Para
não esquecer a Síria
A República Árabe da Síria foi
tomada por mercenários terroristas chamados pela mídia ocidental de ‘insurgentes’.
Embora muitos analistas comemorassem a saída honrosa dos sionistas no sul do
Líbano e a vitória da Resistência Libanesa na frente meridional pelos valentes
resistentes do Hezbollah, turcos e russos de novo traíram os árabes e rifaram
ao Estado sionista e à OTAN a Síria e, por tabela, todo o Eixo da Resistência
[Irã, Iraque, Síria, Iêmen, Líbano e Resistência Palestina].
Para não esquecer a Síria, cuja gênese republicana
se confunde com o pan-arabismo de Gamal Abdel Nasser, líder árabe laico e
nacionalista, entre 1954 e 1970. A República Árabe Unida (RAU), fundada por
ele, foi aos poucos se dissolvendo, tendo restado apenas e tão-somente a
República Árabe da Síria. Não há dúvida que o partido que dava sustentação ao
governo sírio desde os tempos de Hafez El-Assad, o BAAS, não tinha qualquer
similaridade com o partido de Nasser ou com o seu homônimo iraquiano, do
ex-líder iraquiano Saddam Hussein, ‘julgado’ por uma horda de mercenários
terroristas sob a maldita batuta do exército americano.
Mas desde a eternização
de Nasser, em setembro de 1970, era a Síria, com o seu Exército de
Dissuasão Árabe, que intervinha nos conflitos que ameaçassem a unidade
territorial de qualquer Estado árabe pelos tentáculos do ente sionista. O fim
da República Árabe da Síria era uma obsessão das potências ocidentais -- e
sobretudo do Estado sionista que se apossou da Palestina -- desde o fim da
União Soviética, pois era este Estado forte e com ogivas nucleares a lhe
assegurar a existência, bem como ao Iraque de Saddam Hussein e à Líbia de
Muammar Gaddafi.
Ou por que a ‘primavera
árabe’ [que nada tinha de ‘primavera’ e muito menos de ‘árabe’], em 2011, mirou a Síria e a submeteu
a uma guerra de invasão por mercenários ocidentais trazidos do Afeganistão,
Paquistão e Turquia? Além da destruição de um bastião árabe nas imediações da
Palestina Ocupada e do Líbano ultrajado, a ‘balcanização’ dessa porção do
chamado Oriente Médio pelo ocidente saqueador é um propósito alardeado por
ninguém menos que Benjamin Netanyahu, que desde sua primeira eleição defende ‘novo
Oriente Médio’ para saciar sua cobiça, compartilhada por seus malditos
cúmplices.
Até conseguirem.
Primeiro, subornando quase todos os generais e altos oficiais sírios [para que
despesas com canalhas, se agem como parasitas?], cujo moral estava baixo depois
de tantos bombardeios aos arsenais já deteriorados não apenas pelas bombas do
Estado sionista, como pelas invasões aéreas da OTAN e do Reino Unido. Tudo
combinado. Não satisfeitos, valeram-se da disseminação da intriga: puseram
russos contra iranianos e sírios para causar uma cisma, imperdoável a esta
altura da História. Mas o pior papel coube à Turquia, ex-metrópole por mais de
500 anos,
cuja intolerância e opressão causam até nossos dias ojeriza pelo obscurantismo
similar a todo o colonialismo europeu, de triste memória.
Perdoem-me a
sinceridade, mas ainda bem que nosso saudoso Amigo Ali El-Seher não viu e não
foi humilhado por estes tristes episódios. Também o saudoso Avô do estimado
Alle Yunes Solominy Neto foi poupado desta vergonha. Não teriam resistido ante
um vexame estonteante como este. Meu saudoso Pai também teria sucumbido, pois,
embora nascido em território libanês pré-1943, portanto, na Síria, cursou seu
fundamental e médio como interno em colégio sírio de Damasco entre 1927 e 1934,
e sempre que fora ao Líbano fizera questão de ir a Damasco e Cairo, onde começara
Filosofia na Universidade Al-Azhar, mas não colara grau por causa da eclosão da
Segunda Guerra Mundial, em 1939.
TRAIÇÃO, PURA TRAIÇÃO
Quando, dias atrás, os sionistas e aliados
ocidentais pediram cessar-fogo, numa clara demonstração de que haviam
reconhecido sua derrota em sete décadas de perversidades sob a proteção cínica
das potências ocidentais, não foram poucos os analistas a comemorar a vitória
dos combatentes.
Apesar de se tratar de heroico combate da Resistência
Libanesa e Palestina ante a absurda desproporção do poderio militar sionista --
aliás, o mais bem armado exército do planeta e, obviamente, o mais corrupto,
diga-se de passagem --, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os Estados
Unidos (EUA),
União Europeia (UE),
Reino Unido e Turquia armaram uma cilada para os combatentes do Eixo da
Resistência, sob a omissão conivente da Rússia e da China: o tiro de
misericórdia à República Árabe da Síria foi dado sob sanguinário combate promovido
por mercenários terroristas disfarçados de fiéis do ‘islã’ domesticados pelo
império ocidental por meio da sanha traidora da Turquia. Acuadas as forças
armadas sírias, já combalidas pelos intensos bombardeios ao longo da última
década e, sobretudo, no último ano com o genocídio em Gaza e depois no Líbano,
não conseguiram deter mercenários e armamentos de última geração, provavelmente
desviados da Ucrânia.
Em menos de duas semanas, a República Árabe da
Síria foi assaltada e acabou tomada por uma horda de mercenários financiados
pela Turquia, Estados Unidos e o Estado sionista, numa estratégia traçada pela
OTAN, até como tática para negociar a derrota na Ucrânia. Além de não enfrentar
à altura, com o devido profissionalismo que se espera de quem é pago para
defender o país (os oficiais do Exército Árabe da Síria), as mais altas patentes foram
‘neutralizadas’ [subornadas?] pelo império e seus sócios no afã fraturar e pôr
abaixo o Eixo da Resistência.
Não foram ‘vistas grossas’
da imprensa ocidental, que há muito deixou de ser imprensa para se transformar
em ‘puxadinho’ do Pentágono. Foi estratagema preparado pela OTAN para negociar
um cessar-fogo mais favorável para o ocidente na Ucrânia, sendo o Eixo da
Resistência moeda de troca, simples assim. E isso serve de alerta para o
Brasil, os BRICS, a América Latina toda (em particular Cuba, Nicarágua e
Venezuela), cujos governos ‘rebeldes’, ou insubmissos aos seus interesses, não
deram demonstração de ‘docilidade’ ante as ameaças propaladas a estes países.
O Presidente Lula, bem
assessorado pelo grande diplomata e ex-chanceler Celso Amorim, não errou
quando, habilidosamente, migrou sua estratégia de relações internacionais de
modo racional e objetivo. Não dá para contar com as chamadas potências ‘multipolares’,
pois, levadas por um pragmatismo -- aliás, o mesmo que levou ao fim da União
Soviética com o canalha Mikhail Gorbatchev, que o capeta o tenha levado --, mas
se esquecem que ao rifar a Síria, e por tabela a República Islâmica do Irã, as
duas potências ficam com a ‘quina’ exposta: quem irá afrontar o maldito império
decadente depois deste teatro de horrores, em que os falsos aliados não hesitam
em rifar seus aliados históricos, como a Síria?
MALDIÇÃO TURCA
Os mesmos turcos que oprimiram árabes cristãos e
muçulmanos durante 500 anos, durante o nefasto império turco-otomano
(entre meados do século XV e início do século XX), nas duas últimas semanas protagonizaram, sob os auspícios
nefastos do ocidente e asseclas da Arábia (caso particular dos Emirados Árabes
Unidos, Arábia Saudita e Jordânia),
operações militares de uma intolerância extrema, a ponto de serem registradas
execuções à luz do dia pelo agora ‘ocidentalizado’ mercenário Al-Julani, cuja cabeça
esteve a prêmio pela ‘bagatela’ de 10 milhões de
dólares, vivo ou morto, até o início deste mês.
Tudo não passou de teatro de horrores. Uma vergonha
para os árabes patriotas -- diferentes dos terraplanistas daqui, aqueles são
declaradamente anti-imperialistas --, que viram o maior exército árabe se
dissolver como um comprimido de antiácido em um copo de água. Sim, como árabe
sinto vergonha dos falsos reinos, sultanatos e emirados árabes, bem como dos
demais governos árabes traidores. Os últimos a resistirem são Argélia, até por
aí, e o Iêmen, mas apenas com os hutis, pois os palacianos são outros
vendilhões.
Sim, para não esquecer a Síria. Esses malditos
seres já estupraram o Líbano, Iraque, Líbia, Egito e tantos outros países
árabes. Agora, cínica e acintosamente, destroem à luz do dia tudo que resta da
Síria, sobretudo a sua História, sua Cultura e sua Dignidade, encarnada em seus
cidadãos altivos e combativos. Benjamin Maldito Netanyahu, esse calhorda com o
DNA de Hitler, comemora o sangue derramado em toda a Arábia. Mas, tenham
certeza, os árabes, feito fênix a renascer das cinzas, saberão retomar seu
histórico destino, sem ódio ou recalque, como tantas vezes já se demonstrou na
História. E que fique claro para os desavisados do rebanho de bajuladores do
império decadente: enquanto houver um só árabe na face da terra seu império
está com os dias contados, leve o tempo que levar.
A paz mundial começará na Palestina, trilhará por
toda a Arábia histórica e se consolidará na América Latina dos grandes
Estadistas, como o nosso Presidente Lula, que haverá de superar com vigor seu
problema de saúde, como retirante que venceu as adversidades mais diversas
pelos seus Irmãos, pelos que clamam por vez e voz, dentro e fora do Brasil.
Alvíssaras, alvíssaras, temos História!
Ahmad
Schabib Hany
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