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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
ATÉ SEMPRE, PASCOAL GALEANO!
ATÉ SEMPRE, PASCOAL GALEANO!
Pascoal
Sotero Galeano. Alma grande. Mais, gigante. Generoso e bem-humorado, o tempo
todo. Incansável, lutador, não desistia da lide dura e intensa, sempre de bem
com a Vida. Conseguia ser pai e mãe. Sem nunca ter reclamado. Quem teve a honra
de conhecê-lo, sabe que até nos momentos mais difíceis, lá estava ele
espirituoso, impassível e tranquilo.
Grato,
sempre solícito, despediu-se da Vida em pleno sono, privilégio de poucos... Seu
semblante tranquilo nos dá essa certeza. Enquanto viveu -- uma existência
própria para quem traz essa marca de trabalhador incansável, porque não tinha
feriado, final de semana, férias: era trabalho em tempo integral --, estava a
postos, desafiando, bem-humorado, uma jornada que parecia não ter fim.
Viveu
intensamente. Bom Filho, desses com letra maiúscula. Pai igualmente
superlativo. Paizão, na verdade: as pouquíssimas vezes que o vi chorar o motivo
era sempre o mesmo -- não gostava de se despedir das filhas, dos filhos, como
pai-coruja que sempre foi. Nem quando o time dele, o Vasco, perdia, ele sofria
como quando tinha que despedir de um de seus filhos.
Cuidadoso,
deixou todos os filhos e filhas encaminhados. Cada um, cada uma, em sua
profissão, em sua realização. Até porque todos eles trazem a marca indelével da
garra, da luta e da alegria infindável com a qual ele soube enfrentar as
maiores adversidades desta Vida. Ele sabia que filho e filha dele têm tudo para
vencer na Vida e dar bom exemplo aos netinhos e netinha que teve o prazer e a
alegria de conhecer e curtir...
Quando
o conheci, nos idos de 1980, ele trabalhava no setor de vendas daquela famosa marca
de refrigerantes. Jovem, ainda com vinte e poucos anos, lá vinha ele em seu
imponente caminhão vermelho, com seu sorriso estampado no rosto. Nessa época eu
trabalhava com meus saudosos Pais, na hospedaria com a qual nos formaram, e a
jovem que lá trabalhava, assim que o via chegar, já vinha com seu café para
servi-lo, num tratamento exclusivo ao “rapaz da... (marca de refrigerante)”.
Aliás, por conta desse charme, viveu intensamente três casamentos, três
companheiras com as quais soube construir responsavelmente uma única família,
sólida e amada.
Seu
bom-humor, beirando a irreverência, marcava sua passagem por tudo que
empreendeu. Mais que uma característica de personalidade, era a sua essência.
Quando o reencontrei, duas décadas depois, ele era mototaxista. Quatro da
manhã, já estava pegando sua moto e iniciando sua jornada, sob chuva ou frio
intenso. Não me lembro de tê-lo visto reclamar... Deixou a profissão, não sem
abrir mão de protestar, por causa da burocracia, tendo-se recusado a se submeter
a novo processo de concessão de licença, como tantos colegas pioneiros na
atividade.
Antes
de se dedicar ao turismo de pesca em Porto da Manga, onde se eternizou,
trabalhou duro, intensamente, na produção de chipa, arte que aprendeu com Dona
Carmen, sua Mãe e companheira de chimarrão todas as manhãs em que estava em
Corumbá. Com Seu Mário, o Pai e comandante aposentado da Bacia do Prata, a
parceria era no preparo da peixada, arte em que também era mestre. Aliás, sua
generosidade iniciava e se estendia exatamente na arte de alimentar e bem
acolher todos, sem distinção.
Mais
que Irmão mais velho de minha Companheira, um Amigo que a Vida se encarregou de
dar – e subitamente tirar. Na manhã de domingo, dia 3 de janeiro, quando chegou
a fatídica notícia de seu encantamento, essa marca do agora saudoso Pascoal foi
espontaneamente testemunhada numa prosa de meus dois pequenos. “Que pena que
Tio Pascoal não vai fazer aquela carne gostosa (churrasco)”, dizia Sofia ao
Omar (outro vascaíno), que respondeu: “Agora nós não vamos poder ir ao Porto da
Manga...” Não só era um Paizão, mas um Tio inesquecível, um Avô daqueles que
ficam gravados para a Vida toda...
Só não valeu, Pascoal, ter furado a fila... Pessoas como Você tinham que ficar no mínimo 100 anos, para tornar a Terra um planeta melhor! Até sempre, e obrigado por ter existido.
Ahmad Schabib Hany
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
Tereza Cristina, mais uma corumbaense fazendo história, ao lado de Wega, Cármen e Graziela
Tereza
Cristina, mais uma corumbaense fazendo história, ao lado de Wega, Cármen e
Graziela
A procuradora de Justiça Tereza
Cristina Maldonado Katurchi Exner, empossada no dia 16 de janeiro, se torna a
primeira corregedora-geral da história do Ministério Público de São Paulo, numa
sucessão de conquistas e respeito granjeado entre seus pares. É mais uma digna
integrante da seleta plêiade de cidadãs que ousaram transformar a sociedade por
estarem à frente de seu tempo, ao lado das igualmente corumbaenses -- a artista
plástica Wega Nery, a arquiteta e urbanista Cármen Velasco Portinho e a
botânica Graziela Maciel Barroso --, que homenageamos em fevereiro de 2018, e a
que hoje acrescentamos a historiadora e professora Eunice Ajala Rocha (nascida
em Cáceres), a ativista cultural e professora Heloísa Urt (nascida em Ladário),
a artista plástica, chargista e poeta Marlene Terezinha Mourão (a querida
Peninha de todos os traços, nascida em Coxim) e a querida e saudosa cidadã e ativista
do SUS Gabriela Soeiro (nascida em Guajará-Mirim, Rondônia).
Foi
indescritível e gratificante haver tido a honra de testemunhar, semanas atrás,
a alegria incontida de um digno cidadão de 92 anos, invejavelmente lúcido e protagonista
da história e de seu tempo, como o Senhor Jorge José Katurchi, ao acompanhar,
ainda que à distância, a solenidade de posse da filha, Procuradora de Justiça
Tereza Cristina Maldonado Katurchi Exner, como a primeira mulher na
Corregedoria-Geral do Ministério Público de São Paulo.
Não
que seus filhos, os queridos Amigos José Eduardo e Mário Márcio, não fossem
igualmente amados e admirados por tão generoso Pai (desses com letra
maiúscula), mas por meio da vitória retumbante da única filha mulher que, além
da retidão e do gosto pelo trabalho comum a toda a sua família, muito bem
amalgamou o vigor e a determinação da saudosa Senhora Anna Thereza de Copacabana
Rondon Maldonado Katurchi e a cordura e cosmopolitismo do Senhor Jorge Katurchi.
Tendo
sido da última geração de promotores de Justiça a ingressar no Ministério
Público de São Paulo antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, a
Constituição Cidadã, a Procuradora Tereza Cristina desde logo se posicionou
pela efetivação das conquistas recém consignadas na Carta Constitucional fruto
da sagrada pugna pelas liberdades democráticas. Toda a sua trajetória tem sido
marcada por um posicionamento democrático e em favor da emancipação cidadã, no
mais amplo sentido. Obviamente, seu prestígio entre seus pares é fruto de um
comportamento inclusivo, transformador e de reafirmação do Estado Democrático
de Direito, como se constata na reportagem da “Folha de S.Paulo” na edição que
repercute sua eleição triunfal para a Corregedoria-Geral do Ministério Público
de São Paulo, em novembro de 2018.
Longe
de qualquer excesso, a Procuradora Tereza Cristina Katurchi Exner se sagrou
integrante com merecimento da plêiade de mulheres corumbaenses à frente de seu
tempo ao protagonizar uma trajetória não só profissional, mas cidadã. Ao lado
das grandes corumbaenses que escreveram uma nova história da sociedade
brasileira e, sem exagero, da humanidade. Entre elas, a talentosa artista
plástica Wega Nery, que enveredou por escolas de arte inovadoras e compartilhou
com expoentes das artes pelo mundo todo, além de ser a mãe do grande Jornalista
Tão Gomes Pinto, companheiro de ofício e aventuras do genial Jornalista Mino
Carta desde os bons tempos da “Veja”, “IstoÉ”, “Jornal da República”, “Senhor”,
“IstoÉ/Senhor” e “CartaCapital”; a revolucionária arquiteta e urbanista Carmen
Velasco Portinho, que não se limitou a lutar pela emancipação da mulher como cidadã
plena e a promover a formação de suas irmãs, mas foi a primeira arquiteta e
urbanista brasileira, responsável pelo primeiro programa de habitação popular
do Brasil, quando o Rio de Janeiro era o Distrito Federal; e a incansável
botânica de grandes horizontes Graziela Maciel Barroso, não só primeira bióloga
brasileira, mas protagonista de um pioneirismo ímpar como cientista à frente de
seu tempo, como quando identificou 25 variedades de grandes árvores que levam
seu nome ou orientou 50 mestrandos e 15 doutorandos ao longo de uma vigorosa
vida acadêmica, tardiamente iniciada pela época em que viveu e pelas
responsabilidades de mãe e esposa a partir dos 16 anos de Vida.
A
Procuradora Tereza Cristina tem ainda a companhia de outras mulheres
extraordinárias, com as mesmas características de sua saudosa progenitora, a
querida Dona Anna Thereza, inclusive nascida em Cáceres e corumbaense por opção
como ela, que foi a saudosa Professora Eunice Ajala Rocha -- mais que viúva de
um aguerrido vereador que entrou para a história, Edu Rocha, pesquisadora responsável
pela perenização de importantes ícones do patrimônio cultural e histórico do
Pantanal, a viola de cocho, o siriri, o cururu e a festa de São João --, pioneira
também no resgate do legado dos afrodescendentes em Corumbá. A Professora
Heloísa Helena da Costa Urt, querida e saudosa Helô, é outra grande mulher que,
nascida em Ladário, fez com que Corumbá e a mulher pantaneira aquinhoassem
respeitáveis conquistas no campo da cultura e da cidadania, sobretudo no contexto
do patrimônio cultural imaterial, tendo tomado a iniciativa de registrar a
festa do banho de São João, o cururu, o siriri e a viola de cocho como
importantes características da cultura popular pantaneira.
A
ativista social Gabriela Soeiro, a querida e saudosa Dona Gaby, nascida em
Guajará-Mirim (Rondônia), chegada ainda jovem à Corumbá da década de 1950, é
outra das grandes mulheres que fazem de Corumbá um verdadeiro celeiro de
cidadania, pois, além de ter sido protagonista de uma história fantástica como
provedora e matriarca de uma família de vencedores, já em idade madura, depois
de sobreviver a uma doença mutiladora, foi a responsável pela efetivação de
direitos das pessoas ostomizadas, ao percorrer o estado por mais de uma década
assegurando qualidade de vida e direitos a pessoas que, como ela, precisaram
conviver com alguma forma de ostomia. Finalmente, a artista plástica e
professora Marlene Terezinha Mourão, a querida Peninha, nascida em Coxim e que
felizmente continua entre nós, além de imortal criadora de Maria Dadô, a melhor
expressão da mulher pantaneira, é poeta, escritora, artista plástica e
professora de cidadania de diversas gerações.
Dessa
forma, em minha modesta opinião, a Procuradora Tereza Cristina Katurchi Exner,
discreta mas efetiva protagonista de uma história emancipadora não apenas da
mulher, como de toda uma cidadania que clama por efetivação de direitos,
constitui-se na realização dos anseios de uma população sedenta de justiça, de
direitos e sobretudo de conquistas. Sua conquista é, por todas essas e tantas
outras razões, para ser celebrada pelos que, como o querido Seu Jorge Katurchi,
acreditam e generosamente amam a Corumbá de todos os povos e todos os sonhos,
porque a História, essa com letra maiúscula, não é escrita com atas e
cerimoniais, mas construída cotidianamente por protagonistas que ousam
transformar a realidade para que as gerações futuras possam usufruir o fruto
desse pioneirismo.
Ahmad Schabib Hany
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