O VIGÉSIMO QUARTO ASSALTO
Pouco mais de quatro décadas atrás, o
incansável Jornalista Mohamad Heikal – o egípcio que, como assessor do
estadista Gamal Abdel Nasser registrou momentos únicos da história
contemporânea do Oriente Médio sob a liderança laica e lúcida de um socialista
moreno (no dizer do não menos lúcido Leonel Brizola) – batizava de “Terceiro
Assalto” sua obra-testemunho sobre a maior derrota sofrida pelos árabes desde
que os sionistas do mundo inteiro, na esteira do holocausto cometido na Europa
por europeus que usavam o discurso da “superioridade racial” como pretexto para
promover a barbárie, se instalaram avassaladora e impunemente na pátria milenar
do também milenar Povo Palestino.
Valemo-nos, pois, deste termo
contundente para denunciar o ódio, o acinte, o ranço, a soberba cínica, de
funcionários públicos sobejamente remunerados pelo erário para, apenas e
tão-somente, cumprir a lei – e jamais se sobrepor a ela –, como temos visto
reiteradamente nos últimos anos, depois que Luiz Inácio Lula da Silva, um
retirante de alma peregrina que a história guindou ao papel de estadista da
maior democracia do planeta, se tornou referência no hemisfério, melhor, na
Terra e na alma do(a)s cidadão(ã)s e amantes da emancipação do proletariado, e
dos povos oprimidos em todos os quadrantes do mundo.
E, pior, em conluio com uma imprensa
preconceituosa e ardilosamente mentirosa, sonegadora de impostos e
explicitamente corrupta, vem a público repudiar a animosidade que provocou
deliberada e irresponsavelmente com sua iniciativa, e ainda querer advertir
quem discordar de seu proceder fascistoide como quem conspirasse contra valores
democráticos que o próprio desconhece por ação ou omissão, ou talvez por conta
da ideologia que cultiva certa predileção pelos camisas-negras de algum fürer
ou duce extemporâneo.
Não esqueceremos. Nunca nos
intimidaremos. Jamais recuaremos. Sexta-feira, 4 de março de 2016. Impunemente,
não mais que impune e acintosamente, nossa jovem democracia foi humilhada,
aviltada, amealhada, estuprada. A arrogância e o ódio de classe de uma geração
de ex-concurseiros envaidecidos pela (sic)
meritocracia que sequer conheceu a (mal)ditadura e o(a)s que corajosa e
generosamente ousaram construir o Estado Democrático de Direito puseram, arrogantemente,
a perder o patrimônio maior de todo(a)s o(a)s brasileiro(a)s, e não apenas de
funcionários públicos bem pagos para desempenhar suas atribuições a rigor, sem
abusos nem excessos.
Feriram, sim, de morte – apunhalaram,
ou melhor, defenestraram, bem ao estilo inquisitorial, de triste memória – o
digno legado de homens e mulheres altivos e corajosos como Rubem Paiva, Ulysses
Guimarães, Bertha Lutz, Heloneida Stuart e Cristina Tavares, cujas vidas em
nada se assemelham às dos ridículos camisas-negras de vozes ensaiadas e
terninhos justinhos, dadores de epítetos bisonhos, a fim de demonstrar uma
erudição que qualquer computador já sepultou por conta da cultura da web.
Qual é a sua grandeza, seres
infelizes, mal-amados, arremedo de atores canastrões do tempo do macarthismo
delirante! Peçam desculpas por existir! Farsantes, obtusos, cínicos! A alma
democrática da cidadania nada lhes deve, além da indiferença e o desprezo, como
o que a vida cobrou de seus originais, Filinto Müller e amos, do outro lado do
hemisfério. Devolvam-nos o direito à emancipação, à esperança e ao protagonismo
que a história nos legou. E recolham-se à sua desprezível insignificância,
retornem ao seu peçonhento ninho sibilino, do qual jamais deveriam ter saído!
Ahmad Schabib
Hany