ALICE, O
SORRISO ETERNIZADO
Na Vida, há situações inexplicáveis. Alice Seren Martins, que nos atendia com
aquele sorriso e paciência inesgotável na Farmácia Brasil, se eternizou,
repentinamente, na flor da idade. Cordial, gentil, trabalhadora incansável, ganhou
voo, como uma gaivota, como um anjo, num final de semana. Trabalhou até o
último dia da semana – e deve ter se despedido, bem ao seu jeito, do(a)s colegas
e amigo(a)s de trabalho.
Conheci Alice, bem jovenzinha, numa farmácia antiga. Acredito que numa
das que já fecharam. Então, meus saudosos Pais eram vivos e precisavam
periodicamente uma quantidade grande de medicamentos. Na véspera, ligávamos
para conferir se todos os remédios prescritos estariam disponíveis, em estoque.
Lá estava ela para a conferência. Ela e seu irmão trabalhavam juntos.
Não me lembro tê-la visto algum momento impaciente. Era dessas pessoas
iluminadas que sempre estão, prestativas, à mercê do(a)s outro(a)s, por
vocação. Não tenho dúvidas de que, se ela tivesse condições, teria sido
enfermeira ou médica (porque até 15 anos atrás Corumbá não tinha sequer um
curso de técnico de enfermagem – foi a querida Socorro de Maria, esposa do
Amigo Carlos Pinho, que lutou junto ao Ministério da Saúde para conseguir o
primeiro curso de técnico de enfermagem em nossa região).
Trabalhou em quase todas as farmácias grandes da cidade. Quando se
casou, decidiu abrir sua farmácia, senão me engano, na parte alta. Foi no único
período em que não a vi por algum tempo. Mas empreender é uma aventura
arriscada, não demorou muito e retornou à vida de assalariada. Sempre
sorridente e atenciosa, e apesar da tenra idade, extremamente madura e
compreensiva.
Como atendente de farmácia, profissão que ela escolhera, sempre
procurou se atualizar, se aperfeiçoar. Por conta disso, a vi, uma única vez,
dando entrevista numa reportagem da televisão. Apesar do nervosismo diante das
câmeras, o sorriso estava estampado. Espontânea, generosa e responsável, muito
responsável.
Acredito que isso a tenha consumido por dentro: aquela exuberância
externa, inabalável, absorveu experiências próprias da Vida, e o tempo se
encarregou de fragilizar sua saúde. É comum vermos trabalhadores da saúde (e
atendente de farmácia é dessa área) prontos, solícitos, para atender os outros,
mas não faz ideia de como sua saúde anda.
Mas o fato é que a nossa querida – e agora saudosa – Amiga Alice não mais
está entre nós. Alçou voo, foi para o firmamento, com seu sorriso, seu carinho,
sua compreensão e sua inesgotável graça. Como gaivota, como anjo, seu rastro de
bondades, de boas ações para o próximo, ficou em nossa memória, em nossos
corações.
Obrigado por ter existido, Alice! Obrigado pelas lições de Vida e de
amor ao próximo! Até sempre, Amiga!
Ahmad Schabib
Hany
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