"SENHORAS E SENHORES CONSTITUINTES,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES! DOIS DE FEVEREIRO DE 1987. ECOAM NESTA
SALA AS REIVINDICAÇÕES DAS RUAS. A NAÇÃO QUER MUDAR, A NAÇÃO DEVE MUDAR,
A NAÇÃO VAI MUDAR. SÃO PALAVRAS CONSTANTES DO DISCURSO DE POSSE COMO
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE. HOJE, CINCO DE OUTUBRO
DE 1988, NO QUE TANGE À CONSTITUIÇÃO, A NAÇÃO MUDOU. A CONSTITUIÇÃO
MUDOU NA SUA ELABORAÇÃO, MUDOU NA DEFINIÇÃO DOS PODERES, MUDOU
RESTAURANDO A FEDERAÇÃO, MUDOU QUANDO QUER MUDAR O HOMEM CIDADÃO, E É SÓ
CIDADÃO QUEM GANHA SUFICIENTE SALÁRIO, LÊ E ESCREVE, MORA, TEM HOSPITAL
E REMÉDIO, LAZER QUANDO DESCANSA, NUM PAÍS DE TRINTA MILHÕES,
QUATROCENTOS E TRINTA E UM MIL ANALFABETOS, AFRONTOSOS VINTE E CINCO POR
CENTO DA POPULAÇÃO, CABE ADVERTIR: A CIDADANIA COMEÇA COM O ANALFABETO.
CHEGAMOS, ESPERAMOS A CONSTITUIÇÃO, COMO VIGIA ESPERA A AURORA. A NAÇÃO
NOS MANDOU EXECUTAR UM SERVIÇO: NÓS O FIZEMOS COM AMOR, APLICAÇÃO E SEM
MEDO. A CONSTITUIÇÃO CERTAMENTE NÃO É PERFEITA. ELA PRÓPRIA O CONFESSA
AO ADMITIR A REFORMA. QUANTO A ELA,
DISCORDAR, SIM;
DIVERGIR, SIM; DESCUMPRIR, JAMAIS; AFRONTÁ-LA, NUNCA! TRAIDOR DA
CONSTITUIÇÃO É TRAIDOR DA PÁTRIA! CONHECEMOS O CAMINHO MALDITO: RASGAR A
PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO, TRANCAR AS PORTAS DO PARLAMENTO, CERCEAR A
LIBERDADE, MANDAR OS PATRIOTAS PARA A CADEIA, PARA O EXÍLIO, PARA O
CEMITÉRIO. QUANDO, APÓS ANOS DE LUTAS E SACRIFÍCIOS, PROMULGAMOS O
ESTATUTO DO HOMEM, DA LIBERDADE, DA DEMOCRACIA, BRADAMOS POR IMPOSIÇÃO
DE SUA HONRA: TEMOS ÓDIO À DITADURA -- ÓDIO E NOJO! --, AMALDIÇOAMOS A
TIRANIA, ONDE QUER QUE ELA DESGRACE HOMENS E NAÇÕES, PRINCIPALMENTE NA
AMÉRICA LATINA! FOI A AUDÁCIA INOVADORA A ARQUITETURA DA CONSTITUINTE,
RECUSANDO ANTEPROJETO FORÂNEO OU DE ELABORAÇÃO INTERNA. O ENORME ESFORÇO
É DIMENSIONADO PELAS 61.020 EMENDAS, ALÉM DE 122 EMENDAS POPULARES,
ALGUMAS COM MAIS DE UM MILHÃO DE ASSINATURAS, QUE FORAM ELABORADAS,
PUBLICADAS, DISTRIBUÍDAS, RELATADAS E VOTADAS, DO LONGO TRAJETO DAS
SUBCOMISSÕES À REDAÇÃO FINAL. A PARTICIPAÇÃO FOI TAMBÉM PELA PRESENÇA,
POIS DIARIAMENTE CERCA DE 10 MIL POSTULANTES FRANQUEARAM LIVREMENTE AS
ONZE ENTRADAS DO ENORME COMPLEXO ARQUITETÔNICO DO PARLAMENTO À PROCURA
DOS GABINETES, COMISSÕES, GALERIA, SALÕES... HÁ, PORTANTO,
REPRESENTATIVO E OXIGENADO SOPRO DE GENTE, DE RUA, DE PRAÇA, DE FAVELA,
DE FÁBRICA, DE TRABALHADORES, DE COZINHEIRAS, DE MENORES CARENTES, DE
ÍNDIOS, DE POSSEIROS, DE EMPRESÁRIOS, DE ESTUDANTES, DE APOSENTADOS, DE
SERVIDORES CIVIS E MILITARES, ATESTANDO A CONTEMPORANEIDADE E
AUTENTICIDADE SOCIAL DO TEXTO QUE ORA PASSA A VIGORAR... COMO CARAMUJO,
GUARDARÁ PARA SEMPRE NAS COSTAS O BRAMIDO DAS ONDAS DE SOFRIMENTO,
ESPERANÇA, REIVINDICAÇÕES DE ONDE PROVEIO. NÓS, OS LEGISLADORES,
AMPLIAMOS NOSSOS DEVERES, TEREMOS DE HONRÁ-LOS. A NAÇÃO REPUDIA A
PREGUIÇA, A NEGLIGÊNCIA, A INÉPCIA. SOMA-SE À NOSSA ATIVIDADE ORDINÁRIA,
BASTANTE DILATADA, A EDIÇÃO DE 56 LEIS COMPLEMENTARES E 314 LEIS
ORDINÁRIAS. NÃO ESQUECEMOS DE QUE NA AUSÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR OS
CIDADÃOS PODERÃO TER O PROVIMENTO SUPLEMENTAR PELO MANDADO DE INJUNÇÃO.
TEM SIGNIFICADO DE DIAGNÓSTICO, A CONSTITUIÇÃO TERÁ LARGADO O EXERCÍCIO
DA DEMOCRACIA EM REPRESENTATIVA ALÉM DE PARTICIPATIVA -- É O CLARIM DA
SOBERANIA POPULAR INDIRETA, TOCANDO NO UMBRAL DA CONSTITUIÇÃO, PARA
ORDENAR O CAMPO DAS NECESSIDADES SOCIAIS. O POVO PASSOU A TER A
INICIATIVA DE LEIS. MAIS DO QUE ISSO, O POVO É UM SUPERLEGISLADOR,
HABILITADO A REJEITAR PELO REFERENDO PROJETOS APROVADOS PELO PARLAMENTO.
A VIDA PÚBLICA BRASILEIRA SERÁ TAMBÉM FISCALIZADA PELOS CIDADÃOS, DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA AO PREFEITO, DO SENADOR AO VEREADOR. A MORAL É O
CERNE DA PÁTRIA. A CORRUPÇÃO É O CUPIM DA REPÚBLICA. REPÚBLICA SUJA
PELA CORRUPÇÃO IMPUNE TOMA NAS MÃOS DE DEMAGOGOS QUE, A PRETEXTO DE
SALVÁ-LA, A TIRANIZAM! NÃO ROUBAR, NÃO DEIXAR ROUBAR, PÔR NA CADEIA QUEM
ROUBE, EIS O PRIMEIRO MANDAMENTO DA MORAL PÚBLICA. NÃO É A CONSTITUIÇÃO
PERFEITA: SE FOSSE PERFEITA, SERIA IRREFORMÁVEL. ELA PRÓPRIA, COM
HUMILDADE E REALISMO, ADMITE SER REFORMADA, REMENDADA, ATÉ POR MAIORIA
MAIS ACESSÍVEL, DENTRO DE CINCO ANOS. NÃO É A CONSTITUIÇÃO PERFEITA, MAS
SERÁ ÚTIL, PIONEIRA, DESBRAVADORA: SERÁ LUZ, AINDA QUE DE LAMPARINA, NA
NOITE DOS DESGRAÇADOS... É CAMINHANDO QUE SE ABREM OS CAMINHOS! ELA VAI
CAMINHAR E ABRI-LOS. SERÁ REDENTOR O CAMINHO QUE PENETRAR NOS BOLSÕES
SUJOS, ESCUROS, IGNORADOS DA MISÉRIA! A SOCIEDADE SEMPRE ACABA VENCENDO,
MESMO ANTE A INÉRCIA OU ANTAGONISMO DO ESTADO. O ESTADO ERA
TORDESILHAS. REBELADA, A SOCIEDADE EMPURROU AS FRONTEIRAS DO BRASIL,
CRIANDO UMA DAS MAIORES GEOGRAFIAS DO MUNDO. O ESTADO, ENCARNADO NA
METRÓPOLE, RESIGNARA-SE ANTE A INVASÃO HOLANDESA NO NORDESTE. A
SOCIEDADE RESTAUROU NOSSA INTEGRIDADE TERRITORIAL COM A INSURREIÇÃO
NATIVA DE TABOCAS E GUARARAPES, SOB A LIDERANÇA DE ANDRÉ VIDAL DE
NEGREIROS, FELIPE CAMARÃO E JOÃO FERNANDES VIEIRA, QUE CUNHOU A FRASE DA
PREEMINÊNCIA DA SOCIEDADE SOBRE O ESTADO: "DESOBEDECER EL-REY PARA
SERVIR A EL-REY." O ESTADO CAPITULOU NA ENTREGA DO ACRE, A SOCIEDADE
RETOMOU COM AS FOICES, OS MACHADOS E OS PUNHOS DE PLÁCIDO DE CASTRO E
DOS SEUS SERINGUEIROS. O ESTADO PRENDEU E EXILOU, A SOCIEDADE, COM
TEOTÔNIO VILELLA, PELA ANISTIA LIBERTOU E REPATRIOU. A SOCIEDADE FOI
RUBEM PAIVA, NÃO OS FACÍNORAS QUE O MATARAM... FOI A SOCIEDADE
MOBILIZADA NOS COLOSSAIS COMÍCIOS DAS DIRETAS JÁ E PELA TRANSIÇÃO E PELA
MUDANÇA DERROTOU O ESTADO USURPADOR. TERMINO COM AS PALAVRAS COM QUE
COMECEI ESTA FALA: A NAÇÃO QUER MUDAR, A NAÇÃO DEVE MUDAR, A NAÇÃO VAI
MUDAR! A CONSTITUIÇÃO PRETENDE SER A VOZ, A LETRA, A VONTADE POLÍTICA DA
SOCIEDADE RUMO À MUDANÇA... QUE A PROMULGAÇÃO SEJA O NOSSO GRITO: MUDAR
PARA VENCER! MUDA, BRASIL!..." (ULYSSES GUIMARÃES, 5 DE OUTUBRO DE
1988)
terça-feira, 23 de outubro de 2018
sábado, 20 de outubro de 2018
"A ALEMANHA ACIMA DE TUDO", ESSÊNCIA DO TOTALITARISMO NAZISTA
Fonte: Regis Gallo (2018)
“Alemanha acima de tudo”,
essência do totalitarismo nazista
Frase-síntese
do totalitarismo nazista, a aparentemente patriótica e inocente consigna “Alemanha
acima de tudo” foi a ideia-força com a qual o Partido Nacional Socialista (isto
é, nazista) se consolidou nas mais diferentes camadas da sociedade alemã no
período entre-guerras do século XX até destruir significativa área da Europa e
promover um dos maiores genocídios da história.
Por
que uma frase patriótica como essa encarnaria o temido totalitarismo nazista? É
que por trás dessa inocente consigna está a alma do conjunto de conceitos e
desvarios que justificaram a ação nazista e o rastro de horror por ela deixado.
Se
pensarmos bem, o oposto de “tudo” é “nada”, portanto, quem não se enquadrar nessa
lógica é considerado um desgarrado na ótica de (sic) “porteira fechada” dos atuais cultores desse ideário que volta
a infestar com igual vigor e virulência de outrora, como se novidade fosse em
plena segunda década do século XXI.
Nem
novo, nem inocente.
O
“nacional socialismo”, aliás, foi uma esperteza para que o conjunto de
excrescências compiladas com frágil articulação entre si ganhasse um rótulo,
digamos, palatável – a eufonia necessária para uma cacofonia desfigurante, dominada
pelo primarismo maniqueísta – para pessoas pouco afeitas à leitura ou de mente
rasa, na tentativa de cooptar segmentos da classe média que haviam perdido seu
lugar ao sol na sociedade alemã do início do século XX.
O
“nacional” atendia ao apelo da pequena burguesia despojada pela guerra, e o “socialista”
para ludibriar setores do proletariado alijados do processo produtivo, também
conhecidos como “lúmpen proletariat” (proletariado parasita) das economias
colapsadas pelo caos sociopolítico.
Enquanto
patrões empobrecidos se irmanavam com os trabalhadores por um Estado forte,
resultado da união de todos em favor da Alemanha, os trabalhadores tinham a
ilusão de, finalmente, terem sua ascensão de classe promovida, no âmbito de uma
igualmente Alemanha forte, sob os auspícios do nazismo. Assim, em nome da
sobrevivência do Estado alemão, as classes se uniam numa só e lutavam contra o “inimigo
comum”.
Não
bastavam a eloquência e a desenvoltura do bizarro arrebatador Adolf Hitler. Os
ideólogos nazistas precisavam contrapor-se de modo eficaz diante da difusão dos
ideais socialistas por conta da Revolução Soviética e do desgaste de partidos
tradicionais como a social-democracia, liberais e conservadores, sobretudo
depois da derrota sofrida pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial.
Num
ambiente de crise fundamentalmente econômica, política e social, o então
recém-constituído Estado alemão (afinal, as forças de Otto Von Bismark haviam
derrotado os seus inimigos havia aproximadamente cinquenta anos na emblemática
guerra franco-prussiana, passo determinante para a unificação alemã) vivia um
dilema atroz, existencial até, quando hordas de homens de baixa racionalidade e
elevado vigor físico eram espalhados como “protetores” da pátria, da
nacionalidade, num falso protagonismo popular pelo adestramento nazista sobre a
depauperada população alemã, ainda não refeita de sua primeira derrota bélica
de âmbito mundial, responsável pelo caos econômico e baixo moral reinante.
Além
de uma eficiente máquina de propaganda estruturada pelo célebre ideólogo
nazista Joseph Goebbels, a cúpula do partido nazista contava com qualificada
equipe de estrategistas oriundos da academia, da caserna e do mercado, num
funesto tripé cujo propósito era literalmente uma política de “terra arrasada”,
tal qual a guerra assim caracterizada.
O
binômio academia-caserna, aliás, foi determinante para definir o “inimigo
interno” a ser eliminado – sim, eliminado, pois não só a concepção como a
prática é totalitária –, manipulando a realidade de modo simplista e patrioteiro,
do tipo “quem estiver contra é inimigo, e precisa ser eliminado para o bem da
nação”.
Explicando
melhor o primarismo maniqueísta, mediante a redução da realidade a “bons”
contra “maus” – ou melhor, no vocabulário de hoje, os “do bem” contra os “do
mal” –, descaracterizou de tal maneira a variedade de legítimos interesses –-
obviamente muitas vezes conflitantes -–, que a mensagem simplista da perfeição
absoluta, messiânica, arrebatadoramente calou fundo nas almas tacanhas de
bizarros seres que povoavam o imaginário do povo alemão naquele contexto
histórico.
E
é bom que se diga que não foram só os alemães os atingidos: vieram nessa
avalanche arrebatadora italianos com o fascismo de Benito Mussolini, os espanhóis
com o franquismo do generalíssimo Francisco Franco e os portugueses com o salazarismo
de António Salazar.
Tal
qual pandemia a devastar populações, esse conjunto de estratégias mórbidas (que
não se pode denominar de “ideologia”, pois, a rigor, não tem qualquer propósito
edificante, dignificante da espécie humana para merecer este tratamento),
durante a chamada “guerra fria”, foi transplantado para a América Latina pela
superpotência ocidental que hoje ficou reduzida a um império decadente que
reluta a abrir mão de sua hegemonia absoluta sobre toda a humanidade. Em nome
dos valores democráticos, os Estados Unidos “generosamente” promoveu uma série
de ditaduras nas décadas de 1960 e 1970 com igual perfil: stroessnerismo no
Paraguai de Alfredo Stroessner, o banzerismo na Bolívia de Hugo Banzer e o
pinochetismo no Chile de Augusto Pinochet, além do Brasil, Argentina, Peru e
Uruguai, que não tiveram a personalização de seus comandantes, mas uma sucessão
deles.
Não
é demais recordar, a título de conclusão, que os nossos pracinhas -– os mártires
brasileiros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) –- sacrificaram suas
próprias vidas para extirpar do seio da sociedade pretensamente civilizada esse
verdadeiro câncer que teima em retornar menos de oitenta anos depois de ter
sido fragorosamente derrotado. Não há melhor homenagem à suas honradas memórias
que a rejeição a esse conjunto de ideias esdrúxulas recomposta sobre o sangue
inocente de milhões de anônimos seres humanos em toda a face da Terra.
Ahmad Schabib Hany
"ALEMANHA ACIMA DE TUDO", ESSÊNCIA DO NAZISMO
“Alemanha acima de tudo”,
essência do nazismo
(Schabib Hany, professor de
História)
Frase-síntese
do totalitarismo nazista, a aparentemente patriótica e inocente consigna “Alemanha
acima de tudo” foi a ideia-força com que o Partido Nacional Socialista (nazista)
se consolidou nas mais diferentes camadas da sociedade alemã no período
entre-guerras do século XX até destruir significativa área da Europa e promover
um dos maiores genocídios da história.
Por
que uma frase patriótica como essa encarnaria o temido totalitarismo nazista? É
que por trás dessa inocente consigna está a alma do conjunto de conceitos e
desvarios que justificaram a ação nazista e o rastro de horror por ela deixado.
Se
pensarmos bem, o oposto de “tudo” é “nada”, portanto, quem não se enquadrar nessa
lógica é considerado um desgarrado na ótica de (sic) “porteira fechada” dos atuais cultores desse ideário que volta
a infestar com igual vigor e virulência de outrora, como se novidade fosse em
plena segunda década do século XXI.
Nem
novo, nem inocente.
O
“nacional socialismo”, aliás, foi uma esperteza para que o conjunto de
excrescências compiladas com frágil articulação entre si ganhasse um rótulo,
digamos, palatável – a eufonia necessária para uma cacofonia desfigurante, dominada
pelo primarismo maniqueísta – para pessoas pouco afeitas à leitura ou de mente
rasa, na tentativa de cooptar segmentos da classe média que haviam perdido seu
lugar ao sol na sociedade alemã do início do século XX.
O
“nacional” atendia ao apelo da pequena burguesia despojada pela guerra, e o “socialista”
para ludibriar setores do proletariado alijados do processo produtivo, também
conhecidos como “lúmpen proletariat” (proletariado parasita) das economias
colapsadas pelo caos sociopolítico.
Enquanto
patrões empobrecidos se irmanavam com os trabalhadores por um Estado forte,
resultado da união de todos em favor da Alemanha, os trabalhadores tinham a
ilusão de, finalmente, terem sua ascensão de classe promovida, no âmbito de uma
igualmente Alemanha forte, sob os auspícios do nazismo. Assim, em nome da
sobrevivência do Estado alemão, as classes se uniam numa só e lutavam contra o “inimigo
comum”.
Não
é demais recordar, para concluir, que os nossos pracinhas – os mártires brasileiros
da Força Expedicionária Brasileira (FEB) – sacrificaram suas próprias vidas
para extirpar do seio da sociedade pretensamente civilizada esse verdadeiro
câncer que teima em retornar menos de oitenta anos depois de ter sido
fragorosamente derrotado. Não há melhor homenagem à suas honradas memórias que
a rejeição a esse conjunto de ideias esdrúxulas recomposta sobre o sangue
inocente de milhões de anônimos seres humanos em toda a face da Terra.
PS: Texto feito a pedido de um Amigo muito querido. No entanto, recomendo os importantes artigos do Jornalista Luís Nassif no GGN, do blogueiro Rhangel Ribeiro no El Coyote, do Frei Görgen na Revista Fórum, entre outros portais e blogues.
Assinar:
Postagens (Atom)