ME(RD)CHEL
T(R)EMER, O CONDE… NADO!
Até porque ele e nada, "tudo a ver" e haver...
Alter-ego do sinistro conde que assombra os habitantes da Transilvânia,
Me(rd)chel T(r)emer, obscuro ser de ascendência fenícia (é como seus pares
costumam esnobar seus conterrâneos da Arábia milenar, cuja generosa história
tem sido aviltada desde os funestos tempos do igualmente perverso império
turco-otomano, extinto em 1917), galopou impune num corcel alado patrocinado
pelo império do caos, sem esboçar qualquer constrangimento.
Foi como, acredita, ter chegado ao topo de uma carreira cheia de,
digamos, escaladas inusitadas. E, afinal, qual é a sua grandeza? Chegou à
política pelas mãos limpas de ninguém menos que o então governador Franco
Montoro. Primeiro, como Procurador-geral do Estado (de São Paulo), em 1983. A
sua escolha fora iniciativa do probo assessor Quartim de Moraes, numa
estratégia de mostrar que o PMDB (na verdade Montoro) não nutria qualquer
restrição aos descendentes de libaneses (por causa de Paulo Maluf, figura
ligada ao regime e flagrantemente derrotada nas urnas).
Não demorou muito para ser guindado à Secretaria de Segurança Pública,
ainda em 1983, por suas ligações com a comunidade católica, ainda que por meio
de seu setor conservador, quando ganhou certa notoriedade por ter inovado com a
criação da delegacia especializada de atendimento à mulher, a primeira no
Brasil. Discreto, ardiloso, oportunista, Me(rd)chel T(r)emer foi logo despertando
atenção do governador Montoro, que virou seu padrinho para uma vaga do
Congresso Constituinte de 1986. Porém, destituído de carisma, seu medíocre
desempenho eleitoral o fez suplente de deputado federal, até ter assumido sua
vaga no início dos trabalhos da Constituinte.
Mas era o patinho feio do PMDB: José Gregori e José Carlos Dias, bem
mais articulados e ligados a setores progressistas da Igreja Católica, nunca
lhe deram qualquer importância. Os discípulos do saudoso Ulysses Guimarães –-
bem como o próprio lendário líder peemedebista -– sempre tomaram certos cuidados
com políticos como T(r)emer. Por essa razão, passou décadas disputando reeleições
sucessivas para retornar à Câmara Federal com votações pífias, até que, numa
conspiração contra a longeva presidência de Orestes Quercia no PMDB, valendo-se
de desafetos tucanos paulistas, nos imemoráveis tempos do sociólogo que virou fantoche
neoliberal, dá sua primeira demonstração de seus atributos golpistas.
Quercistas históricos jamais o perdoaram por tal conspiração. Entre
eles, Renan Calheiros e Jader Barbalho. Se durante os anos canhestros de FHC
foi galgando postos estratégicos na Câmara (nas comissões permanentes e na mesa
diretora), durante os dois mandatos do metalúrgico de alma peregrina que virou
estadista foi conquistando a confiança dos petistas. Tanto assim, foi eleito e
reeleito vice-presidente da República, ao lado da primeira mulher eleita e
reeleita presidente da República na história do Brasil. Só Lula e o PT para lhe
darem tamanho valor, e ainda assim sua mesquinhez de golpista por vocação -– tal
qual escorpião, que quando não tem a quem ferrar ferra a si mesmo -– o levou a
fazer o jogo dos golpistas, sem ter esboçado qualquer hesitação.
Da mesma forma, com acinte e cinismo, ainda na condição de interino,
vem agindo arrogantemente como se efetivo fosse. Coisa de golpista. Embora
ostente em seu medíocre currículo uma pífia formação jurídica, em nenhum
momento observou a liturgia do cargo na condição de interino, provisório, e
instiga os igualmente obcecados, acometidos da síndrome de abstinência do poder,
a “acelerar o processo de impeachment” para poder executar uma agenda política
que não foi vitoriosa nas urnas, e ao lado dos flagrantemente derrotados em 2002,
2006, 2010 e 2014.
Reflito e escrevo como descendente de árabe –- ou, como querem alguns,
libanês -–, para compartilhar o estranho sentimento de profunda vergonha que
toma conta da alma. Como se já não nos bastasse termos que pagar –- e caro -–
pela empáfia (e, sobretudo, “heterodoxia ética”) malufista de triste memória, sempre
associada ao golpismo e à bandalheira, a generosa cultura árabe e seus descendentes
não merecemos mais um estigma, e dos piores: a deslealdade. Logo o primeiro
vice-presidente brasileiro de ascendência árabe eleito e reeleito num projeto
de vanguarda ter-se revelado indigno da confiança, um traidor, um judas (sem
maiúscula), ao aliar-se aos adversários –- ou, melhor, aos inimigos -– e, sem
qualquer comedimento, entregar a soberania nacional aos mesmos inimigos de nossos
ancestrais do Oriente Médio.
Isso é coisa de sionistas, irmãos siameses dos “arautos” do império
estadunidense e de seus sócios da OTAN. Se meu saudoso Pai estivesse vivo,
voltaria a morrer, às vésperas dos 20 anos de sua eternização. Foi, aliás, com
ele que conheci a generosa cultura milenar –- e sua altiva história –- muito
antes da aparição destes medíocres e esnobes personagens que a história
política brasileira haverá de julgar sem os subterfúgios do “Direito positivado”
que historicamente tem poupado as elites dominantes, desavergonhadas e
entreguistas. E para isso, é urgente irmos às ruas, repudiar os
conspiradore(a)s e suas ousadas investidas contra o projeto proclamado vencedor
em 2002, e referendado em 2006, 2010 e 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário