domingo, 31 de março de 2019

AINDA QUE TEIMEM, A HISTÓRIA NÃO ANDA PARA TRÁS...

"Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei..." (Bordão do regime de 1964)

AINDA QUE TEIMEM, A HISTÓRIA NÃO ANDA PARA TRÁS...

1964 ficou no passado, e o saudosismo daqueles que não têm projeto de nação e muito menos programa de governo pode tumultuar e causar prejuízos econômicos e sociais -- porque o País não suporta tanto amadorismo e improviso de canastrões --, mas não terão competência política para concretizar algo cujas condições históricas estão longe das necessárias para que pudesse ocorrer.

Ainda que os saudosistas sublimem, que sofismem como têm feito reiteradas vezes, 1964 ficou para trás. Hoje, a despeito de uma vitória eleitoral de pirro (porque, além de fraudada e cheia de vícios, sobretudo legais, o capitão da reserva não soube -- desculpem o quase trocadilho -- capitalizar no momento certo sua legitimação, tamanha sua incompetência política), o Brasil é outra nação, com demandas complexas e, finalmente, com valiosíssimos interesses no concerto das nações.

A similaridade entre 1964 e 2016-2018 (isto é, da deposição de Dilma à “eleição” do ex-tenente imponderável) está na cooptação, por agentes do governo de Washington (via Departamento de Justiça da Casa Branca), de certo número de agentes do Estado brasileiro (juízes, promotores, policiais e auditores fiscais), políticos, empresários e formadores de opinião, além da manipulação, pelos grandes grupos midiáticos, de setores suscetíveis ao discurso golpista (a pseudo classe média, o capital financeiro, rentistas e os setores parasitários da sociedade).

Aliás, as velhas oligarquias perderam seu espaço para uma nova classe econômica pragmática, resoluta e sobretudo eficiente. Sem dúvida, essa nova elite brasileira incorreu num flagrante erro ao embarcar na aventura golpista de Temer, Jucá e Moro, “com Supremo, com tudo”, mas, depois de terem dado o seu voto (nada útil) para o imprevisível ex-tenente rebelde que vive a brincar de presidente, procuram uma equação política por meio do general Mourão, seu vice, que tem tentado se preservar das turbulências provocadas pela pretensa dinastia presidencial...

Recentes artigos elucidativos dos Jornalistas Luís Nassif (sobretudo aquele que revela as relações nada republicanas do Departamento de Justiça e agentes do Estado brasileiro, entre os quais Sérgio Moro e seus colegas da Lava Jato), Mino Carta, Fernando Morais, Alex Solnik, Paulo Henrique Amorim, Kiko Nogueira, Paulo Rovai, Luiz Carlos Azenha, Ricardo Kotscho e Sérgio Guimarães, e análises de Celso Amorim, Jessé Souza e Sérgio Altman elucidam toda e qualquer tentativa de sofismar uma aberração da história como foi aquele período de 21 anos de arbítrio e opressão.

Na verdade, a incompetência e falta de legitimidade dos atuais inquilinos do Palácio da Alvorada os fazem subverter a ordem cronológica e lógica do poder, até no sentido mais conservador. O capitão da reserva remunerada, quase 30 anos obscuro deputado federal, não agrega, não representa e, pior, não articula absolutamente nada, eis porque vive de (sic) “fake news” e de falsas questões, inclusive a de reabrir uma ferida não suficientemente cicatrizada...

Mais que nunca, é hora de que todas as forças sinceramente democráticas -- incluindo as do centro-direita liberal, sem qualquer preconceito -- se dispam de mágoas, vaidades e mesquinharias e façam das ruas o palco da História (com letra maiúscula), para acabar de vez qualquer tentativa funesta de, na falta de programa de governo ou projeto de nação, a imbecilidade que tomou conta dos destinos da nação, retorne ao lugar de onde jamais deveria ter saído: o lixo da História.

Ahmad Schabib Hany

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