“Alemanha acima de tudo”,
essência do nazismo
(Schabib Hany, professor de
História)
Frase-síntese
do totalitarismo nazista, a aparentemente patriótica e inocente consigna “Alemanha
acima de tudo” foi a ideia-força com que o Partido Nacional Socialista (nazista)
se consolidou nas mais diferentes camadas da sociedade alemã no período
entre-guerras do século XX até destruir significativa área da Europa e promover
um dos maiores genocídios da história.
Por
que uma frase patriótica como essa encarnaria o temido totalitarismo nazista? É
que por trás dessa inocente consigna está a alma do conjunto de conceitos e
desvarios que justificaram a ação nazista e o rastro de horror por ela deixado.
Se
pensarmos bem, o oposto de “tudo” é “nada”, portanto, quem não se enquadrar nessa
lógica é considerado um desgarrado na ótica de (sic) “porteira fechada” dos atuais cultores desse ideário que volta
a infestar com igual vigor e virulência de outrora, como se novidade fosse em
plena segunda década do século XXI.
Nem
novo, nem inocente.
O
“nacional socialismo”, aliás, foi uma esperteza para que o conjunto de
excrescências compiladas com frágil articulação entre si ganhasse um rótulo,
digamos, palatável – a eufonia necessária para uma cacofonia desfigurante, dominada
pelo primarismo maniqueísta – para pessoas pouco afeitas à leitura ou de mente
rasa, na tentativa de cooptar segmentos da classe média que haviam perdido seu
lugar ao sol na sociedade alemã do início do século XX.
O
“nacional” atendia ao apelo da pequena burguesia despojada pela guerra, e o “socialista”
para ludibriar setores do proletariado alijados do processo produtivo, também
conhecidos como “lúmpen proletariat” (proletariado parasita) das economias
colapsadas pelo caos sociopolítico.
Enquanto
patrões empobrecidos se irmanavam com os trabalhadores por um Estado forte,
resultado da união de todos em favor da Alemanha, os trabalhadores tinham a
ilusão de, finalmente, terem sua ascensão de classe promovida, no âmbito de uma
igualmente Alemanha forte, sob os auspícios do nazismo. Assim, em nome da
sobrevivência do Estado alemão, as classes se uniam numa só e lutavam contra o “inimigo
comum”.
Não
é demais recordar, para concluir, que os nossos pracinhas – os mártires brasileiros
da Força Expedicionária Brasileira (FEB) – sacrificaram suas próprias vidas
para extirpar do seio da sociedade pretensamente civilizada esse verdadeiro
câncer que teima em retornar menos de oitenta anos depois de ter sido
fragorosamente derrotado. Não há melhor homenagem à suas honradas memórias que
a rejeição a esse conjunto de ideias esdrúxulas recomposta sobre o sangue
inocente de milhões de anônimos seres humanos em toda a face da Terra.
PS: Texto feito a pedido de um Amigo muito querido. No entanto, recomendo os importantes artigos do Jornalista Luís Nassif no GGN, do blogueiro Rhangel Ribeiro no El Coyote, do Frei Görgen na Revista Fórum, entre outros portais e blogues.
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