Por
que derrotar o inominável no primeiro turno
Não se trata de uma eleição normal,
em que no primeiro turno se vota no(a) candidato(a) do coração e no segundo
turno no(a) menos pior: existe uma ameaça explícita contra a Democracia, e
derrotar o fascismo no primeiro turno é urgente e inadiável.
Pela primeira vez, no período
republicano da história política brasileira, não se trata de uma eleição em
condições normais. Basta atentar para a violência política desde antes da
campanha eleitoral, em que foram mortos por fanáticos governistas pelo menos
dois apoiadores do ex-presidente Lula, um no Paraná e outro em Mato Grosso
(além das inúmeras tentativas de intimidação contra candidatos da oposição).
Sem exagero, usando a racionalidade
que o caso requer, estamos ante manifestações do fascismo, que não é partido,
mas um câncer que, entre as décadas de 1920, com Benito Mussolini, e 1930, com
Adolf Hitler, levaram a morte e o caos à Itália e à Alemanha (tendo depois se
espalhado por Portugal, com António Salazar, e Espanha, com Francisco Franco).
Feito camaleão, eles usam símbolos pátrios, religiosos e tradições para
‘dopar’, entorpecer a mente das pessoas mais vulneráveis e poder manipulá-las.
Fascismo, nazismo, salazarismo e
franquismo não são correntes políticas, mas verdadeiro câncer que se instala
nas profundezas mais inacessíveis das sociedades adoecidas por um conjunto de
fatores, como as desigualdades sociais, a concentração de renda, crise de
identidade nacional (Itália e Alemanha, no início do século XX, viviam o
pós-unificação de seus respectivos Estados nacionais, tendo como heróis
Garibaldi e Bismark; e Portugal e Espanha viviam as primeiras décadas da
experiência republicana, depois de séculos de reinos coloniais que sobreviveram
dos saques e da exploração dos povos originários e dos povos escravizados da
África).
Se isso não fosse um fato histórico
sem lugar a questionamentos, não teríamos assistido, no pós-guerra de 1945, às
históricas sentenças (inclusive de pena capital), pelo Tribunal de Nuremberg,
dos principais auxiliares de Adolf Hitler durante o III Reich, quando o tirano
nazista foi líder supremo. O nazifascismo está proibido por lei expressa em
todas as democracias sólidas, diferente do que afirmam os seguidores do
inominável, saudoso da ditadura sanguinária vigente no Brasil entre 1964 e
1985.
Desde a década de 1920, no país há um
inexpressivo, mas poderoso, grupelho de simpatizantes da Ação Integralista
Brasileira (‘os camisas verdes’), fundada por Plínio Salgado. Um de seus mais
conhecidos discípulos desde antes do pós-guerra de 1945 é o ex-senador e
ex-presidente da Arena nos anos de chumbo Felinto Müller, um cuiabano que
durante o Estado Novo (a ditadura fascista de Getúlio Vargas, entre 1937 e
1945) foi um importante colaborador do então ditador, tendo sido responsável
pelo envio de Olga Benario Prestes ao campo de concentração nazista, na
Alemanha, pelo que David Nasser escreveu um livro advertindo que “Falta alguém
em Nuremberg”, referindo-se, óbvio, ao ex-chefe da polícia política
estadonovista.
Décadas depois, um grupo de
servidores de carreira do Judiciário e do Ministério Público Federal, chegadinhos
a uma camisa preta, sob a liderança de Sérgio Moro e de Dalton Dallagnol, com a
evidente ajuda do Departamento de Justiça e do FBI dos Estados Unidos (até
porque seu QI não lhes permitiria muita argúcia para tamanha trama, como hoje
fica provado com a impugnação da candidatura de Dallagnol pelo TRE/PR), começa
uma sórdida perseguição ao (gostem ou não) até agora único estadista brasileiro
do século XXI, também conhecida como ‘Perseguição Leva Jeito’.
A pressa para aprisionar o líder das
pesquisas de 2018 era clara: tirar Lula das eleições daquele ano, cujo
beneficiário, sem qualquer atributo à altura, conhecemos muito bem. Delações
negociadas, acusações sem provas materiais, processos ‘a jato’ (sem qualquer
trocadilho ignóbil). A farsa só caiu por terra depois que uma equipe de
jornalistas corajosos do The Intercept
Brasil publicou em uma série de reportagens a troca de faquinha, digo, de
conversa entre eles (o que para o Estado de Direito é um crime). Atualmente, o
máximo que esses quadrilheiros conseguem é serem candidatos a cargos pífios e,
pior, pelos partidos que na eleição de 2018 deram apoio ao inominável.
Tanto o grupelho de recalcados
fascistoides quanto o da ‘Leva Jeito’ têm uma narrativa insólita tão mentirosa
quanto sua trajetória política, sobretudo nos últimos anos. Eram os heróis que
os das avenidas Nossa Senhora de Copacabana e Paulista, entre outras, aclamavam
nos idos de 2014 a 2018. Quem estava por trás? Bem, se pensarmos nos trilhões
do pré-sal, nas sólidas empresas nacionais de infraestrutura e construção civil
e naval, nas reservas bilionárias do Tesouro Nacional, no banco de
desenvolvimento do BRICS, na liderança mundial pacifista e soberana
protagonizada pelo Brasil na política exterior, os bananas de pijama e o
caquético ‘irmão do norte’ (em minúsculas) estão por trás, como em 1964.
Para que prolongar por mais quatro
semanas a derrota acachapante e eloquente sobre o fascismo e os facínoras que
atentam contra o Estado Democrático de Direito? É preciso dar um basta rotundo,
um chega prá lá consistente, para que os seis anos perdidos, aliás, retrocesso
de quase 100 anos (a 1929), possam ser reparados desde já. Trata-se de um
processo de reconstrução nacional do qual os legítimos patriotas (não
patrioteiros) precisam se dar as mãos e, sem vaidades nem soberba, recolocar o
Brasil nos trilhos do verdadeiro progresso e da redenção nacional, da qual o
Povo Brasileiro é o verdadeiro protagonista, não os vendilhões de trinta moedas,
incompetentes e mal intencionados, que em quatro anos mostraram seu verdadeiro
caráter -- isto é, total falta de caráter.
Ahmad
Schabib Hany