segunda-feira, 7 de novembro de 2022

ALVORECER DE UM NOVO TEMPO

Alvorecer de um novo tempo

A despeito dos inúmeros atos ilegais cometidos pela máquina do inominável para ganhar a qualquer custo, o Povo Brasileiro decidiu, por uma honrosa diferença de quase três milhões de eleitores, sair do apagão e se encontrar com a História. Enquanto raia o novo tempo, os seres do atraso se refugiam no pandemônio que criaram nos sombrios tempos que impuseram à maioria, sob o reino da mentira, pavor, intolerância e ódio.

Nada como um dia depois do outro. Eis que vemos, afinal, o Povo Brasileiro aliviado, a respirar os novos ares da liberdade. Livres da opressão medieval, eivada de ódio, pavor, intolerância e mentira, muita mentira. As hordas nazifascistas que tomaram de assalto o porvir da Nação são viciadas na mentira e praticantes da hipocrisia: faça o que digo, não o que faço.

Enquanto assistíamos à comemoração pela vitória legítima e libertária do estadista vindo do povo que o Brasil levou 500 anos para oferecer à humanidade, a civilização cintilava altiva a redenção da maior democracia do hemisfério sul. Por isso a maioria dos governos do planeta de imediato enviou as congratulações protocolares ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice Geraldo Alckmin. Antes, o reconhecimento da vitória lícita e inquestionável pelos presidentes do TSE, STF, Senado e Câmara Federal.

Não por acaso, o governo do Egito enviou em sua mensagem de congratulações também um convite para participar, como sede da COP27 (a Conferência das Nações Unidas sobre o clima), como personalidade convidada, porque o inominável abandonou oficialmente todas as negociações desde 2019 e retirou o Brasil, país protagonista da Rio-92 (que fez a Agenda 21), das negociações em defesa da conservação dos biomas -- como Amazônia, Pantanal e Cerrado -- para evitar a trágica elevação da temperatura no Planeta em mais de 2ºC (dois graus centígrados).

Sábio e sensato, o Presidente Lula, só irá ao Egito na segunda semana do evento, quando serão acordados os compromissos futuros, até para não constranger os servidores de carreira do Itamaraty e do Ministério do Meio Ambiente, presentes em Sharm El-Sheik, a  cidade sede da Conferência Mundial sobre o Clima.

Da mesma forma, ao ser proclamada sua vitória, soube reconhecer e atribuí-la às forças democráticas que corajosa e altivamente se somaram à sua candidatura, algumas desde o primeiro turno. Como não reconhecer o papel da senadora e ex-presidenciável Simone Tebet; da ex-ministra Marina Silva; dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney; dos senadores José Serra e José Aníbal; do ex-senador e presidenciável Ciro Gomes; do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, dos economistas autores do Real Pérsio Arida, Edmar Bacha e Pedro Malan, e dos ex-ministros do STF Joaquim Barbosa, Nelson Jobim e Aires Marques?

Todos eles foram imprescindíveis e fundamentais para assegurar a vitória da civilização sobre a barbárie; a vitória da democracia sobre a tirania nazifascista. Tal qual Charles De Gaulle no pós-guerra de 1945, o experiente Lula fará um governo de reconstrução, ou seja, será um governo de composição em defesa do Estado Democrático de Direito, e já tem dado sinais nesse sentido: coube ao vice-presidente eleito, Alckmin, a coordenação da Comissão de Transição -- hábil, o estadista colocou seu companheiro de chapa rumo à participação efetiva de seu futuro mandato. Mais que sinalização ao mercado, ele vem sinalizando às instituições governamentais e à sociedade civil seu compromisso de fazer um governo para todos os brasileiros, direcionado ao concerto das nações.

O ‘mito’ na berlinda

Entrementes, as hordas, envoltas em rituais de trevas, desvarios e ódio, experimentam o seu próprio veneno. Ao atender à convocação da pretensa dinastia mitômana, causando verdadeiro caos e prejuízos imensuráveis à já combalida economia do país, esses seres bizarros, além de ridículos, colocam seu mito na berlinda: se não apoia é covarde traidor e se os apoia ficarão patentes os crimes de prevaricação e de sedição, isto é, de alta traição à pátria.

Ao ter jurado que cumprirá, respeitará e defenderá a Constituição Federal e todas as leis infraconstitucionais durante o exercício do mais alto cargo da República, ele jamais poderá estimular ou aceitar qualquer ato ilícito de suas hordas. É evidente e consensual, no entanto, que desde o primeiro dia ele instigou atos contrários ao Estado Democrático de Direito, até por seu perfil desajustado desde os tempos da caserna.

Dez anos atrás, as cenas que nos remetem ao tempo medieval teriam sido inimagináveis. Como um ‘lobo solitário’ poderia ter-se transformado em líder inconteste de milhões de pessoas? Acontece que, ao ser aberta a caixa de Pandora, durante o golpe de Eduardo Cunha, Aécio e Temer contra a primeira mulher eleita e reeleita para a Presidência da República, em 2016, os viúvos e órfãos da ditadura se rearticularam mais rápido que os aprendizes de golpistas e, sempre em conluio com Sérgio Moro e a turma da Leva Jeito, foi consumado o assalto das hordas ao futuro da nação.

Por que um parlamentar desqualificado recluso à invisibilidade por décadas a fio poderia se tornar um líder inconteste? Como uma sociedade complexa e moderna feito a nossa se deixou contaminar por mentiras construídas sob as ruínas do nazifascismo embolorado, à base do legado da repulsiva consigna de Joseph Goebbels, o homem da propaganda de Adolf Hitler, de que ‘a mentira repetida muitas vezes se torna verdade’? A base de tudo são as raízes escravocratas que ainda teimam em predominar na mente de muita gente; o recalque, o desamor (ressentimento social), de boa parcela da população, e o ranço do integralismo (versão brasileira do nazifascismo) ainda presente entre nós.

A História (com letra maiúscula) se encarregará de elucidar profundamente essas causas que, conjugadas, produziram o monstro que colocou à prova a indiscutível grandeza de alma existente no seio do Povo Brasileiro, que nada tem a ver com toda essa vergonha, esse vexame colossal. Tanto que, quando convocado a se manifestar, expressou seu não rotundo às hordas medievais e reafirmou seu compromisso com o Estado Democrático de Direito, construído com generosidade e galhardia por todas as parcelas da população, à exceção dos facínoras que ainda mantêm sórdidos vínculos com a ditadura.

Ahmad Schabib Hany

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