LULA NAS MASMORRAS E A GÊNESE DE
UM NOVO REGIME DE EXCEÇÃO
A
partir de 2018, o 7 de abril passou a ser um dia de protesto, de resistência e
de luta. Se antes nos reuníamos para celebrar o Dia Mundial da Saúde, agora
temos que lutar não apenas pela libertação do mais importante preso político brasileiro
-- não por acaso o maior estadista dos últimos 60 anos, Luiz Inácio da Silva, o
Presidente Lula --, mas pela retomada do Brasil, sobretudo depois dos dois mais
recentes inquilinos do Palácio da Alvorada entregarem a soberania nacional e as
riquezas do País às quadrilhas de saqueadores que sucederam piratas e corsários
pelo mundo afora.
Não
há boatos nem as tais “fake news” na entrega aos Estados Unidos da Base de
Alcântara (no Maranhão), do Pré-Sal, do Aquífero Guarani, da Amazônia, do
Pantanal, do Cerrado, da Mata Atlântica, da Caatinga, dos Pampas, da Amazônia
Azul e de inúmeras reservas petrolíferas na plataforma continental às
multinacionais concorrentes. Aliás, depois da emblemática “venda” da Embraer
para a Boeing (empresa estatal estadunidense detentora de patentes industriais
na área de tecnologia aeroespacial de ponta) pelo (des)governo de Michel Temer
e a quadrilha de Romero Jucá, Raul Jungman, Mendonça Filho, Aloysio Nunes, Blairo
Maggi e Gilberto Kassab, qualquer ato de lesa-pátria passou a ser naturalizado.
Como
abutres, setores parasitários da sociedade brasileira -- rentistas, banqueiros,
especuladores, oligarquias decrépitas, organizações criminosas de todos os
naipes, milicianos, contraventores, empreiteiros, sanguessugas da burocracia,
agentes do Estado cooptados pelo império decadente e barões de grupelhos
midiáticos -- passaram a conspirar contra o Estado Democrático de Direito, a soberania
nacional e as políticas sociais e afirmativas oriundas da Constituição Cidadã
do Doutor Ulysses Guimarães, o terror do facínora Brilhante Ustra e seus
torturadores canalhas, e efetivadas durante os governos progressistas de Itamar
Franco, Lula e Dilma Rousseff.
Se
em algum momento se valeram do discurso patrioteiro requentado das diversas
tentativas pretéritas de golpear governantes progressistas em meados do século
passado, seus propósitos eram ainda mais nefastos: não se limitavam à destituição
de governantes legitimamente eleitos, mas à destruição das conquistas sociais e
políticas renhidamente construídas por décadas a fio e, sobretudo, à entrega
das riquezas naturais e da soberania nacional aos nefastos abutres do império
decadente, instalado em Washington.
Pivô
de toda essa sórdida trama, o sinistro da Sujista do desertor arrependido que
antes se passava por super-hiper-herói, Sérgio Moro, revelou-se serviçal de
quinto escalão do Departamento de Justiça da Casa Branca, incapaz de articular,
tal qual seu chefe e líder fantoche, uma centena de palavras que pudessem
expressar uma nova concepção de gestão, administração ou política para o País.
Pobres diabos, medíocres em demasia, não resistiram aos 100 emblemáticos dias
de graça que as democracias costumam conceder aos seus recém-empossados
dignitários.
Nem
o ex-assessor de terceiro escalão do sanguinário ditador chileno Augusto
Pinochet, empavonado sabe-tudo (para os idiotas) Paulo Guedes, nem o astrólogo
falido metido a “filósofo” de cabeças-ocas travestidos de líderes políticos
como Olavo de Carvalho podem dar sustentabilidade a essa súcia atabalhoada,
deslumbrada pelo poder que ainda não conseguiram amealhar. Por isso, caso não houver
um urgente pacto político de caráter sinceramente democrático, em que todas as
forças democráticas se articulem e construam uma agenda política proativa,
dignificante, nacionalista e, sobretudo, em defesa da soberania nacional e da
soberania popular, algo como “Frente Ulysses Guimarães”, estaremos todos a
lamentar prejuízos de toda ordem pelos próximos anos.
Não
há dúvida de que o tenente rebelde que virou capitão da reserva remunerada e
sua “dinarquia” (termo inventado, em plena ditadura, por Henry Maksoud em sua
revista Visão), isto é, seus filhos e
outros seres bizarros a eles associados, não têm competência nem credibilidade
política para ousar implantar um regime de exceção. Mas as suas traquinagens
dentro e fora do Brasil -- como a de apoiar atos tresloucados de Donald Trump,
de conspirar contra a soberania da Venezuela, e de Beniamin Netanyahu, de
afrontar contra a existência do milenar povo palestino -- poderão levar o País
a um processo de empobrecimento econômico e desintegração política, cenário que
costuma entusiasmar aventureiros neofascistas que se valeram do fantoche
travestido de mito para encontrar um atalho e invadir o Palácio do Planalto.
A
propósito, é de pasmar a informação de que a decisão do ministro Toffoli,
presidente do STF, de adiar sine die o julgamento da prisão de condenados em
segunda instância pelo pleno daquela corte superior decorreu de fortes pressões
da cúpula militar do País. Quero crer que as instituições militares do Brasil
têm compromisso com os interesses maiores da Nação, de modo que a manifestação insólita
de (sic) “lobos solitários” precisa
ser isolada veemente e exemplarmente, sob pena de ver o país-continente
naufragar em seu legítimo projeto de potência pacífica e democrática.
Claudicar
ante uma avalanche de sucessivos atropelos constitucionais cometidos por quem
deveria guardar a Constituição Federal já é bizarro, mas chega a ser um absurdo
assistir a um ato flagrante de violação de prerrogativas constitucionais
explicitamente asseguradas sem que algum par se manifestasse oportunamente,
no intuito de cessar de imediato toda e qualquer tentativa de aventura
golpista. Gênese de algum novo regime de arbítrio (ou exceção) a ser implantado
pode até habitar o imaginário funesto de algum saudoso dos anos de chumbo, mas
daí para tornar realidade é outra questão. Eles não passarão...
Ahmad Schabib Hany
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