segunda-feira, 25 de novembro de 2019

UFMS/CPAN INAUGURA DIA 25 MUSEU DE ARQUEOLOGIA DO PANTANAL





UFMS/CPAN INAUGURA DIA 25 MUSEU DE ARQUEOLOGIA DO PANTANAL

O Museu de Arqueologia do Pantanal será inaugurado em Corumbá na próxima segunda-feira, dia 25 de novembro de 2019, com exposição permanente de 190 peças arqueológicas, intitulada “Da pré-história do Pantanal à colonização europeia”, que tem por finalidade estabelecer conexão entre o passado remoto e o presente. Instalado na Unidade 3 da UFMS/CPAN (antiga Alfândega, sita à Rua Domingos Sahib, 99, Bairro Cervejaria, no Porto Geral), o horário de funcionamento é de terça-feira a sábado, das 8h às 17h, com entrada gratuita para todos os públicos.

O ato de inauguração ocorrerá às 19h30m (sete e meia da noite) do dia 25, segunda-feira, na sala A9, da Unidade 3 da UFMS/CPAN, dentro da II Jornada de Pesquisa e Ensino de História e III Colóquio do ATRIVM/UFMS (25 a 28 de novembro, na Unidade 3), com a presença dos dirigentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, do diretor do Campus do Pantanal, da coordenadora do Curso de História e dos responsáveis pela organização do Museu de Arqueologia do Pantanal. O museu tem o apoio institucional da Acaia Pantanal, que garantiu os recursos financeiros para viabilizar a montagem da exposição.

É propósito dos organizadores fazer com que o Museu de Arqueologia do Pantanal desempenhe o papel de agente de comunicação na formação dos estudantes do ensino fundamental, médio e superior e no turismo, visando à inclusão dos primeiros habitantes do Pantanal na história local e regional, que estão fortemente representados na população das cidades pantaneiras e nas cidades de Puerto Suárez e Puerto Quijarro, na Bolívia.

Fruto de mais de duas décadas de pesquisa no Pantanal e regiões adjacentes, o acervo contém fragmentos cerâmicos (88.919 unidades), líticos (5.151 unidades), ossos (61.348 gramas), sementes (140 gramas), carvões (2.306 gramas), madeiras (122,4 gramas), conchas (181.337 gramas), contas de colar (3.705 unidades), pontas (65 unidades), pingentes (39 unidades) e cachimbos (12 unidades), provenientes dos sítios arqueológicos e das doações da comunidade local do Pantanal, que estão devidamente acondicionados, para permitir que interessados, bem como toda a população, tenham acesso a essa coletânea representativa da pré-história e da colonização europeia desta região.

Venham, estamos esperando!

Museu de Arqueologia do Pantanal
UFMS – Campus do Pantanal/Unidade 3
Bairro Cervejaria, Rua Domingos Sahib, nº 99,
79300-130, Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil
Horário de funcionamento:
Terça-feira a Sábado
Horário: das 8:00 h às 17:00 h.
Entrada gratuita.

Divulgação: Professor J. L. Peixoto

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

ATAHUALPA E MOCTEZUMA, PIZARRO E CORTÉS AINDA HOJE...



ATAHUALPA E MOCTEZUMA, PIZARRO E CORTÉS AINDA HOJE...

O emblemático asilo político oferecido pelo Presidente López Obrador, em terras de Tenochtitlán do tlatoani Moctezuma, ao Presidente Evo Morales, remanescente do Tahuantinsuyo do sapa inca Atahualpa, a poucos dias de transcorrerem os 500 anos do assalto de Hernán Cortés e os 487 anos do rapto e tomada por Francisco Pizarro, ambos com a Bíblia e a espada com a cruz do reino católico da Espanha, e hoje com a Bíblia e a espada com a cruz do império fundamentalista neopentecostal dos Estados Unidos.

Diante da acintosa traição dos comandantes da Polícia Boliviana e das Forças Armadas, o Presidente Evo Morales anuncia sua renúncia a exatos seis dias de se completarem 487 anos da ardilosa tomada do Império Inca pelo espanhol Francisco Pizarro. Em 16 de novembro de 1532, tropas da cavalaria espanhola, fortemente armada, impuseram, mediante a Bíblia e uma espada, humilhante capitulação ao Sapa Inca Atahualpa, enfraquecido pelas lutas contra seu irmão Huáscar pela sucessão e controle de Cuzco (capital do Tahuantinsuyo), acreditando estar recebendo a benfazeja comitiva de divindades anunciadas pelos ancestrais incas. Deu no que deu: mais de 500 anos de opressão, saques e miséria em nome de um “deus” nada justo contra uma civilização originária cuja tríade orientadora era “não mentir, não roubar, não matar”. A despeito de tantas mentiras e fake news, Evo Morales, em pleno século XXI, refunda a Bolívia como Estado Plurinacional, em bases profundamente democráticas e à luz do respeito aos Direitos Humanos em todas as suas dimensões, promovendo um processo de transformações culturais, sociais, econômicas e políticas nunca antes vistas, e sobretudo o reconhecimento e a inclusão de 36 etnias invisibilizadas desde os tempos da colonização.

Nesse mesmo dia, 10 de novembro de 2019, as tropas de fantoches do império decadente de hoje, representado pelos Estados Unidos -- a maldita assombração que desde fins do século XIX representa morte, saques, miséria, humilhações e perversidades aos povos que se levantam para fazer sua própria história --, personificadas pelo (sic) “macho-qué-macho” Luis Fernando Camacho Vaca (um lavador de dinheiro do narcotráfico e da sonegação pego pelo Panamá Papers, filho de um ex-membro da quadrilha de Pablo Escobar na Bolívia), pelo jornaleiro e pseudohistoriador Carlos Diego de Mesa Gisbert (aquele que foi sem nunca ter sido, usurpador da autoria do manual de “Historia de Bolivia” do historiador Humberto Vásquez Machicado, que convidara os pais de Mesa para manter atualizada a obra antes de falecer, em 1958) e a autoproclamada presidenta sem voto Janine Áñez (tia e protetora do traficante pego em Tangará da Serra, MT, com 420 quilos de cocaína) adentram ao Palácio Quemado com a Bíblia e uma vara com contornos fálicos que nos remetem aos primeiros dias da maldita chegada dos invasores ibéricos para, em nome de (sic) “cristianizar pagãos”, realizar saques, escravidão, humilhação e imposição de miséria e promoção de genocídios sucessivos às populações originárias.

Como todo amontoado de seres recalcados que se convertem a seitas fundamentalistas neopentecostais que exalam a ódio medieval, as hordas insanas teleguiadas desde a metrópole estadunidense, com o reconhecido ajutório do maldito -- jamais mito -- líder da quadrilha que tomou de assalto os destinos da maior nação latino-americana, estão promovendo em todo o território boliviano mais um dos milhares de genocídios perpetrados desde a chegada desses seres tomados pela ganância e pela hipocrisia em fins do século XV à ilha de Cuba, quando, em 28 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo inicia a posse das novas terras em nome de (sic) “suas majestades” os reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Poucos sabem, mas quando Colombo naufragou com a nau Santa Maria, ele e sua tripulação foram salvos pelos habitantes originários da Ilha, que não tiveram a mesma sorte, pois os invasores exterminaram e saquearam os povos originários, deixando em seu lugar os africanos escravizados, igualmente vítimas daquilo que cinicamente chamam de civilização ocidental.

O que o(a)s descendentes dos fantoches colonizadores não contavam era com a solidariedade do Presidente López Obrador, que viria ocorrer a poucos dias dos quinhentos anos do nada benfazejo encontro entre o tlatoani (imperador) Moctezuma Xocoyotzin, ocorrido precisamente em 19 de novembro de 1519, e o ávido e ganancioso castelhano Hernán Cortés, que habilidosa e cinicamente se apossara de todo o império Azteca, a partir de Tenochtitlán, hoje México, capital do país com o mesmo nome, reduzido a uma ex-colônia espanhola cujo caudilho Porfírio Díaz um século atrás profetizara “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”. Longe de permanecer na retórica, López Obrador condenou formalmente o golpe de Estado na Bolívia avalizado pela Organização dos Estados Americanos, ofereceu asilo político aos membros do governo golpeado pelo(a)s fascistas ensandecido(a)s e materializou seu propósito enviando uma aeronave da Força Aérea do México a La Paz com um périplo dantesco em razão da intervenção do governo estadunidense para impedir apoio à comitiva presidencial da Bolívia. Com sabedoria, a Chancelaria do México assegurou proteção à integridade física do Presidente Evo Morales, do Vice-presidente Álvaro García Linera e da Ministra da Saúde Gabriela Montaño, cujas famílias foram alvo do criminoso propósito de matá-los.

Ainda que fantoches serviçais do império decadente teimem nas práticas etnocidas e fraticidas, a América Latina está mais determinada que nunca a virar a página, jogando o colonialismo, a traição, os vendilhões e o(a)s privatistas de primeira hora ao lixo da história. Cabe agora ao povo, nas ruas e nos campos, a barrar a escalada criminosa do neofascismo impregnado de fundamentalismo neopentecostal. Sem medo e sem titubeio, o(a)s sanguinário(a)s e seus amos pagarão muito caro, com sua própria existência, o crime perpetrado contra a humanidade. Não passarão esse(a)s canalhas maldito(a)s, hipócritas e mentecapto(a)s que usam a boa-fé do(a)s menos informado(a)s para disseminar suas maldades e propósitos inconfessáveis.

Ahmad Schabib Hany

"Dale tu mano al indio" Mercedes Sosa (homenagem aos povos originários e a Evo Morales)

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

GOLPE CÍVICO-POLICIAL-MILITAR INTERROMPE PERÍODO DE ESTABILIDADE E PROSPERIDADE DA BOLÍVIA

GOLPE CÍVICO-POLICIAL-MILITAR INTERROMPE PERÍODO DE ESTABILIDADE E PROSPERIDADE NA BOLÍVIA

Depois da explosão da onda neofascista dos últimos dias; dos sucessivos atentados contra manifestantes em defesa do voto dado nas eleições gerais de 20 de outubro; do sequestro, tortura e agressões humilhantes contra autoridades e dirigentes políticos e sindicais ligados ao partido do Presidente Evo Morales (MAS, Movimento Ao Socialismo); do motim (ou aquartelamento) do comando da Polícia Boliviana, que depois de um vai-não-vai se somou aos protestos anti-Evo; do incêndio e depredação de residências de membros do governo e de parentes do Presidente boliviano, e de ameaças explícitas de eliminação física, inclusive das maiores autoridades do país, no domingo, 10 de novembro, o general Williams Kaliman, em nome do comando conjunto das Forças Armadas da Bolívia, "sugeriu" a renúncia do comandante-chefe dessas forças e Presidente Constitucional do Estado Plurinacional da Bolívia eleito em 2014 e em pleno exercício do mandato presidencial até o dia 20 de janeiro de 2020, além de ter sido o mais votado nas últimas eleições.

Neste cenário de flagrante quebra institucional sem precedentes com a omissão expressa das forças da ordem ante a escalada de violência promovida por uma horda bestial rotulada de cidadania mas sobejamente municiada contra as bases políticas do governo, o Presidente Evo Morales Ayma e o Vice-presidente Álvaro García Linera, num ato de magnanimidade e elevado espírito de estadistas, em memoráveis discursos, manifestaram a difícil decisão de ter que renunciar aos mandatos e à continuidade do processo de transformações iniciadas em 2006 para evitar o derramamento de sangue do povo boliviano, sobretudo das pessoas mais humildes, vítimas de ações terroristas inéditas na América Latina, que fazem jus à origem do atual presidente do Comitê Cínico de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho (pronuncia-se "qué-macho") Vaca, ex-vice-presidente, entre 2002 e 2004, da União das Juventudes Cruzenhistas (uma versão boliviana da nefasta Juventude Hitlerista, de triste memória), bacharel em Direito, recém-convertido e novo missionário cristão pentecostal fundamentalista e sócio das empresas "Naturaleza y Vida" e "Navi Holding S/A" (esta última envolvida no escândalo Panamá Papers, em que empresas de "offshore" foram flagradas lavando quase um bilhão de dólares de origem suspeita para 67 empresas e 29 empresários bolivianos).

Analistas internacionais renomados, como Hugo Moldiz e Amaury Chamorro chamam a atenção para os requintes de crueldade no assédio de pessoas humildes com algum tipo de protagonismo nestes quase 14 anos do governo popular de Evo Morales. É impressionante o ódio incutido nessas hordas bestiais, a despeito de sua aparência saudável e bem nutrida, em sua maioria universitário(a)s de instituições públicas revitalizadas pelo governo contra o qual se insurgem como teleguiado(a)s. Profissionais com reputação jornalística ilibada se perguntam qual é a motivação para que seres ensandecidos possam agir de maneira tão estúpida e insensível, submetendo à humilhação e à tortura gente humilde que "cometeu o crime" de se sentir cidadã pela primeira vez na história da Bolívia. Aliás, além de ter tirado da linha da pobreza trinta por cento da população que hoje constitui a classe média boliviana, Evo-Álvaro mantiveram as reservas do tesouro nacional da Bolívia e a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) acima dos cinco por cento nos últimos 12 anos, contrariando a tendência dos países vizinhos, encalacrados em acertos com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que não só acabaram com suas reservas como fizeram a sua economia entrar em estagnação, como é o caso do Brasil e da Argentina.

Acontece que, para os setores parasitários das elites bolivianas, acostumados às benesses do poder e a uma corrupção atávica (impune porque consentida) desde os tempos coloniais, uma economia superavitária não é razão de reconhecimento, orgulho ou comemoração -- ao contrário, é motivo de preocupação, pois os descendentes dos encarcerados e fora da lei desterrados para colonizar a América não aceitam até hoje que um "índio" vindo do campo possa ter capacidade igual ou superior que os seus saudáveis filhos. Maior é o ódio e a inveja, até porque, como em todo país latino-americano, o recalque e o ressentimento estão presentes em todas as famílias de todas as classes sociais, combustível para a intolerância e a rejeição contra as pessoas de origem proletária e indígena. Pior ainda quando se trata de ter que se submeter a uma aduana e uma polícia boliviana com carreira de Estado, ao igual que as forças armadas, profissionalizadas com dignidade e meritocracia. Tudo em vão, pois o "El Macho" ou "Qué Macho" encontrou o ponto "g" de sua submissão em menos dias que o imaginável...

Por outro lado, a cega ânsia de humilhar, torturar e matar os membros do governo que assegurou plena soberania à Bolívia também demonstra o acerto de Evo e Álvaro no combate à corrupção e ao narcotráfico entranhados desde os nefastos tempos da ditadura sanguinária de Hugo Banzer Suárez, que, em 1976, desviou os 500 milhões de dólares do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) destinados para o financiamento do plantio do algodão para a produção da cocaína em escala industrial (como demonstra René Bascopé Aspiazu, em "La veta blanca", de 1983), o que da noite para o dia tornou uma vintena de "amigos" do coronel que se autopromoveu a general em pleno exercício da ditadura, em 1971. Os mesmos que financiaram o golpe travestido de "protestos" muito bem remunerados em uma centena de cidades e povoados bolivianos, sobretudo nas fronteiras com o Brasil, graças às amizades entre Branko Marinkovic e altos assessores do atual governo direitista brasileiro.

Como bem disse Noam Chomsky, do alto de sua experiência política como observador americano consciente das "proezas" do poder profundo dos Estados Unidos, Evo Morales, se não for deposto, tem que ser morto. Essa é a determinação de Donald Trump a seus fantoches na Bolívia. Depois de que a Casa Branca trouxe de volta a Doutrina Truman, parida durante a Guerra Fria, e a entrelaçou à Doutrina Monroe, aquela do século XIX, de "a América para os americanos", a América Latino ficou mais exposta ao estado de humor do inquilino da Casa Branca. Sobre isso, já dizia o ditador mexicano Porfírio Díaz, referindo-se ao destino de seu país, "Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos"...

Juan Evo Morales Ayma e Álvaro García Linera entram para a História como estadistas que deram às imensas camadas populares bolivianas a dignidade saqueada junto com as riquezas e prometidas pelos colonizadores e descendentes ao longo da República como um "regalo", um presente, nunca entregue. Assim como no Brasil, precisou ser um presidente oriundo das classes proletárias para fazer com desenvoltura e abnegação aquilo que nunca passou de promessa de malandro para surrupiar a joinha da moça casadoira. Só que não (como dizem os jovens), pois somos testemunhas privilegiadas que, por durante quase 14 anos -- e antes do bicentenário da independência da Bolívia, que se comemorará em 2025 --, o povo boliviano conheceu, viveu e desfrutou. E quem conhece não esquece, ainda que fantoches messiânicos como o "Qué Macho!" teimem em intimidar, assediar, ameaçar, sequestrar, torturar, agredir e matar...

Ahmad Schabib Hany

domingo, 10 de novembro de 2019

Rafael Correa, expresidente de Ecuador, sobre el socialismo de siglo XXI...

Amauri Chamorro: "Lo que pasó en Bolivia es un golpe de Estado"

Fuerzas Armadas de Bolivia sugirieron a Evo Morales renunciar

Bolivia: se manifiestan en El Alto en contra del golpe de Estado

Policía boliviana ha detenido a seis autoridades electorales

Evo Morales: Dejamos Bolivia con conquistas sociales universalizadas

Evo Morales renuncia a la presidencia boliviana para preservar la paz

Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia

O dedo de Bolsonaro no golpe na Bolívia que derrubou Evo.

Bolivia | Entrevista al Presidente Evo Morales en TeleSur - Nuevas elecc...

Pdte. de Bolivia convoca elecciones para garantizar la paz en el país

Evo Morales convoca a nuevas elecciones presidenciales en Bolivia

Bolivia: ciudadanos rechazan intento de golpe de Estado en El Alto

Transmisión en directo de teleSUR tv

Pepe Escobar: o mundo em pane total

Lula volta a São Bernardo, livre

sábado, 9 de novembro de 2019

�� AO VIVO – Pronunciamento de Lula ao povo brasileiro no Sindicato dos M...

RESISTIR POR LA PAZ

RESISTIR POR LA PAZ

Gestos têm a eloquência dos mais convincentes discursos -- na verdade, mais até. Nestas semanas a Bolívia, depois de longo tempo de prosperidade econômica e paz social, tem sido palco de uma sórdida temporada de barbárie protagonizada por supostos “democretinos” de ocasião: antes mesmo de concluído o escrutínio das eleições gerais de 20 de outubro de 2019, “denunciavam” fraude sem apresentar uma única prova, e em seguida promoviam a barbárie com a desenvoltura do parasitismo e rapinagem próprios dos que sempre viveram à sombra da contravenção, do crime, da sonegação, do narcotráfico.

O primeiro a tentar roubar a cena, até por ter sido o segundo colocado nas eleições presidenciais de 2019, foi o ex-presidente renunciante e “historiador” e “jornaleiro” Carlos de Mesa, que mal tentou “liderar” as hordas bárbaras -- resultantes do “ajuntamento” de racistas, neofascistas, serviçais do império, traficantes, meliantes, delinquentes, recalcados/as e parasitas -- foi jogado para o escanteio por um verme, verdadeiro pulha, chamado Luis Fernando Camacho Vaca, um arremedo boliviano do igualmente lumpen Juan Guaydó, aquele que foi sem nunca ter sido (nos sábios epítetos criados pelo saudoso camarada Dias Gomes, imortal criador de “O Bem-Amado” e “Roque Santeiro”, de saudosa memória).

Quem é, afinal, Luis Fernando Camacho Vaca, o atual presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz e ex-vice-presidente (entre 2002 e 2004) da temida União da Juventude Cruzenhista (UJC), vandálica organização reconhecidamente neofascista que, sobretudo entre 2008 e 2009, promoveu uma avassaladora temporada de barbárie, humilhações a pessoas de ascendência originária e saques a empresários e pequenos comerciantes que “ousavam” não acatar suas determinações. Esse arremedo de tiranete serviçal do império decadente, que é portador de um diploma de bacharel em Direito por uma universidade privada de sua cidade natal e de um mestrado em Direito Público e Tributário em uma universidade de Barcelona (Espanha), se declara empresário, membro de uma sociedade familiar que inclui a “Nacional Vida” e a “Navi International Holding S/A”, acusadas de lavar dinheiro sujo e envolvida no caso “Panama Papers”, em que empresas “offshore”, para sonegar impostos, se refugiaram em paraísos fiscais (no caso, o Panamá), desviando milhões de dólares de procedência ilegal (ou da corrupção, ou do tráfico).

Covarde e bravateiro (além de ladrão comprovado por conta da sonegação de milhões de dólares num país como a Bolívia, em que cada dólar desviado representa mais miséria no seio de famílias humildes), Camacho Vaca esconde sua origem “kolla” -- o pai é um empresário cochabambino beneficiado pelas políticas de incentivos fiscais para o desenvolvimento industrial da Bolívia --, daí por que banca o cruzenhista radical, o mais camba dos cambas. Mas, não por acaso, um dos inúmeros processos contra Camacho Vaca é pela comprovação de que suas empresas não só sonegavam como lavavam dinheiro sujo de 67 outras empresas bolivianas e 29 grandes empresários de seu país. Entende-se, então, a razão da contundência de sua posição anti-institucional: como todo corrupto, precisa quebrar a ordem constitucional para assegurar seus interesses inconfessáveis (e o de seus amos, como lacaio que é).

A bravata mais recente, depois de ter dado uma rasteira no vaidoso pseudointelectual Carlos Diego de Mesa Gisbert, foi ter anunciado levar e protocolar pessoalmente uma carta ao Presidente Juan Evo Morales Ayma à Casa Grande do Povo (nova denominação do Palácio Presidencial, que desde 1948 passara a ser chamado de “Palacio Quemado”, depois da insurreição popular que imolou o então presidente Gualberto Villaroel, no ano anterior). Cheio de jogo de cena (lembra muito o boçal nato que gravita por estas plagas), depois de idas e vindas, amarelou e não entregou, pois é muito mais covarde que o que aparenta. Só quando estiver no colo de meia dúzia de generecos golpistas (da reserva), como ele deseja, é que se sentirá com suficiente coragem para fazê-lo. É do tipo que ronroneia quando está no colo de um portentoso fardado.

Mas pode esperar sentado, pois, após uma tentativa de sublevação de alguns oficiais-generais da Polícia Nacional em três capitais departamentais distantes do epicentro da sede de governo boliviana, toda a cúpula das Forças Armadas bolivianas, de modo uníssono e conciso, reiterou seu irremovível compromisso com o Estado de Direito e a Constituição do país, deixando claro que as questões políticas não as tirarão de seu compromisso constitucional de defender a unidade da nação e do Estado. Embora emissoras de televisão golpistas (iguais à Gloebbels no Brasil) tenham tentado dar outra interpretação à declaração oficial conjunta dos comandantes militares bolivianos (de que isso é um “ultimato” para o governo constitucional do Presidente Evo Morales), observadores experimentados entendem que é um claro revés a qualquer tentativa de golpe diante do aliciamento de altos oficiais da reserva, sobretudo aqueles que serviram ao facínora sanguinário Hugo Banzer Suárez, ditador entre 1971 e 1978 cujo regime institucionalizou a produção da cocaína como a mais importante atividade econômica no período ditatorial em que promoveu o terrorismo de Estado e uma carnificina nunca antes vista no país.

Camacho Vaca, agora como líder messiânico (passou a incorporar o discurso dos fundamentalistas evangélicos neopentecostais), parte para o tudo ou nada. Anunciou neste sábado, em meio a diversos motins incentivados por ele e pelos parasitas que o acompanham em diferentes capitais departamentais distantes de La Paz, que o “alvorecer desta segunda-feira será a cruzada final”, numa clara ameaça à vigência do Estado de Direito e à deflagração de um golpe de Estado. Destituído de qualquer mandato popular, por via eleitoral ou comunitária, esse autoproclamado “defensor da democracia” (quando seu passado demonstra exatamente o contrário) arvora-se paladino da pátria boliviana ao mesmo tempo em que instiga seus legionários vandálicos a atentar contra a vida e a democracia, bem como depredar acintosamente bens públicos de um país que começa a sair da pobreza e cujos recursos investidos têm um valor incomensurável.

Diante disso, todos os setores democráticos verdadeiramente comprometidos com os mais comezinhos princípios libertários e solidários desenvolvidos pela humanidade nos últimos milênios têm o dever moral de repudiar veementemente a tentativa golpista de interromper a vida constitucional da Bolívia, construída com muito denodo e generosidade por gerações que deram a vida ou os melhores momentos de sua existência para oferecê-la às novas gerações como um legado inarredável. Como propugnava uma consigna latino-americana de 1980 ante a escalada golpista dos narcogenerais comandados por Luis García Meza, “resistir por La Paz”. Resistamos, pois, todos/as, por La Paz e pela democracia em nossa América Latina, cada vez mais assediada pelos fantoches do império, sejam eles togados, fardados ou mascarados.

Ahmad Schabib Hany

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CARLOS DE MESA, A MENTIRA COM NOME E SOBRENOME




CARLOS MESA, A MENTIRA COM NOME E SOBRENOME

Filho de um casal de docentes universitários dos cursos de Arquitetura e História -- José de Mesa e Teresa Gisbert de Mesa --, o jornalista (ou, melhor, jornaleiro, pois virou patrão depois de criar a Rede PAT, uma versão andina da CNN) Carlos Diego de Mesa Gisbert é a expressão mais precisa daqueles seres que vivem da mentira consentida pelas elites. Longe de ter sido privado de prosseguir os estudos universitários naqueles cruentos tempos de sucessivas ditaduras militares, o jovem bem-nascido com ares de intelectual iniciou duas graduações nunca concluídas, a de Letras e depois a de História. Como nunca esteve exilado, não pôde realizar um mestrado ou doutorado em universidades abertas, como as da Suécia, que concederam títulos universitários a diversos perseguidos políticos latino-americanos.

Graças à generosidade do hoje saudoso Jornalista Lorenzo Carri, um argentino-boliviano de talento singular e de um coração igualmente magnânimo, valeu-se de uma oportunidade quando o sisudo cronista esportivo e brilhante analista político dirigia o departamento de jornalismo da solene e respeitada Rádio Cristal, uma FM de altíssimo nível de propriedade do emblemático radialista Mario Castro, outra referência do rádio na América Latina. Ingrato, Mesa foi incapaz de, em seu breve e conturbado mandato presidencial, conferir algum título de reconhecimento a esses dois grandes mestres do Jornalismo e da Radiodifusão responsáveis pelo sucesso profissional imerecido e injustificado. Tanto é verdade, que a Rede PAT (“Periodistas Asociados de Televisión”) não teve estrutura nem estratégia para sobreviver ao seu próprio desgoverno, de privataria e entregas das riquezas nacionais, a despeito da luta dos próprios pais, nacionalistas do extinto Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR).

Medíocre e oportunista, Carlos Mesa valeu-se do convite dos pais para participar da coautoria de um manual de História da Bolívia criado pelo renomado historiador Humberto Vásquez Machicado décadas atrás (quando o pretenso intelectual sequer era púbere), e algumas edições depois, com o maior cinismo, substituíra o titular (falecido em 1958) dessa obra de referência de estudantes e professores no vizinho país, num flagrante caso de apropriação indébita e escandalosa. O episódio causou muito desconforto a seus pais, reconhecidamente competentes e donos de uma biografia impecável, a despeito da falta de caráter do filho Carlos Diego, introduzido à política pelas mãos entreguistas de Gonzalo Sánchez de Losada, “Goni”, que teria deixado um “ajutório” em milhares de dólares para tê-lo de vice em sua chapa em 2002.

Sobre o episódio, de modo sucinto e claro, o coletivo cidadão boliviano “Primera Plana” cita o Professor Ramiro Fernández Quisbert, presidente da Associação Nacional dos Profissionais de História, e observa adiante: “A História esqueceu Humberto Vásquez Machicado e premiou com o rótulo fictício de grande intelectual Carlos de Mesa, sendo toda uma falácia consentida como verdade durante muitos anos e o livro História da Bolívia estudado na formação escolar invisibilizando as grandes revoluções indígenas que propiciaram a independência da Bolívia, as transformações sociais desde a luta popular subalterna e o papel dos movimentos sociais contra o modo liberal e neoliberal da administração pública da Bolívia.”

Eleito vice-presidente da Bolívia na chapa de outro embuste eleitoral, o tristemente célebre “Goni” (outro que ostentava diploma de bacharel em Filosofia sem nunca ter cursado, até ser desmascarado nos Estados Unidos), assumiu a presidência do País por efêmero período para repetir o covarde ato de renunciar e partir para a metrópole dos fantoches serviçais, sob acusação de incompetência, servilismo ao império e corrupção. Depois disso, permaneceu no ostracismo, vítima de seu narcisismo e falta de caráter, até ser convidado para integrar uma comissão de alto nível para tratar das demandas marítimas da Bolívia, que desde 1879 perdeu sua saída ao Oceano Pacífico depois de ter participado de uma conflagração armada, ao lado do Peru, contra o Chile.

Aliás, foi o próprio presidente Evo Morales Aima -- contra quem hoje conspira -- que o reabilitou politicamente quando o chamou para participar da comissão de alto nível para a solução marítima, ao lado de ex-presidentes como eminente Juiz Eduardo Rodríguez (presidente da Suprema Corte de Justiça que exerceu a presidência do país depois da renúncia de Mesa e assegurou um processo eleitoral isento e transparente que permitiu a eleição do atual presidente boliviano), trazendo-o de volta ao cenário político boliviano.

Além da vaidade e do narcisismo, Carlos Mesa padece do mesmo mal das elites dominantes latino-americanas, que, igual escorpião peçonhento, não conseguem deixar de picar quem os ajuda. Mal se encerraram os escrutínios de outubro, sem que a contagem dos votos tivesse sido totalizada, o caricato William Waak andino incitou canhestramente ao não reconhecimento dos resultados, numa prova cabal de sua total falta de convicção democrática. Não só imitou o nefasto Aécio Neves em 2014 quando sofreu uma derrota acachapante de Dilma Rousseff e o levou à conspiração contra o Estado Democrático de Direito de cujas consequências a nação é vítima até a presente data, como atentou contra os mais comezinhos princípios de urbanidade e civilidade por dar o sinal verde para as hordas de mortos-vivos alimentados de ópio (digo, pasta-base) e ódio, intitulados de (sic) “juventude hitlerista” levar a barbárie pela Bolívia afora.

Tal como aqui, em que “órfãos” e “viúvas” da (mal)ditadura saíram dos fétidos e sombrios porões em que se achavam desde 1985, do outro lado da fronteira os filhos bastardos dos narcogenerais (entre os quais o facínora há pouco tempo falecido de sobrenome García Mesa) promovem barricadas para interromper as transformações conquistadas pela maioria do povo boliviano, cansado de entreguismo e servidão ao império decadente. Não é preciso ser expert em economia para saber que a Bolívia até o momento detém os melhores indicadores econômicos precisamente pela adoção de uma política econômica sustentável e soberana, em que as riquezas nacionais são geridas pelos atores sociais bolivianos, e não mais pela volátil e voluptuosa bolsa de valores de Nova York, responsável pela quebradeira que aniquila as depauperadas economias do Chile de Piñera, da Argentina de Macri, do Equador de Moreno e da Colômbia de Duque.

É fundamental que se preste atenção nas apreensões volumosas de cocaína, cujo tráfico até hoje é controlado pelos “órfãos” do maior facínora boliviano, o falecido coronel autopromovido a general em 1971 (quando recém-proclamado ditador por mais de sete anos) Hugo Banzer Suárez. Ao lado dos fantoches e serviçais do império, são os traficantes os mais desesperados por interromper o ciclo econômico superavitário da Bolívia, afinal, a implantação de uma política meritocrática na aduana, nas polícias e nas forças armadas sepultou qualquer possibilidade de manter os feudos oligarcas que abasteciam de corrupção as instituições públicas bolivianas.

Diferentemente de muitos países latino-americanos em que lideranças populares são mortas impunemente, o povo boliviano tem feito a sua história com altivez e coragem, de fazer inveja a qualquer bravateiro metido a patriota, que quando vê um guarda-roupa loiro de olhos azuis começa a ronronear...

Ahmad Schabib Hany

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