SOMOS TODOS PADRE JÚLIO LANCELLOTTI
Vem repercutindo pesarosamente a transferência para local ignorado do Padre Júlio Lancellotti, sacerdote católico muito conhecido pela emblemática missão a que há décadas se dedica com a população de rua da Cidade de São Paulo.
Por essa razão, estamos divulgando uma campanha de apoio à sua permanência na Paróquia da qual ele é titular, onde desenvolve diversas atividades solidárias e caritativas -- no sentido cristão da palavra --, que consiste no envio de mensagem coletiva ou individual para o Arcebispo de São Paulo, Dom Odílio Scherer, cujo correio eletrônico institucional é chancelaria@arquisp.org.br , deixando cópia da mensagem para divulgação.
MENSAGEM DA JORNALISTA DENISE RIBEIRO,
voluntária da Biblioteca Wilma Lancellotti
Nesta segunda-feira uma notícia estarrecedora deixou sem chão os católicos progressistas e todos os que admiram o trabalho da Pastoral Povo da Rua: dom Odílio Scherer, arcebispo de São Paulo, transferiu o padre Júlio Lancellotti da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde ele atua há 40 anos. Para onde? Ninguém sabe.
Que motivos levariam dom Odílio a tomar decisão tão drástica em pleno final de ano? Que forças ocultas levariam o arcebispo a abrir mão de um homem dedicado a cuidar sem descanso da população mais vulnerável da cidade?
O fato é que na quarta-feira passada, dia 10 de dezembro, padre Júlio recebeu uma carta assinada por dom Odílio comunicando sua transferência e, também, sua decisão de proibir o padre de fazer uso das redes sociais. Também foi vedada a transmissão online de suas missas dominicais, acompanhadas por católicos de todo o Brasil e do exterior. Com seu discurso poderoso, padre Júlio deixava sempre explícita sua defesa das pessoas invisibilizadas pela sociedade - aquelas em situação de rua e também a população LGBTQIA+. E isso, claro, incomoda muita gente.
Por que dom Odílio, que em abril se aposenta, se dá ao trabalho de impedir o trabalho do padre Júlio numa paróquia que nunca foi cobiçada por ninguém? Será que a visibilidade, a autoridade e a popularidade do padre Jùlio causam tanto ciúmes, ira, inveja, a ponto de o arcebispo determinar que em janeiro ele já não esteja mais ocupando o lugar que sempre foi dele por direito e por trabalho diário? Será que suas recentes manifestações em favor do povo palestino o prejudicaram? Será que católicos incorporadores imobiliários e políticos de direita pressionaram para que ele desocupe a área?
As hipóteses são inúmeras. O fato é que o povo em situação de rua não pode abrir mão do carinho do padre e de sua equipe, que prestam um trabalho dos mais humanistas no trato de nossos irmãos sem voz nem vez.
Pedimos publicamente que dom Odílio reveja sua decisão autocrática e mantenha padre Júlio em sua paróquia. Esperamos que católicos de todo o Brasil se unam em favor do padre, que também se encontra em idade avançada, mas tem coragem de sobra para persistir em sua luta.
Seu último projeto, a Biblioteca Wilma Lancellotti, na rua Sapucaia, no Belém, vem fazendo um trabalho lindo, oferecendo literatura e rodas de conversa para seu público alvo: justamente as pessoas em situação de rua. O que acontecerá com ela, que acabou de ser inaugurada e hoje reúne cerca de 3 mil volumes doados?
Queremos padre Júlio falante, pleno, guerreiro como sempre foi, à frente da sua paróquia, distribuindo café da manhã e atendendo às necessidades de quem não tem onde morar. Tirá-lo de lá é de uma crueldade sem limites e um desrespeito com todos aqueles que o apoiam.
Denise Ribeiro, jornalista e voluntária da Biblioteca Wilma Lancellotti
Denise Ribeiro, jornalista
55 11 99201 5756
MENSAGEM DO OBSERVATÓRIO DA CIDADANIA DOM JOSÉ ALVES DA COSTA
PARA O ARCEBISPO DE SÃO PAULO
Ao tempo em que saudamos V.Excia. Revma., dirigimo-nos humildemente para manifestar nosso apoio incondicional ao Padre Júlio Lancellotti, cuja emblemática obra tivemos a honra de conhecer por meio de voluntários durante a plenária conclusiva da Segunda Semana Social Brasileira em julho de 1994, em Brasília, oportunidade em que estiveram presentes os saudosos Dom Mauro Morelli -- então presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, CONSEA -- e o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho -- idealizador e coordenador da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, criador da Campanha Contra a Fome no governo do ex-presidente Itamar Franco.
Em razão de estar em curso mais uma campanha difamatória e ultrajante contra a missão humanitária empreendida há décadas pelo Padre Júlio Lancellotti na cidade de São Paulo e, mais grave, contra a sua dignidade humana -- ao insinuar de que se encontra destituído de suas faculdades mentais --, hipotecamos em nome do Observatório da Cidadania Dom José Alves da Costa, espaço público não estatal remanescente da Ação da Cidadania situado em Corumbá, Mato Grosso do Sul, nosso apoio incondicional e solidário ao experiente e sábio sacerdote que faz de sua missão instrumento de corajosa caridade, sobretudo pelas Vidas que, com sua generosidade e dedicação abençoadas, protege e valoriza.
Exemplo a ser seguido, o Padre Júlio Lancellotti é uma inspiração para todos nós que atuamos à luz do legado de caridade vívida e efetiva. Somos testemunhas sinceras da dimensão cristã e cidadã de sua obra única em toda a América Latina, tamanhas as frentes de ação que empreende em condições adversas e desumanas, instigadas por poderosíssimas personalidades ligadas ao neopentecostalismo fundamentalista e seu braço político com forte ranço totalitário.
Valemo-nos, outrossim, da oportunidade para manifestar nossos sinceros e profundos votos de um Feliz e Santo Natal em que a Esperança e a Fraternidade sejam renovadas e fortalecidas ao longo de todo o Ano Novo, sob as bênçãos de Deus.
Fraternalmente,
Schabib Hany
Membro da Coordenação Colegiada
Observatório da Cidadania Dom José Alves da Costa
Corumbá - Ladário / MS
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