sábado, 20 de outubro de 2018

"ALEMANHA ACIMA DE TUDO", ESSÊNCIA DO NAZISMO




“Alemanha acima de tudo”, essência do nazismo

(Schabib Hany, professor de História)

Frase-síntese do totalitarismo nazista, a aparentemente patriótica e inocente consigna “Alemanha acima de tudo” foi a ideia-força com que o Partido Nacional Socialista (nazista) se consolidou nas mais diferentes camadas da sociedade alemã no período entre-guerras do século XX até destruir significativa área da Europa e promover um dos maiores genocídios da história.

Por que uma frase patriótica como essa encarnaria o temido totalitarismo nazista? É que por trás dessa inocente consigna está a alma do conjunto de conceitos e desvarios que justificaram a ação nazista e o rastro de horror por ela deixado.

Se pensarmos bem, o oposto de “tudo” é “nada”, portanto, quem não se enquadrar nessa lógica é considerado um desgarrado na ótica de (sic) “porteira fechada” dos atuais cultores desse ideário que volta a infestar com igual vigor e virulência de outrora, como se novidade fosse em plena segunda década do século XXI.

Nem novo, nem inocente.

O “nacional socialismo”, aliás, foi uma esperteza para que o conjunto de excrescências compiladas com frágil articulação entre si ganhasse um rótulo, digamos, palatável – a eufonia necessária para uma cacofonia desfigurante, dominada pelo primarismo maniqueísta – para pessoas pouco afeitas à leitura ou de mente rasa, na tentativa de cooptar segmentos da classe média que haviam perdido seu lugar ao sol na sociedade alemã do início do século XX.

O “nacional” atendia ao apelo da pequena burguesia despojada pela guerra, e o “socialista” para ludibriar setores do proletariado alijados do processo produtivo, também conhecidos como “lúmpen proletariat” (proletariado parasita) das economias colapsadas pelo caos sociopolítico.

Enquanto patrões empobrecidos se irmanavam com os trabalhadores por um Estado forte, resultado da união de todos em favor da Alemanha, os trabalhadores tinham a ilusão de, finalmente, terem sua ascensão de classe promovida, no âmbito de uma igualmente Alemanha forte, sob os auspícios do nazismo. Assim, em nome da sobrevivência do Estado alemão, as classes se uniam numa só e lutavam contra o “inimigo comum”.

Não é demais recordar, para concluir, que os nossos pracinhas – os mártires brasileiros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) – sacrificaram suas próprias vidas para extirpar do seio da sociedade pretensamente civilizada esse verdadeiro câncer que teima em retornar menos de oitenta anos depois de ter sido fragorosamente derrotado. Não há melhor homenagem à suas honradas memórias que a rejeição a esse conjunto de ideias esdrúxulas recomposta sobre o sangue inocente de milhões de anônimos seres humanos em toda a face da Terra.

PS: Texto feito a pedido de um Amigo muito querido. No entanto, recomendo os importantes artigos do Jornalista Luís Nassif no GGN, do blogueiro Rhangel Ribeiro no El Coyote, do Frei Görgen na Revista Fórum, entre outros portais e blogues.

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