Protelação
criminosa (ou Tarado por mortes)
Depois de 20 dias de vergonhosa
protelação, somente na antevéspera do Dia de Reis é que Queiroga e os lunáticos
que o comandam autorizaram a inclusão da população infantil. Com isso, a partir
de 15 de janeiro as crianças do País poderão ser vacinadas, tendo sua segunda
dose praticamente dois meses depois, isto é, desde março, quando as aulas já
terão começado.
Neste Dia de Reis, tínhamos nos determinado a
compartilhar uma homenagem ao Jornal que nas décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000
incomodou – ou, melhor, abalou – certos ‘paladinos’ da administração pública
regional e estadual com muito faro investigativo, originalidade e, sobretudo,
irreverência. Trata-se do combativo Diário
de Corumbá, cuja consigna é Um
jornal se mede pelas verdades que diz, adotado pelo saudoso Jornalista
Márcio Nunes Pereira do igualmente emblemático Jornal do Brasil da década de 1970 (época em que o saudoso
Jornalista Alberto Dines era seu editor). Reinaugurado pelo brilhante
Jornalista Carlos Paulo Pereira em 6 de janeiro de 1969 (data em que Márcio
comemorava seus 15 anos), o Diário de
Corumbá circulou, ainda que com imensas dificuldades, até a década de 2000,
tendo sido uma verdadeira escola de Jornalismo nas referidas décadas, como
provam os Jornalistas (com letra maiúscula) Adolfo Rondon, Edson Moraes, Montezuma
Cruz e Clarimer Meira Navarro, além dos saudosos Roberto Hernandes, Onésimo
Filho, José Jorcêne Martinez, entre tantos igualmente brilhantes.
Gostaríamos começar 2022 saudando a querida
memória do saudoso Amigo e incansável Companheiro Padre Pasquale Forin,
eternizado em 10 de janeiro de 2021 por causa da covid-19, bem como iniciativas
benfazejas, solidárias, enfim, de empatia e esperança. Mas como deixar de
registrar o absurdo que só lunáticos são capazes de protagonizar, como a, mais
que vergonhosa, criminosa protelação do início da vacinação da população
infantil, por meio da desgastadíssima figura patética de um médico que não
hesitou em rasgar seu diploma para agradar um ser insensível, desmiolado e perverso.
Quando a ANVISA autorizou a aplicação da versão
infantil da vacina da Pfizer, em 16 de dezembro, o cenário sanitário do Brasil
era menos crítico que hoje, agravado pelo surto epidêmico da gripe influenza e
sua variante H3N2 (que já causou mortes por todo o Brasil, inclusive Corumbá),
pela maior virulência da cepa Omicron do novo coronavírus (ainda um enigma em
relação às outras variantes) e o relaxamento igualmente criminoso de muitas
autoridades estaduais e municipais durante as festas de final de ano. Se não as
suas consciências, eventuais processos judiciais tirarão a aparente
tranquilidade e o sono dessas autoridades que fazem o jogo de negacionistas
travestidos de ‘empresários’.
Ainda bem que Corumbá tem a sorte de ter um gestor
da Saúde como Rogério Leite – e Mato Grosso do Sul um gestor estadual como
Geraldo Rezende –, cuja determinação no enfrentamento da pandemia tem sido digno
de registro. Precisa, apenas, determinar o aumento do número de testes para a
covid-19 oferecidos nas UBS (terças e quintas, para apenas cinco pessoas-dia).
São poucos os gestores que têm a coragem de enfrentar a pressão dos mais
diferentes setores, sobretudo empresarial, político e neopentecostal,
declaradamente determinados a combater as medidas de distanciamento social e os
protocolos de biossegurança. Na capital, Rezende foi acuado pelas hordas
negacionistas meses atrás, quando defendia a adoção do passaporte vacinal e foi
alvo de ofensas pessoais, o que revela a verdadeira índole desses ‘patrioteiros’
e sua autodeclaração de ‘cristãos’ (entre aspas, por favor).
Se isso fosse tudo, nesta quinta-feira, depois de
sua farra de final de ano (porque quem não trabalha, e ele só atrapalha quem
trabalha, não tem férias), chama os que tiveram coragem de se contrapor a ele e
defenderam a adoção da vacina infantil de ‘tarados por vacinas’ e, pior,
duvidando de sua idoneidade. Com ele sempre foi assim, nazifascista há décadas
que é, não argumenta nem contra-argumenta: só sabe xingar, ofender, atingir a
dignidade de quem pensa diferente dele. Tanto que seus séquitos (a partir de
Bia Kissis) divulgaram criminosamente dados pessoais dos pesquisadores que
participaram digna e corajosamente da tal audiência pública insólita que
derrotou a farsa plantada.
A propósito, o que mais temos visto desde 2016 foi
um bombardeio de mentiras atrás de mentiras. Dá para esquecer que o ‘mito’ se
valeu do cargo para espalhar tanta inverdade cabeluda, como se padecêssemos de
um mínimo de inteligência? Tanto que nestes dias, o Professor José Fernandes
(do Portal do José), por ocasião da ‘entrevista
coletiva’ (sic) em que um camarão foi
o centro das atenções, lembrou os desavisados a procurar na Bíblia um versículo
bastante revelador: João 8:44 (que conclui com “o Diabo é mentiroso, pai da
mentira”). O combativo Professor José prestou um grande serviço para
desmistificar os tais paladinos da verdade às avessas...
A bem da verdade, quem ele pensa cativar com
tantas aberrações? Enquanto tira férias sem merecer, o sul da Bahia e parte de
Minas Gerais (e agora outros estados, como Goiás, Tocantins, Pará e Maranhão)
vitimados pelos efeitos do fenômeno La Niña e das mudanças climáticas para cuja
intensificação seu desgoverno contribuiu com sua política do ‘passa boi, passa
boiada’. O Brasil vivendo uma nova onda de quase exaustão do SUS e ele na comilança,
a ponto de precisar de atenção médica exclusiva que uma boa parcela da
população brasileira não tem (e, pior, fazendo papel de autocomiseração, quando
ele como chefe de Estado deveria estar levando sua solidariedade a todos os que
vivem este drama, como nas demais nações do mundo em que elas acontecem).
Isso já está consignado nos anais da História. Seu
lugar, aliás, está reservado ao lado de figuras patéticas como Nero, Hitler,
Mussolini, Franco, Salazar, Pinochet, Stroessner, Banzer, García Meza e
similares. Uma vergonha para os que estufavam o peito em 2018, atribuindo as
mazelas sociais do País à ‘perversidade’ da esquerda brasileira, sobretudo ao
Partido dos Trabalhadores. Na verdade, tudo o que atribuíam ao PT foi praticado
com o maior acinte pelo ‘mito’ que eles idolatraram. Pior: o capitão que
fracassou na caserna conseguiu engolir seus blefes de campanha, como a ‘eliminação’
do centrão na política brasileira, seus atuais salvadores, pois só graças ao
centrão está sobrevivendo a tantas portas que o próprio fechou para si e os
seus...
Que fique, pelo menos, a lição para as futuras
gerações: na História, como na Vida, não há super-heróis nem ‘mitos’ que operem
‘milagres’. Para quem tem fé – ainda mais hoje, em meio a tanta adversidade
bestial –, sabe que milagres só podem ser operados pelo Divino, Criador, Ser
Supremo (qualquer que seja o nome, mas sagrado), e não por aventureiros
mentirosos que estão mais para satânicos que para qualquer divindade digna do
nome... Feliz 2022, Vida longa e muita saúde!
Ahmad
Schabib Hany
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