Assombrações do obscurantismo
Roberto Campos Neto, Arthur Lira et caterva são, sim, herança maldita do inominável e do golpe de 2016-2018, em que Eduardo Cunha, Romero Jucá, Aéreo Never, Augusto Heleno, Eduardo Vilas Boas, Sérgio Etchegoyen, Deltan Dallagnol, Sérgio Moro e seus padrinhos desembargadores de Porto Alegre são parceiros.
A extenuante batalha pela aprovação da Medida Provisória da Reforma Ministerial do Presidente Lula dá a mostra precisa do campo minado em que se transformou a política brasileira depois do golpe em série de 2016 a 2018. Contra a Presidenta Dilma Rousseff, Eduardo Cunha, Romero Jucá e Aéreo Never trouxeram para seu centro gravitacional golpista os mais desprezíveis personagens saídos dos esgotos do submundo do fascismo mais cínico, travestido de ‘patriotismo’.
Oriundo do baixo clero, cujo representante apoteótico foi o execrável Eduardo Cunha e sua sanha contra Dilma e o Estado de Direito, Arthur Lira se aliou ao inominável e assim ganhou um poder que foi além da presidência da Câmara, ao gerir o nefasto ‘orçamento secreto’ para avalizar um desgoverno genocida e dar-lhe uma sobrevida inimaginável (além da tentativa frustrada de garantir ao palerma desmiolado um segundo mandato). Destituído de opção, o Presidente Lula precisou partir para o pragmatismo e sinalizou à sua base de apoio despejar seus votos em sua candidatura à reeleição na presidência da Câmara. Mas Lira não perde tempo, e o tempo todo atenta contra o governo, tal qual o seu mestre Cunha: criou a CPI do MST para acuar o atual governo, aprovou o PL do Marco Temporal a fim de afrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) e enxertou perversidades no projeto de reforma ministerial constante da primeira Medida Provisória do Presidente Lula, esvaziando ministérios como o dos Povos Originários e o do Meio Ambiente.
Lira tem as patas enterradas na lama da podridão do desgoverno miliciano, e com isso, igual o ‘finado’ Eduardo Cunha, tenta manter-se ‘blindado’. Não hesita em posar como ‘primeiro-ministro’ num país de tradição presidencialista. Não por razões democráticas e doutrinárias, como era o saudoso e insubstituível Doutor Ulysses Guimarães: ele não passa de uma hiena saída do esgoto do baixo clero, ávido de poder e de dinheiro, como aos poucos vão se evidenciando as pegadas de sua ‘escalada política’. Ao lado de outra herança maldita do inominável, o neto de Roberto Campos, guindado ao Banco Central pelo quase desertor hoje às voltas com o STF, constituem campo minado para impedir Lula, estadista reconhecido mundialmente, fazer de seu terceiro mandato um resgate das conquistas sociais para a imensa maioria da população brasileira.
Mas há outras assombrações que conspiram contra o Estado de Direito e a democracia que a sociedade civil levou décadas para conquistar. É o caso de um dos maiores porta-vozes da ratazana política brasileira, Romero Jucá, em cujo rastro muitos aliados do inominável surfam, sobretudo, na Região Norte do país. Também há o neto do grande democrata brasileiro, que ao lado de Ulysses dirigiu a Frente Democrática nos anos de chumbo, Tancredo Neves. Trata-se de Aéreo Never, o playboyzinho que por pura vaidade e ganância (além do vício) desonrou a memória do Avô cuja saída de cena na véspera de sua posse como primeiro presidente civil depois da ditadura ainda é um mistério neste país de tramas e tramoias das que até Deus duvida.
Pivô da ‘primavera tropical’ enxertada pelos agentes da espionagem do império em franca decadência, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol et caterva (a republiqueta da ‘Leva Jeito’, do ‘cançei’, ‘mbl’ e ‘vem pra rua’ e assemelhados), como verdadeiros néscios -- movidos mais por sua vaidade que pela inteligência, que não têm --, a despeito de todos os holofotes e ‘efeitos especiais’ do pseudojornalismo das famiglias Marinho, Mesquita, Frias e Civita entre 2013 e 2019, encontram-se em franca dissolução. Depois de Urinol, mais dia, menos dia, será a vez do marreco de Maringá e de sua conja.
Dispensam apresentação: Augusto Heleno, ex-ajudante de ordens de Sylvio Frota, punido pelo general-presidente Ernesto Geisel por tentativa de golpe em 1977 contra o militar estadista que empreendeu a ‘distensão lenta, gradual e segura’ rumo à democratização; Eduardo Vilas Boas, que como comandante de sua força nomeado por Dilma Rousseff não hesitou em tramar contra ela e atentar contra o Estado de Direito ao subscrever um manifesto que afrontou a independência dos Poderes, um dos cânones da República, em nome de uma conjuração antidemocrática cujo saldo foi a ascensão do inominável e o desastre por ação/omissão ao longo de um período vergonhoso em que o país foi pária no concerto das nações e milhares de brasileiros perderam a vida injustificavelmente; Sérgio Etchegoyen, cujo comportamento autoritário e antinacional tem bases anteriores ao regime de 1964, de cujo período mais funesto, entre 1971 e 1974, seu tio e seu pai tiveram protagonismo registrado na história (o tio, coronel Cyro, era temido comandante da ‘Casa da Morte’, centro de tortura em Petrópolis, e o pai, Leo, assessor de Médici e comandante regional de sua força entre 1979 e 1982), tanto quanto seu avô, Alcides, que não só teve parte no golpe contra Washington Luiz em 1930, na conspiração contra Getúlio Vargas em 1954 e na tentativa de golpe contra os então recém-eleitos Juscelino Kubitschek e João Goulart em 1955, desarticulada pelo Marechal Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra (pasta equivalente à Defesa) legalista, depois candidato a presidente pela coligação PSD-PTB derrotada por Jânio Quadros em 1960.
É por essa razão que os verdadeiramente comprometidos com a defesa do Estado de Direito e com a Democracia pós-1988 no Brasil não devem (nem podem) ficar dando asas às especulações mesquinhas. Desde antes da posse do Presidente Lula os estrategistas e analistas políticos sérios vêm alertando que Lula tem desafios invisíveis para a maioria da sociedade: as minas deixadas não só pelo inominável, mas, sobretudo, pelo golpista mais cínico de todos os tempos, o ‘brimo’ temer (minúsculo, como sua alma indigna). É dele que partiu o leque de reformas constitucionais que vêm impedindo o atual governo de fazer seu projeto -- exequível e já comprovado -- se concretizar.
Não é ‘custo Brasil’, e muito menos ‘segurança jurídica’, o que trava Lula e seu sábio ministério da Frente Ampla (na verdade, de Reconstrução Nacional) devolver às imensas camadas populares as suas sagradas conquistas, de reaver a elevação do nível de vida já experimentado há menos de 10 anos. São as assombrações do obscurantismo, a herança maldita do inominável e do golpe em série de 2016 e 2018, as que vêm freando a retomada do crescimento, a distribuição de renda e o funcionamento pleno das políticas públicas sociais, sanitárias, educacionais, culturais, econômicas e tecnológicas neste país em que a casa grande foi transplantada do século XIX para os nossos dias pelas funestas mãos das elites canalhas, que não se envergonham de tanta indignidade.
Ahmad Schabib Hany
Um comentário:
eu acho que é o Licuranha ! método parecido, e amedrontamento...
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