Exatos 50 anos depois, resgatamos dos acervos do Estadão http://acervo.estadao.com.br/ pagina/#!/19660123-27842-nac- 0001-999-1-not/tela/fullscreen ) e da Folha (http://acervo.folha.uol.com. br/fsp/1966/01/23/2/ e http://acervo.folha.uol.com. br/fsp/1966/01/24/2//4444143)
as edições em que os principais jornais de São Paulo subscreviam um
manifesto à nação denunciando o ingresso de capital estrangeiro (do
poderosíssimo grupo TIME-LIFE) na TV Globo de Roberto Marinho, havia
apenas um ano de ter sido fundada, com o beneplácito do regime de 1964.
Era
o fim de semana que precedia o feriadão do 412o. aniversário de
fundação de São Paulo, no segundo ano de vigência do regime, ainda em
clima ufanista. O Estadão, mais meticuloso, dera a denúncia em
sua edição de domingo, com destaque na primeira página e direito a
comentário na página de editoriais ("Notas e Informações"), página 3, e
na página de análises econômicas (página 37), conforme ilustração
acima. A Folha, bem ao seu estilo demotucano quatrocentão
em-cima-do-muro, veiculara a nota em primeira página -- como os demais
--, com um editorial intitulado "Estrangeiros na imprensa" (página 4),
tendo repetido a divulgação do manifesto de primeira página em sua
edição de segunda-feira, bastante procurada na época, pois a maioria dos
matutinos não circulava no primeiro dia útil da semana, ainda mais em
véspera de um feriadão como o do aniversário de 412 anos de fundação de
São Paulo, como pode ser visto nas ilustrações acima.
Sobre
esse episódio, o Jornalista Paulo Henrique Amorim, em seu mais recente
livro, "O quarto poder -- uma outra história", é bastante revelador, de
acordo com a ilustração da página deigitalizada em que trata do tema,
revelando que Victor Civita, fundador da Abril, temendo sofrer
represálias das autoridades brasileiras, declinara da proposta de
sociedade milionária, recomendando os seus interlocutores a procurar por
Roberto Marinho, no Rio de Janeiro. Em 1980, Marinho, que não era amigo
de ninguém, nem tomou conhecimento quando se tratou de "driblar" a
Abril e "recomendar" Sílvio Santos, que já era sócio majoritário na
Record, para ficar com a concessão dos canais renanecentes da extinta TV
Tupi, hoje SBT, aos seus amigos do regime de 1964 (https://books.google.com.br/ books?id=540BCwAAQBAJ&pg= PT106&lpg=PT106&dq=%22Cesare+ Civita%22&source=bl&ots=qy_ 9C2FZ2o&sig=dHGgg2nId1Mso6_ pYE4OJIeb6ZM&hl=pt-BR&sa=X& ved=0ahUKEwjhsZi3y_ zKAhXDH5AKHfSvD6o4ChDoAQg0MAQ# v=onepage&q=%22Cesare% 20Civita%22&f=false).
É
desnecessário dizer que, a despeito da chiadeira dos donos dos
principais jornais brasileiros de então, os seus "amigos" do regime de
1964, durante os 21 anos em que reinaram no País, absolutamente nada
fizeram para impedir esse, digamos, "investimento". Desse período
nefasto da História, temos, isso sim, um sintomático aforismo, que
sentencia algo, mais ou menos assim: "Aos amigos, tudo; aos inimigos, os
rigores da lei..." É preciso dizer algo mais?...
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