quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Mata-a-Jato: por que Moro e Dallagnol escolheram Bolsonaro para 2018


Mata-a-Jato: por que Moro e Dallagnol escolheram Bolsonaro para 2018

Lava Jato, nada; é mata-a-jato, mesmo. O ódio destilado, digo, defecado com requintes de crueldade pelos teclados virtuais das redes sociais entre membros daquilo que um dia foi chamado de (sic) república de Curitiba é demonstração cabal de que a usina dos mais retrógrados e perversos pensamentos disseminados nos últimos anos no País tem como epicentro dois caipiras que se valeram das conquistas republicanas da Constituição de 1988 para orquestrar o estratagema que ceifou a nossa jovem democracia.

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, ambos chegados à vida pública mediante concurso público, exorbitaram de suas funções para prevaricar e delinquir em nome do combate à corrupção. Transformados em paradigmas de uma nova ordem institucional pelos milhões de recalcados e preconceituosos que não podem ver pobre feliz com o pouco que as inéditas, mas tímidas, políticas compensatórias dos governos de Lula e Dilma promoveram. Vaidosos e medíocres contaram, obviamente, com o meticuloso planejamento e eficiente assessoria dos chefetes do império, por meio de seu Departamento de Justiça, cooptando, treinando e até doutrinando servidores públicos, religiosos fundamentalistas e arremedos de empresários, além das viúvas da (mal)ditadura de 1964.

Hoje, graças às revelações impactantes da Vaza Jato, do Jornalista Glen Greenwald e parceiros, está sendo possível resgatar momentos determinantes da história recente do Brasil. Somente um trabalho de fôlego como o da equipe do The Intercept Brasil e colaboradores para pôr a Nação de volta aos trilhos da lucidez. O que até três meses atrás era rotulado de “teoria da conspiração” ficou constatado a ponto de pasmar os mais experientes analistas do submundo da política. Somente no período entre 1968 e 1974 tivemos algo que beirasse tamanha barbárie, mas de forma explícita, e com tanques e a cavalaria nas ruas.

Não por acaso dois fundamentalistas -- um da Opus Dei (católico) e outro neopentecostal (evangélico) -- se incumbiram da execução de um projeto de tamanha sordidez, parcialmente concluído com a eleição inimaginável de um tresloucado destituído dos mais comezinhos atributos para a prefeitura de uma currutela, quanto mais ao cargo mais elevado de um país de dimensões continentais como o Brasil. Três fantoches, na verdade, descerebrados, teleguiados por experientes funcionários de uma potência em franco processo de decadência, que desesperadamente teima em resistir à inexorabilidade da história. Edward Snowden, ex-parceiro de Greenwald, já provara com o vazamento da espionagem feita a diversos governos pela NSA (Agência de Segurança Nacional, estadunidense), mas o serviço de inteligência brasileiro preferiu fazer literalmente vistas grossas.

Recordando um querido professor de Língua Portuguesa e de Literatura da década de 1970, o saudoso Professor Otaviano Gonçalves da Silveira Junior, que certa feita nos advertiu: “Um tolo sempre encontra um mais tolo que o admira.” Pois é, Professor Otaviano, os dois caipiras da republiqueta de Curitiba, na plena certeza de que seu estratagema duraria décadas -- e eles poderiam vir a ser sucessores do energúmeno que escolheram para eleger sob a aura do combate à corrupção (oito vezes três são vinte e quatro) --, até por esperteza, pinçaram o tresloucado, assim eles seriam inúmeras vezes mais qualificados (e “bonitinhos”) que o fantoche estreante. Muy amigos...

Como não há crime perfeito (e eles sempre souberam disso), a casa começa a cair. E, pior, de fora para dentro: de modo flagrante, indisfarçável, peremptório. Não adiantou comprar o silêncio da rede “Gloebbels” de manipulação, da rede evangélica do “bispo” Macedo e das demais, com o intuito de não deixar repercutir as denúncias do The Intercept Brasil, como que não existissem (lembrando a censura dos mais tétricos momentos dos anos de chumbo). Não só a popularidade do capitão, como do ex-juiz e do ainda procurador desabam junto com a sua credibilidade.

Que a indignação coletiva não lhes seja leve, de modo que retornem à sua insignificância, da qual jamais deveriam ter saído...

Ahmad Schabib Hany

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