Alvorecer
de um novo tempo
A despeito dos inúmeros atos ilegais
cometidos pela máquina do inominável para ganhar a qualquer custo, o Povo
Brasileiro decidiu, por uma honrosa diferença de quase três milhões de
eleitores, sair do apagão e se encontrar com a História. Enquanto raia o novo
tempo, os seres do atraso se refugiam no pandemônio que criaram nos sombrios
tempos que impuseram à maioria, sob o reino da mentira, pavor, intolerância e
ódio.
Nada como um dia depois do outro. Eis
que vemos, afinal, o Povo Brasileiro aliviado, a respirar os novos ares da
liberdade. Livres da opressão medieval, eivada de ódio, pavor, intolerância e
mentira, muita mentira. As hordas nazifascistas que tomaram de assalto o porvir
da Nação são viciadas na mentira e praticantes da hipocrisia: faça o que digo, não
o que faço.
Enquanto assistíamos à comemoração pela
vitória legítima e libertária do estadista vindo do povo que o Brasil levou 500
anos para oferecer à humanidade, a civilização cintilava altiva a redenção da
maior democracia do hemisfério sul. Por isso a maioria dos governos do planeta
de imediato enviou as congratulações protocolares ao presidente eleito Luiz
Inácio Lula da Silva e ao vice Geraldo Alckmin. Antes, o reconhecimento da
vitória lícita e inquestionável pelos presidentes do TSE, STF, Senado e Câmara
Federal.
Não por acaso, o governo do Egito
enviou em sua mensagem de congratulações também um convite para participar,
como sede da COP27 (a Conferência das Nações Unidas sobre o clima), como
personalidade convidada, porque o inominável abandonou oficialmente todas as
negociações desde 2019 e retirou o Brasil, país protagonista da Rio-92 (que fez
a Agenda 21), das negociações em defesa da conservação dos biomas -- como
Amazônia, Pantanal e Cerrado -- para evitar a trágica elevação da temperatura
no Planeta em mais de 2ºC (dois graus centígrados).
Sábio e sensato, o Presidente Lula,
só irá ao Egito na segunda semana do evento, quando serão acordados os
compromissos futuros, até para não constranger os servidores de carreira do
Itamaraty e do Ministério do Meio Ambiente, presentes em Sharm El-Sheik, a cidade sede da Conferência Mundial sobre o
Clima.
Da mesma forma, ao ser proclamada sua
vitória, soube reconhecer e atribuí-la às forças democráticas que corajosa e
altivamente se somaram à sua candidatura, algumas desde o primeiro turno. Como
não reconhecer o papel da senadora e ex-presidenciável Simone Tebet; da
ex-ministra Marina Silva; dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José
Sarney; dos senadores José Serra e José Aníbal; do ex-senador e presidenciável
Ciro Gomes; do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, dos economistas
autores do Real Pérsio Arida, Edmar Bacha e Pedro Malan, e dos ex-ministros do
STF Joaquim Barbosa, Nelson Jobim e Aires Marques?
Todos eles foram imprescindíveis e
fundamentais para assegurar a vitória da civilização sobre a barbárie; a
vitória da democracia sobre a tirania nazifascista. Tal qual Charles De Gaulle
no pós-guerra de 1945, o experiente Lula fará um governo de reconstrução, ou
seja, será um governo de composição em defesa do Estado Democrático de Direito,
e já tem dado sinais nesse sentido: coube ao vice-presidente eleito, Alckmin, a
coordenação da Comissão de Transição -- hábil, o estadista colocou seu companheiro
de chapa rumo à participação efetiva de seu futuro mandato. Mais que
sinalização ao mercado, ele vem sinalizando às instituições governamentais e à
sociedade civil seu compromisso de fazer um governo para todos os brasileiros,
direcionado ao concerto das nações.
O ‘mito’ na berlinda
Entrementes, as hordas, envoltas em
rituais de trevas, desvarios e ódio, experimentam o seu próprio veneno. Ao
atender à convocação da pretensa dinastia mitômana, causando verdadeiro caos e
prejuízos imensuráveis à já combalida economia do país, esses seres bizarros,
além de ridículos, colocam seu mito na berlinda: se não apoia é covarde traidor
e se os apoia ficarão patentes os crimes de prevaricação e de sedição, isto é,
de alta traição à pátria.
Ao ter jurado que cumprirá, respeitará
e defenderá a Constituição Federal e todas as leis infraconstitucionais durante
o exercício do mais alto cargo da República, ele jamais poderá estimular ou
aceitar qualquer ato ilícito de suas hordas. É evidente e consensual, no
entanto, que desde o primeiro dia ele instigou atos contrários ao Estado
Democrático de Direito, até por seu perfil desajustado desde os tempos da
caserna.
Dez anos atrás, as cenas que nos
remetem ao tempo medieval teriam sido inimagináveis. Como um ‘lobo solitário’
poderia ter-se transformado em líder inconteste de milhões de pessoas? Acontece
que, ao ser aberta a caixa de Pandora, durante o golpe de Eduardo Cunha, Aécio
e Temer contra a primeira mulher eleita e reeleita para a Presidência da
República, em 2016, os viúvos e órfãos da ditadura se rearticularam mais rápido
que os aprendizes de golpistas e, sempre em conluio com Sérgio Moro e a turma
da Leva Jeito, foi consumado o assalto das hordas ao futuro da nação.
Por que um parlamentar desqualificado
recluso à invisibilidade por décadas a fio poderia se tornar um líder
inconteste? Como uma sociedade complexa e moderna feito a nossa se deixou
contaminar por mentiras construídas sob as ruínas do nazifascismo embolorado, à
base do legado da repulsiva consigna de Joseph Goebbels, o homem da propaganda
de Adolf Hitler, de que ‘a mentira repetida muitas vezes se torna verdade’? A
base de tudo são as raízes escravocratas que ainda teimam em predominar na
mente de muita gente; o recalque, o desamor (ressentimento social), de boa
parcela da população, e o ranço do integralismo (versão brasileira do
nazifascismo) ainda presente entre nós.
A História (com letra maiúscula) se
encarregará de elucidar profundamente essas causas que, conjugadas, produziram o
monstro que colocou à prova a indiscutível grandeza de alma existente no seio
do Povo Brasileiro, que nada tem a ver com toda essa vergonha, esse vexame
colossal. Tanto que, quando convocado a se manifestar, expressou seu não
rotundo às hordas medievais e reafirmou seu compromisso com o Estado
Democrático de Direito, construído com generosidade e galhardia por todas as
parcelas da população, à exceção dos facínoras que ainda mantêm sórdidos
vínculos com a ditadura.
Ahmad
Schabib Hany
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