o tlatoani (imperador) Moctezuma Xocoyotzin, ocorrido
precisamente em 19 de novembro de 1519, e o ávido e ganancioso castelhano Hernán
Cortés, que habilidosa e cinicamente se apossara de todo o império Azteca, a
partir de Tenochtitlán, hoje México, capital do país com o mesmo nome, reduzido
a uma ex-colônia espanhola cujo caudilho Porfírio Díaz um século atrás profetizara
“Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”. Longe de
permanecer na retórica, López Obrador condenou formalmente o golpe de Estado na
Bolívia avalizado pela Organização dos Estados Americanos, ofereceu asilo
político aos membros do governo golpeado pelo(a)s fascistas ensandecido(a)s e
materializou seu propósito enviando uma aeronave da Força Aérea do México a La
Paz com um périplo dantesco em razão da intervenção do governo estadunidense
para impedir apoio à comitiva presidencial da Bolívia. Com sabedoria, a Chancelaria
do México assegurou proteção à integridade física do Presidente Evo Morales, do
Vice-presidente Álvaro García Linera e da Ministra da Saúde Gabriela Montaño, cujas
famílias foram alvo do criminoso propósito de matá-los.
Ainda que
fantoches serviçais do império decadente teimem nas práticas etnocidas e
fraticidas, a América Latina está mais determinada que nunca a virar a página, jogando
o colonialismo, a traição, os vendilhões e o(a)s privatistas de primeira hora ao
lixo da história. Cabe agora ao povo, nas ruas e nos campos, a barrar a
escalada criminosa do neofascismo impregnado de fundamentalismo neopentecostal.
Sem medo e sem titubeio, o(a)s sanguinário(a)s e seus amos pagarão muito caro,
com sua própria existência, o crime perpetrado contra a humanidade. Não passarão
esse(a)s canalhas maldito(a)s, hipócritas e mentecapto(a)s que usam a boa-fé do(a)s
menos informado(a)s para disseminar suas maldades e propósitos inconfessáveis.
Ahmad Schabib Hany
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