CUBA, A DIGNIDADE DE UM POVO DO TAMANHO DE SUA
ALTIVEZ
“Lo que brilla con luz propia, nadie lo puede acabar.
Su brilho puede alcanzar la oscuridad de otras cosas.”
Pablo Milanés (Canción por la
Unidad Latinoamericana)
Desde que
a trágica colonização se abateu sobre o continente batizado de americano, o
povo do território que foi chamado de Cuba, ainda no século XVI, nunca mais
conheceu a paz e a concórdia, mas o saque e a exploração até que a Revolução
Cubana de 1959 lhe assegurou soberania, dignidade, respeito e autoestima.
Piratas,
corsários e todas as corjas oriundas da Europa usavam o arquipélago cubano, no
Caribe, como base de apoio às suas aventuras.
No
genocida processo de colonização, os povos originários praticamente foram
extintos pelos espanhóis, e para explorar a mão de obra escrava e alimentar o
comércio negreiro, trouxeram aprisionados centenas de milhares de africanos,
que hoje constituem a maioria da população cubana.
Na dura
luta pela independência da Espanha, o povo cubano teve como líder o pensador,
jornalista e poeta José Martí, também chamado de “O Apóstolo”, mutilado em
pleno combate pelas tropas coloniais antes do fim da guerra pela independência,
em fins do século XIX.
É dele
este emblemático pensamento:
“A liberdade custa muito
caro e temos ou de nos resignar a vivermos sem ela ou de nos decidir a pagarmos
o seu preço.” (José Martí)
Mas seu
exemplo, resgatado pela Revolução Cubana, sequer foi honrado pelos sucessivos
ditadores, verdadeiros marionetes do “Grande Irmão do Norte” e demais representantes
dos interesses das empresas açucareiras e de orgias para a elite estadunidense,
na primeira metade do século XX.
Durante
praticamente duas décadas de luta contra o ditador Fulgencio Batista, mais um
fantoche dos interesses americanos em solo cubano, três jovens líderes de um
levante popular sem precedentes deram outro rumo à história do Povo Cubano:
Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto Che Guevara.
A ira da
elite entreguista cubana e os interesses do poder capitalista americano
tentaram de todos os meios silenciar a Revolução. Mas o Povo Cubano deu o apoio
necessário ao novo líder, Fidel Castro, e aos poucos foi se aproximando do
socialismo, em plena Guerra Fria.
No início
da década de 1960, com a participação de Che Guevara no governo revolucionário
cubano, os Estados Unidos tentaram uma invasão, mal sucedida e que custou caro ao
governo norte-americano, humilhado dentro de sua área de influência. O ponto
alto dessa tensão foi a crise do mísseis, quando a União Soviética enviou
mísseis para a defesa da ilha e os Estados Unidos tentaram repelir – segundo
alguns historiadores o episódio por pouco não foi o estopim de uma possível
terceira Guerra Mundial.
Desde
então, Cuba vive um terrível bloqueio econômico (um verdadeiro boicote
econômico que impede que as demais nações do continente negociem com o governo
da ilha), além de parte de seu território, a região de Guantánamo, ter estado
sob permanente ocupação militar estadunidense. Aliás, é lá onde atualmente se
encontra a abominável prisão que o governo dos Estados Unidos mantém desde 2001
aprisionadas as vítimas de sua propaganda terrorista contra os árabes: sem
qualquer processo formal, violando as mais elementares prerrogativas dos
Direitos Humanos e das convenções internacionais, os autoproclamados “paladinos
da democracia e dos direitos humanos” cometem toda forma de desumanidade, em
nome de uma ficção que eles mesmos criaram – a luta contra o “terrorismo”
(quando eles são os maiores terroristas).
Mesmo
acuada, Cuba não deixou de manter viva a chama da solidariedade socialista, e,
além de ter recebido jovens de todas as partes do mundo para frequentar suas
universidade, escolas profissionais e centros de excelência em diversas
atividades humanas, enviou suas missões humanitárias para vários continentes,
sobretudo África (Angola e Moçambique) e América Latina (Peru, Argentina,
Bolívia, Chile, Equador, Venezuela e mais recentemente Brasil).
Não por
acaso, Fidel Castro, ao lado de Jawaharlal Nehru (Índia), Gamal Abdel Nasser
(República Árabe Unida) e Josip Broz Tito (Iugoslávia) foram os protagonistas
do Movimento de Países Não Alinhados, que representou uma alavanca à luta dos
povos por sua libertação nacional, seja América, África, Ásia, Oceania e Europa.
Até para os conservadores, Cuba tem um sentido emblemático, ou, como os
camaradas baianos declararam na convenção de solidariedade anterior, “uma
terrível pedra no sapato, uma vez que é a demonstração real da superioridade
moral do socialismo”. E são eles que disseram que soube superar “as maiores
adversidades após o fim da União Soviética sem fechar um único hospital ou
escola e sem abrir mão da solidariedade internacional: menor taxa de
mortalidade infantil da América Latina, menor taxa de violência urbana,
analfabetismo zero, todas as crianças na escola, primeiro país do continente
americano a cumprir as metas do milênio segundo a ONU, melhor país da América
Latina e 30º do mundo para ser mãe, segundo a fundação inglesa Save the Children”.
Depois da
extinção da União Soviética, os trabalhadores do mundo e alguns governos
socialistas e anti-imperialistas passaram a colaborar com o Povo Cubano, mas o
mérito de sua heroica superação é deles, exclusivamente. Ao contrário da
insaciável propaganda enganosa do “grande irmão do norte” e de todas as iniciativas
terroristas estadunidenses de sabotar, cooptar e denegrir o Povo Cubano de
todas as formas, Cuba dá inequívocas provas de sua decisiva opção pelo
socialismo como real alternativa para a sociedade decadente e cada vez mais
fratricida do hediondo capitalismo, agora travestido de sociedade global, mas
sempre igualmente perverso, tirânico, excludente e mais que nunca intolerante e
explorador.
Por isso,
a solidariedade a Cuba e à dignidade de seu bravo e heroico Povo é
incondicional, fraternal, militante e, sobretudo, literalmente dialética:
proativo, criativo, palpitante, alegre, futurista e permanente – como a Vida –,
com a mesma convicção dos jovens que transformaram e transformam o mundo para
as novas gerações, e dos sábios anciões como Oscar Niemeyer que, do alto de
seus mais de cem anos, calou a boca dos milhões de cínicos “ex-socialistas”
arrependidos: “Enquanto houver uma só criança no mundo a morrer de fome, tenho
orgulho de ser socialista.”
Foi assim
como Chico Buarque verteu para o português o citado poema de Pablo Milanés:
A história é
um carro alegre cheio de um povo contente, que atropela indiferente todo aquele
que a negue.
É um trem
riscando trilhos, abrindo novos espaços, acenando muitos braços, balançando
nossos filhos.
Quem vai
impedir que a chama saia iluminando o cenário, saia incendiando o plenário,
saia inventando outra trama?”
(Pablo
Milanés e Chico Buarque, Canção para a Unidade da América Latina)
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